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Desde sua municipalização, em 2017, o Restaurante Popular Jorge Amado, no Centro de Niterói, já atendeu mais de 2 milhões de pessoas, conforme relatou a Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária. Pois o A SEGUIR: NITERÓI aproveitou esta quarta-feira (19) nublada para conferir não apenas o cardápio, mas também o nível de satisfação dos clientes. A refeição custa apenas R$ 2, uma ajuda importante num país que vê aumentar a população vulnerável.
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Chegamos ao local por volta de meio-dia, ou seja, uma hora após a reabertura para o almoço. Não havia fila na entrada, ainda que as mesas estivessem quase todas ocupadas. E a comida era servida rapidamente. De cara, chamou a atenção o grupo de estagiários em nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF). Isso porque as refeições, tanto almoço quanto desjejum, contam com o acompanhamento nutricional.
Pagamos R$ 2 – em dinheiro, visto que não são aceitos cartões ou PIX – por um prato bem servido, cerca de meio quilo de comida. O cardápio desta quarta continha arroz branco, feijão carioca, repolho, alface e uma proteína. Optamos pelo frango em cubos em vez do quibe.
O prato principal lembrava de certa forma as comidas servidas nos hospitais, com receitas equilibradas e pouco tempero. A prefeitura tem procurado tornar o cardápio mais atraente, convidando chefes de cozinha para oferecer pratos mais variados. Quem estava no refeitório, comeu com apetite e parecia aprovar a comida.
De acompanhamento são poucas opções: suco de groselha e doce de amendoim de sobremesa. Foram os acompanhamentos, aliás, que geraram certa insatisfação da clientela.
– Seria melhor se a sobremesa fosse uma fruta, porque esse doce tem mais açúcar do que amendoim. Eu não posso comer essas coisas, porque tenho diabetes. E esse suco, que não é suco de verdade, porque não é natural da fruta, é água pura – disse Dário Pereira, de 47 anos. Ele é vendedor ambulante e almoça todo dia no local.
As críticas, todavia, são raras. Maria Aparecida, por exemplo, mora em São Gonçalo, mas atravessa os limites municipais diariamente para almoçar no restaurante. Por conta de sua idade, 67 anos, ela não precisa pagar passagem de ônibus.
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– Desde muito nova, quando ainda morava em Maricá, eu me acostumei a andar aqui tudinho. Eu estou aposentada e moro sozinha, fica muito difícil cozinhar todo dia. Como gosto de bater perna pelo centro de Niterói, aproveito para almoçar aqui – completou.
As refeições são entregues já prontas pelos cozinheiros, isto é, não é self-service e nem à la carte. São os funcionários da cozinha que entregam o copo de suco e os talheres. Quer dizer, o talher. Melhor: o garfo. De acordo com o coordenador do restaurante popular, Nilo Sérgio de Oliveira, “as facas foram descartadas porque houve duas situações em que um cidadão esfaqueou o outro”.
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O restaurante funciona de segunda a sexta-feira e atende moradores de Niterói e municípios vizinhos tanto no almoço, de 11h às 15h, quanto no desjejum, de 6h às 9h. A Prefeitura estima que pelo menos 2.200 pessoas se alimentam diariamente no local. Pela média, foram cerca de 438 mil refeições apenas em 2022.
Os números crescem com a crise, e a adesão do programa é tão grande que a pefeitura já anunciou o projeto de implantar mais um restaurante popular na cidade, no Fonseca.
Um destes consumidores é Maurício Gomes. Ele estava acompanhado do filho, Joaquim, que trajava o uniforme da Escola Municipal Anísio Teixeira, e contou que os dois começaram a frequentar o Jorge Amado há pouco menos de dois meses, quando ficou desempregado.
– O dinheiro que eu juntei enquanto trabalhava não dura por muito tempo. Prefiro economizar no almoço para podermos jantar à noite. Saindo daqui, vou deixar meu filho na escola e ir atrás de um emprego. É o que tenho feito nas últimas semanas – desabafou.
Conforme pesquisa interna da Prefeitura, a maioria dos clientes é do sexo masculino (63,3%). Mais da metade do público que frequenta o espaço estudou até o ensino fundamental (56,1%) e se autodeclara parda e preta (62,2%). Além disso, a pesquisa mostrou que a faixa de renda é de até um salário mínimo (51,4%) e ainda há um grande número de desempregados (40,2%).
Outro dado importante se refere a idade dos usuários. Pouco mais da metade da população que frequenta o Restaurante Popular está na faixa etária de 60 anos ou mais (50,5%), seguida por usuários de 31 a 59 anos (43%), e 18 a 30 anos (3,7%).
No final, dá para dizer, que saí bem alimentado.
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