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Cinco motivos para ir pedalando para o trabalho em Niterói

Por Amanda Ares
| amanda_soares@id.uff.br

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Entrevistamos pessoas que adotaram o hábito e falaram dos principais motivos para trocar o carro e o ônibus pela bicicleta
Trocar o carro ou ônibus pela bicicleta para ir trabalhar tem uma série de benefícios. Foto: Amanda Ares
Trocar o carro ou ônibus pela bicicleta para ir trabalhar tem uma série de benefícios. Foto: Amanda Ares
Todos os dias, a assistente comercial Rita de Cássia (45 anos) saía cedo, por volta das 7h, para pegar um ônibus cheio e  ir trabalhar. Com a pandemia, a moradora do Engenho do Mato percebeu que seria muito menos sacrificante e bem mais seguro se ela pudesse fazer o percurso sozinha. Foi quando decidiu trocar de vez o ônibus cheio, onde disputava um lugar, pela sua bicicleta, para fazer o percurso de 4,5km para ir e para voltar da loja onde trabalha, na Avenida Central. Agora, mesmo com as duas doses da vacina contra a Covid no braço, Rita não quer outra coisa, e explica os motivos:
– Sempre tive vontade de ir pro trabalho pedalando. Com a pandemia, e o risco de pegar ônibus megalotado, assumi a bicicleta. Estou há oito meses pedalando, eu faço mais ou menos 9 km, ida e volta, todo dia. Pra mim foi ótimo. É uma fisioterapia e um exercício. Na academia onde eu ia, todos tiveram Covid, e aquilo me deu um pânico, então eu resolvi continuar pedalando. São 15 minutos todo dia, e isso ajudou muito na minha disposição. Está me ajudando muito.
 
Ela acabou influenciando o marido, que fora o futebol de sábado, não era fã de se exercitar. Agora eles pedalam toda manhã:
 
– Meu marido passou a pedalar também, todo dia ele faz um roteirozinho e vai pedalar, e no fim de semana, a gente pega a parte da manhã e vai pedalar.
Rita adotou a bicicleta como meio de transporte diário para ir trabalhar. Foto de leitor
O estudante de Educação Física e personal trainer freelancer Daniel Soares (26) também tem muitos motivos para ter adotado a magrela como meio de transporte oficial. Ele faz trajetos diferentes todos os dias, para atender os alunos que moram em diferentes bairros de Niterói, e para pegar a barca para um estágio, em um clube no Rio. Ele optou por investir em uma bicicleta urbana, em vez de gastar com a passagem:
 
– Eu gastava muito pra ir à faculdade, em torno de R$ 260 por mês. Agora, vou de bicicleta. Eu moro no Fonseca, e pedalo Niterói inteira, por aqui, pro Cubango, Icaraí… em um dia cheio, pedalo uns 15 km, 20 km. O único lugar pra onde não vou de bicicleta é pro estágio, que é no Humaitá, à noite. Mas ainda vou dar uma de maluco e tentar fazer, porque eu prefiro ela ao ônibus, porque eu não gasto dinheiro e ganho muito tempo. 
Daniel mostra a bicicleta em que usa diariamente para ir aplicar treinos e ir ao estágio. Foto: Amanda Ares

Daniel e Rita têm uma rotina muito diferente, mas encontraram na bicicleta uma solução comum para diversos aspectos do dia a dia, só pelo fato de a usarem para ir e vir do trabalho. A partir das entrevistas, o A Seguir: Niterói listou cinco motivos pelos quais a bicicleta pode ser uma boa pedida no lugar do transporte público ou do carro para ir e vir ao trabalho:

 

1o Poupar tempo: A hora do rush, em que as ruas costumam estar mais congestionadas, aumenta o desgaste do dia útil, e faz com que o trabalhador já comece sua rotina cansado do tempo no trânsito. A volta não é diferente. Segundo o aplicativo Google Maps, para quem sai da barca e pega um ônibus para o Fonseca, por exemplo, o tempo de tráfego dentro do ônibus é de 30 a 35 minutos. De bicicleta, esse trajeto se reduz para 22 minutos.*
*Previsão do aplicativo Google Maps feita às 18:45 do dia 06/10 (4a feira). Print da tela
2o É bom para o coração: Um estudo publicado em 2016 pela Associação Americana do Coração (AHA) acompanhou 45 mil pessoas entre 50 e 65 anos, e descobriu que as que utilizavam bicicleta para ir ao trabalho todos os dias tinham de 11% a 18% menos chances de sofrerem um ataque cardíaco. Isso com apenas meia hora de pedalada leve por semana.
 
Outro, publicado em 2017 pelo Instituto de Salud Global de Barcelona (ISGlobal), concluiu que pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte têm menos chances de desenvolverem problemas de saúde relacionados ao estresse do que aquelas que usam transporte público e dirigem carro.
3o. Respeito ao meio ambiente:
 
Uma pessoa que more na Avenida Central, como Rita, e vá de carro para o trabalho no Centro do Rio percorre 42,5 quilômetros. Fazer esse trajeto em um carro de porte médio, modelo 1.5 a 2.0, movido à gasolina, significa emitir 121 quilos de CO2 por mês. Isso representa quase uma tonelada e meia por ano, só para ir e voltar do trabalho. O cálculo é da Calculadora de CO2 do Instituto Brasileiro de Florestas.
 
Mesmo que o ônibus seja uma alternativa mais ecológica do que o carro, ele ainda causa uma grande pegada ecológica. Movidos à diesel, anualmente cada coletivo que circula por Niterói deixa 115 toneladas de CO2 na atmosfera.
Coletivos emitem 115 toneladas de CO2 por ano. Mais bicicletas nas ruas podem diminuir a demanda por mais ônibus. Foto: Amanda Ares
A Prefeitura planeja trocar 10% da frota dos coletivos por modelos elétricos, diferentes dos movidos à diesel que circulam atualmente, até 2024, o que significa que trocar toda a frota por veículos que não emitam metano e dióxido de carbono ainda vai levar algum tempo.
4o Economia: 
Posto da Jansen de Melo cobra R$ 7,70 pela gasolina. Foto de leitor
Encher o tanque de gasolina em Niterói em novembro já está R$ 127 mais caro do que em janeiro deste ano. O litro do combustível está girando em torno de R$ 7,22 nos postos da cidade. Se a distância do trajeto até o trabalho, ou pelo menos até as barcas, é viável para ir pedalando, trocar as quatro rodas por duas pode fazer a diferença no fim do mês.
Para quem é autônomo, trabalha de forma informal ou não recebe vale transporte, a magrela também representaria uma economia. A passagem dos ônibus municipais está custando R$ 4,05. Para alguém que sai 6 dias na semana, são menos R$194,40 no fim do mês. Daria para fazer a manutenção de uma bicicleta por alguns meses.
5o – Niterói tem 46 km de ciclovias e ciclofaixas, e o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Niterói prevê que até 2024 haja 120 quilômetros de ciclovias na cidade. A ideia da Coordenadoria Niterói de Bicicleta, ligada à Secretaria de Mobilidade e Urbanismo, é criar condições para que mais pessoas se sintam seguras em pedalar pela cidade, não só por esporte, mas no dia a dia.
Para quem trabalha no Rio e precisa pegar a barca, há o Bicicletário Arariboia bem ao lado da estação, com 446 vagas, que também devem ser ampliadas em breve. Nas embarcações também há espaço para levar a magrela consigo. Com uma média diária de 500 passageiros com bicicleta, a CCR instalou mais bicicletários, que agora podem ser encontrados nas embarcações Gávea, Ingá, Urca e Neves.
Bicicletários na proa da embarcação Ingá II. Foto: CCR Barcas

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