14 de novembro

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Centro cultural terá cinema e curso de teatro para alunos da rede pública de Niterói

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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A Scuola di Cultura, em São Francisco, começou com teatro e expandiu para diversas vertentes da arte
Scuola di Cultura
Instituto já conta com ginástica rítmica, aquarela, cerâmica, hip hop, escrita criativa, entre outras atividades. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um espaço que respira arte por todos os poros. A não verticalização do conhecimento, o acesso democrático a diversas vertentes da arte – entendida como força motriz da criatividade, da criação de espaços e camadas. Tudo isso constitui um pouco do conceito “Arte para viver melhor”, premissa do Scuola di Cultura, instituto cultural que funciona na Avenida Presidente Roosevelt, 1063, em São Francisco. A relação com a Itália passa pelo viés do idioma. Fabrizio Sassi é filho de italiano e mantém um laço muito estreito com sua família. Seus filhos já estudaram no país e muito da filosofia do instituto é inspirada em uma rede de ensino da Itália.

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Ginástica rítmica, tecido acrobático, hip hop, musicalização infantil, teatro, interpretação para vídeo, cerâmica, desenho e aquarela, costura, instrumentos musicais, curso de italiano, produção textual e escrita criativa. Esses são alguns dos cursos regulares que o instituto oferece. Há também os workshops, que podem ser variados de acordo com a demanda. A ideia é promover a circulação da arte de forma livre, de acordo com a demanda.

Exposições, degustação de vinho, rodas de leitura, debates, coral, ensaios fotográficos também fazem parte dessa grande rota cultural. As possibilidades são múltiplas e o intuito é justamente quebrar ideias pré- concebidas de que algo pode funcionar ou não. O caminho é a experimentação e esse é o convite que Fabrizio faz.

Projeto Raízes. Foto: Reprodução/Instagram

O A Seguir: Niterói conversou com o Fabrizio Sassi, engenheiro e filho de italiano, que relatou as propostas do instituto. Ele conta que o espaço foi criado muito sob a perspectiva da transformação da arte e dos espaços que ela pode percorrer.

– A gente sai do efeito manada, onde todos fazem a mesma coisa. A arte nos tira desse lugar porque ela ativa nosso senso crítico. Às vezes uma pessoa fala que quer aprender piano, mas nunca tentou violão. É a ideia da imersão através da experimentação. E é uma espiral positiva, né? Você tem uma experiência boa, percebe o que está acontecendo, e você mesmo tem autonomia para decidir se aquilo faz sentido ou não. É uma evolução própria – explica.

Gravações para o espetáculo “Conta Pra Mim, Canta Pra Mim, BABI”. Foto: Reprodução/Instagram

Arte transversal

A experimentação é a palavra chave que dá norte ao principal propósito da Scuola. Enquanto conversava com Fabrizio, uma professora de ginástica rítmica dava as instruções para um grupo de alunas, ávidas pelo conhecimento. A trilha sonora ditava os rumos do espetáculo visual. Um pouco antes, em uma sala de música, uma aluna tirava algumas canções no piano num estado de paciência que poderia incomodar os mais apressados. Na sala ao lado, um grupo de quatro mulheres bordava e costurava, tomadas pelo bom humor e pela simpatia. E um pouco antes disso tudo acontecer, uma aula de produção textual chamava a atenção dos ouvintes mais curiosos.

Aula de bordado e costura. Foto: Livia Figueiredo

– A gente não pode ser só linear. A vantagem de trabalhar em diversas áreas da arte é promover as curvas, os desvios. Um olhar diferente. Tem uma coisa muito interessante no teatro que é a pausa dramática. A pausa é a ausência da fala. Quando você está fazendo um desenho, você também está trabalhando a sombra. No tecido acrobático, você também trabalha a forma. É sobre a elasticidade do tecido, a marca que ele deixa no pé – pontua.

Tecido acrobático. Foto: Reprodução/Instagram

Expansão

Nos próximos meses, a casa será ampliada sob a filosofia de espaços multidimensionais. O novo ambiente contará com um deck e uma área dedicada a projeções para cinema ao ar livre. A previsão é que a obra seja finalizada em dois meses. Outra novidade será a qualificação de alunos da rede pública de ensino para apresentação no Theatro Municipal. No fim do ano, o Scuola promoverá também o primeiro festival de teatro musical de Niterói, próximo a já tradicional mostra de produções artísticas dos alunos do instituto que acontece, de forma simultânea, todo início de dezembro. Está programado também um workshop de interpretação da canção.

Oficina artística onde são realizadas aulas de cerâmica, desenho, aquarela e workshops. Foto: Livia Figueiredo

– O teatro é uma das vertentes que estamos trabalhando mais profundamente. A ideia é desenvolver o ecossistema do teatro. A gente quer profissionalizar as crianças da rede pública de ensino. O objetivo não é só interpretar, mas promover aulas de iluminação, cenário e figurino. Os bastidores que envolvem um espetáculo. O evento de encerramento vai contar com a presença de atores profissionais no Theatro Municipal. Isso tem muita potência e gera muito valor – completa.

Já no mês de maio um edital será aberto para promover a seleção das escolas. Para garantir a segurança, será montado um esquema de transporte de ida e volta com monitoramento. O curso será gratuito.

Atividades coletivas

Naturalmente, a pandemia da Covid-19, que se alastrou por dois anos, fez com que o centro cultural se reestruturasse. As atividades migraram para o ambiente virtual: peças, ensaios e até experiências em teatro 360° eram transmitidos online. Os cursos foram retomados de forma gradual, com máscara, álcool em gel, distanciamento e ventilação dos ambientes. Essa nova dinâmica criou uma demanda reprimida do retorno ao presencial, que só foi possível de ser realizado no fim de 2021, com o avanço do calendário de vacinação.

Ensaio de uma peça teatral. Foto: Reprodução/Instagram

Os desafios

O acesso à informação, para Fabrizio, é um dos principais desafios para manter um centro cultural de pé. Ele observa que ,”às vezes, tem produções boas, inovadoras, de menor custo. Mas a questão é que isso não chega para todo mundo”. Somado a isso, deve-se levar em consideração também a falta de incentivo ao consumo da cultura e a questão financeira. Ele também pontua o desmonte da cultura pelo governo federal, como uma das principais travas para o investimento nos diversos setores da arte.

O show não pode parar

O instituto começou com o teatro e foi expandindo de forma orgânica. Além dos cursos regulares e workshops, há também um espaço para oficinas.

– A gente fomenta alguns artistas e outros chegam até nós. A pessoa está livre para vir conhecer o espaço, pensar em um projeto. Eu ajudo, a gente formata e simplesmente acontece. A ideia é proporcionar uma experiência menos acadêmica e engessada. A arte não tem limite.

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