Niterói por niterói

Pesquisar
Close this search box.
Publicado

Almoçamos no Restaurante Popular de Niterói, onde a refeição custa R$ 2 e alimenta 2.200 pessoas por dia

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

COMPARTILHE

Restaurante funciona de segunda a sexta-feira e atende pelo menos 2 mil pessoas diariamente
Restaurante popular costuma ficar lotado na hora do almoço. Foto: Gabriel Mansur
Restaurante popular costuma ficar lotado na hora do almoço. Foto: Gabriel Mansur

Desde sua municipalização, em 2017, o Restaurante Popular Jorge Amado, no Centro de Niterói, já atendeu mais de 2 milhões de pessoas, conforme relatou a Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária. Pois o A SEGUIR: NITERÓI aproveitou esta quarta-feira (19) nublada para conferir não apenas o cardápio, mas também o nível de satisfação dos clientes. A refeição custa apenas R$ 2, uma ajuda importante num país que vê aumentar a população vulnerável.

Leia mais: Alimentos têm maior inflação desde o Plano Real; veja o que encontramos nos mercados em Niterói

Chegamos ao local por volta de meio-dia, ou seja, uma hora após a reabertura para o almoço. Não havia fila na entrada, ainda que as mesas estivessem quase todas ocupadas. E a comida era servida rapidamente.  De cara, chamou a atenção o grupo de estagiários em nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF). Isso porque as refeições, tanto almoço quanto desjejum, contam com o acompanhamento nutricional.

O cardápio

Pagamos R$ 2 – em dinheiro, visto que não são aceitos cartões ou PIX – por um prato bem servido, cerca de meio quilo de comida. O cardápio desta quarta continha arroz branco, feijão carioca, repolho, alface e uma proteína. Optamos pelo frango em cubos em vez do quibe.

O prato principal  lembrava de certa forma as comidas servidas nos hospitais, com receitas equilibradas e pouco tempero. A prefeitura tem procurado tornar o cardápio mais atraente, convidando chefes de cozinha para oferecer pratos mais variados.  Quem estava no refeitório, comeu com apetite e parecia aprovar a comida.

De acompanhamento são poucas opções: suco de groselha e doce de amendoim de sobremesa. Foram os acompanhamentos, aliás, que geraram certa insatisfação da clientela.

Pessoas que se declaram negras ou pardas são maioria entre os clientes. Foto: Lucas Benevides

– Seria melhor se a sobremesa fosse uma fruta, porque esse doce tem mais açúcar do que amendoim. Eu não posso comer essas coisas, porque tenho diabetes. E esse suco, que não é suco de verdade, porque não é natural da fruta, é água pura – disse Dário Pereira, de 47 anos. Ele é vendedor ambulante e almoça todo dia no local.

Niterói e arredores

As críticas, todavia, são raras. Maria Aparecida, por exemplo, mora em São Gonçalo, mas atravessa os limites municipais diariamente para almoçar no restaurante. Por conta de sua idade, 67 anos, ela não precisa pagar passagem de ônibus.

Leia mais: Bar “Da Banca” leva a informalidade dos antigos botequins para o Jardim Icaraí

– Desde muito nova, quando ainda morava em Maricá, eu me acostumei a andar aqui tudinho. Eu estou aposentada e moro sozinha, fica muito difícil cozinhar todo dia. Como gosto de bater perna pelo centro de Niterói, aproveito para almoçar aqui – completou.

Somente garfo

As refeições são entregues já prontas pelos cozinheiros, isto é, não é self-service e nem à la carte. São os funcionários da cozinha  que entregam o copo de suco e os talheres. Quer dizer, o talher. Melhor: o garfo. De acordo com o coordenador do restaurante popular, Nilo Sérgio de Oliveira, “as facas foram descartadas porque houve duas situações em que um cidadão esfaqueou o outro”.

Leia mais: Comércio prevê aumento de 12% nas vendas em Niterói com Copa, Natal, Réveillon e Verão

Duas mil refeições diárias

O restaurante funciona de segunda a sexta-feira e atende moradores de Niterói e municípios vizinhos tanto no almoço, de 11h às 15h, quanto no desjejum, de 6h às 9h. A Prefeitura estima que pelo menos 2.200 pessoas se alimentam diariamente no local. Pela média, foram cerca de 438 mil refeições apenas em 2022.

Os números crescem com a crise, e a adesão do programa é tão grande que a pefeitura já anunciou o projeto de implantar mais um restaurante popular na cidade, no Fonseca.

O restaurante popular atende mais de duas mil pessoas por dia. Foto: Bruno Eduardo Alves

Um destes consumidores é Maurício Gomes. Ele estava acompanhado do filho, Joaquim, que trajava o uniforme da Escola Municipal Anísio Teixeira, e contou que os dois começaram a frequentar o Jorge Amado há pouco menos de dois meses, quando ficou desempregado.

– O dinheiro que eu juntei enquanto trabalhava não dura por muito tempo. Prefiro economizar no almoço para podermos jantar à noite. Saindo daqui, vou deixar meu filho na escola e ir atrás de um emprego. É o que tenho feito nas últimas semanas – desabafou.

Perfil dos usuários

Conforme pesquisa interna da Prefeitura, a maioria dos clientes é do sexo masculino (63,3%). Mais da metade do público que frequenta o espaço estudou até o ensino fundamental (56,1%) e se autodeclara parda e preta (62,2%). Além disso, a pesquisa mostrou que a faixa de renda é de até um salário mínimo (51,4%) e ainda há um grande número de desempregados (40,2%).

Restaurante Popular funciona para café da manhã e almoço. Foto: Bruno Eduardo Alves

Outro dado importante se refere a idade dos usuários. Pouco mais da metade da população que frequenta o Restaurante Popular está na faixa etária de 60 anos ou mais (50,5%), seguida por usuários de 31 a 59 anos (43%), e 18 a 30 anos (3,7%).

No final, dá para dizer, que saí bem alimentado.

 

COMPARTILHE