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Um esporte democrático, porque permite que pessoas de todas as idades pratiquem, independente do condicionamento físico. Quem nunca foi para o mar, nunca surfou e, de repente, enxerga a possibilidade de se aventurar na prática de remo. Estamos falando da canoagem, esporte que tem crescido de forma vertiginosa no país, conquistando cada vez mais adeptos. Niterói vem se consolidando como um grande polo de canoa havaiana e está se tornando referência no esporte.
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Eva Rosa, 46 anos, é um dos personagens da canoagem em Niterói. Ela se prepara, atualmente, para participar do mundial de canoa havaiana, o Sprint 2022, em Londres, cuja seleção nacional foi feita em Niterói. Campeã estadual OC-6 dos 1000 metros na categoria e vice-campeã brasileira dos 5oo metros, ela foi selecionada em abril para o evento internacional, que será realizado entre os dias 6 e 17 de agosto.
Seja para combater o déficit emocional durante a pandemia, seja para trabalhar o condicionamento físico, a canoagem ganhou tal importância que Eva decidiu materializar isso. Em 2021, ela fundou sua própria base em Araruama, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, o Espaço Evaa, cujo propósito era ter um lugar fixo para remar, uma espécie de refúgio. O projeto deu tão certo que hoje ela recebe pessoas de todo estado do Rio para remar. Lá, são propostos vários passeios que são empolgantes e relaxantes, ainda que a pessoa não busque um nível competitivo. O objetivo é se divertir por meio do contato com a natureza.
– A ideia é que os atletas possam fazer seus treinos longos, tomar um banho, curtir uma boa música depois. E consigam ao mesmo tempo, equilibrar a saúde mental, cuidar do corpo e conhecer a Praia Seca, que é linda. O isolamento social trouxe o fechamento das academias e eu percebi que poderia ajudar as pessoas. Queria tentar proporcionar um pouco de tranquilidade – complementa.
O primeiro passo profissional se deu em 2016, quando passou a integrar o time da atual campeã sul-americana Daione Rossi, equipe Mana Brasil. Essa foi a virada de chave de que seria possível profissionalizar um hobby e se dedicar a ele.
– A força de vontade e a determinação foram o que permitiram minha evolução. É um esporte desafiador, já que você precisa saber nadar e não pode ter medo do mar – constatou.
Eva está atualmente buscando patrocínio para sua participação na competição. A atleta treina semanalmente junto à equipe Tribo Hoe no Charitas.
Como tudo começou
Quem trouxe o esporte da canoa havaiana para Niterói foi o instrutor carioca Marcelo Depardo, que hoje é morador da cidade. O primeiro clube, chamado de Niterói Va’a, foi criado em 2005 e permaneceu o único na cidade por três anos, até que outros começassem a surgir. A base era no bairro de Charitas, a praia que abriga o maior número de clubes de canoa da cidade atualmente.
Presidente da Associação Niteroiense de Va’a, Luiza Perin, atribui o “boom” da canoa à chegada do stand up paddle, por volta de 2011 e 2012. Ela explica que a prática do stand up fez com que as pessoas olhassem mais para o mar e para as modalidades a remo.
– Depois da febre do stand up paddle, a canoa sobressaiu pelo aumento da disponibilidade de escolas na cidade, tornando a prática esportiva mais fácil e mais prática do que o próprio stand up, que é necessário a pessoa ter uma prancha, enquanto as bases de canoa já estão na beira da praia. A canoa é um esporte coletivo, então, o trabalho braçal de carregar o equipamento é distribuído, o que torna o esporte muito mais acessível – destacou.
Canoa havaiana em números
A média atual de praticantes dos clubes associados é de 2 mil. O número de campeonatos na cidade multiplicou nos últimos anos. Mais de 30 clubes de canoa são sediados em Niterói. O interesse pelo esporte é tamanho que eventos, para além de competições têm sido sediados em Niterói. Em junho do ano passado, por exemplo, a cidade recebeu o simpósio de canoa havaiana com participação do navegador e escritor Amyr Klink. Foram 1.400 pessoas impactadas pelo simpósio, de acordo com a Associação Niteroiense de Va’a. O objetivo do evento foi levantar reflexões para o desenvolvimento da modalidade, que também é conhecida como canoa havaiana ou canoa polinésia.
Também no ano passado, o incentivo se traduziu em números. Foram 116 atletas beneficiados com transporte gratuito para competições fora da cidade. Foi feita também uma colaboração com a UFF de Mapeamento de Turismo Náutico em Niterói, além de encontros que promoveram debates entre remadores, pescadores e gestores da Reserva Extrativista Marinha de Itaipu. Cursos para habilitação náutica, noções básicas de regras de navegação para remadores, entre outros, integraram a extensa gama de atividades de canoagem na cidade.
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