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Uma pesquisa feita pela UFF em quatro praias de Niterói encontrou dois problemas graves em suas areias: microplástico e superbactérias. O estudo, que faz parte do projeto “Orla limpa, orla viva”, apontou uma relação entre esses dois microelementos, que podem causar graves problemas à saúde.
As bactérias estavam entre as primeiras formas de vida na Terra, e estão presentes em praticamente todos os ecossistemas. A maioria não causa nenhum problema à saúde dos humanos, entretanto há também bactérias que representam riscos à saúde. Já microplásticos são um corpo estranho no meio ambiente e podem causar diversos problemas. O que o departamento de Biologia Marinha da UFF encontrou é uma relação problemática entre os dois, em quatro praias muito frequentadas de Niterói.
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Para entender melhor os riscos, o A Seguir: Niterói conversou com o vice-coordenador da pesquisa, o professor Henrique Fragoso, sobre o que são superbactérias, quais problemas podem causar e o que pode ser feito para evitá-las.
Professor, o Departamento de Biologia Marinha encontrou superbactérias nestas quatro praias de Niterói. O que vocês encontraram lá?
Nós focamos em duas praias que são banhadas pela Baía de Guanabara (Icaraí e São Francisco), por ser um ambiente mais poluído, e em duas na Região Oceânica (Piratininga e Itaipu). E nelas, encontramos microplástico com bactérias resistentes a antibióticos.
Qual a diferença de uma bactéria para uma superbactéria?
Uma superbactéria é a bactéria que resiste a diversos antibióticos. Então, se ela causar uma doença em um humano, ela não vai ter tratamento.
Vocês já sabem que bactérias são, e quais os riscos para as pessoas, que doenças podem transmitir?
A técnica que a gente usa mostrou milhares de espécies de bactérias presentes. E vimos um número razoável de bactérias patogênicas.
Nessa técnica, analisamos os genes, e vimos genes resistentes a antibióticos. Tem grande probabilidade de ter bactérias que causam doenças em humanos e outros animais, mas ainda não sabemos quais.
Quais os sintomas elas causam, e que tratamentos podem ter?
Os sintomas são comuns a doenças bacterianas. A diferença é que, quando você toma um antibiótico, você geralmente é curado. Quando a doença é por superbactéria, ela não vai responder ao antibiótico.
Quem frequenta essas praias pode então ficar doente? Quais os riscos?
O problema principal é o microplástico, que carrega a bactéria. Uma pessoa pode se infectar através do contato com a pele, ou por uma ferida.
A maioria das bactérias que a gente observou não vai te deixar doente, mas se tiver uma pessoa com um sistema imunológico enfraquecido, ela pode pegar as superbactérias e ficar muito doente. Ou ser saudável, pegar, e levar pra alguém que tenha um problema de saúde, e essa pessoa ficar doente.
O que o poder público pode fazer? E as pessoas, os banhistas, como podem se prevenir?
É um alerta para o poder público pra melhorar a limpeza das praias. Mas o microplástico, por ser muito pequeno, ter menos de 5 milímetros, precisa de uma técnica melhor pra capturar.
Existem metodologias que estão começando [a ser usadas], viáveis de serem aplicadas. Mas elas estão muito no começo.
Vocês pretendem continuar investigando as bactérias que encontraram?
Nós vamos aprofundar a pesquisa, ela está no início. Essa pesquisa, que faz parte do “Orla limpa, orla viva”, é resultado da dissertação de mestrado de uma aluna da Biologia Marinha, a Emily Magalhães. É um esforço para entender problemas locais e tentar resolvê-los. A gente publica artigos que são importantes pra tentar entender. Vamos continuar estudando.
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