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Lupulinário

Por Sônia Apolinário

Sônia Apolinário é jornalista tendo trabalhado nos principais jornais do país, sempre na área de Cultura. Também beer sommelière, quando o assunto é cerveja e afins, ela se transforma na Lupulinário.
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Dicas borbulhantes para brindar nas festas de fim de ano

orval

Final de ano, muitas confraternizações. Nesse momento, a cerveja costuma quase que monopolizar as “atenções”, nas mesas. Porém, quando chegam as Festas, propriamente ditas, principalmente, o Réveillon, a bebida é constantemente preterida aos espumantes – como se cerveja não tivesse borbulha o suficiente (e teor alcoólico) para participar dessas celebrações.

É por isso que, tão tradicional quanto a rabanada de Natal, é a coluna Lupulinário com dicas de cervejas borbulhantes para, não apenas festejar a ocasião, mas servir de opção de presente que eu duvido que alguém queira trocar.

Este ano, Lupulinário deu uma circulada por estabelecimentos de Niterói para indicar somente rótulos disponíveis, na cidade.

Deus

Dentre as cervejas borbulhantes, o rótulo mais badalado e um dos mais caros, dentre esse tipo de cerveja, é Deus Brut des Flandres – Biere Brut (Cervejaria Bosteels, Bélgica). Essa foi a primeira cerveja, do mundo, produzida pelo método Champenoise, ou seja, passa por uma segunda fermentação na garrafa, utilizando o mesmo processo de fermentação de vinhos. Resulta em uma bebida de amargor baixo e 11,5% de teor alcoólico.

Seu processo de produção é sofisticado. É feita inicialmente na Bélgica. Em seguida, o líquido segue para a cidade de Reims, região de Champagne (França), onde é colocada em garrafas de champanhe e passa pelo mesmo processo do vinho local, repousando nas caves, para a segunda fermentação. Durante um ano inteiro, a cerveja passa pelo remuage, processo que consiste em girar diariamente a garrafa para que os sedimentos das leveduras se depositem no gargalo. Ao final, as impurezas são expulsas da garrafa, que é novamente fechada, com rolha definitiva, de cortiça, igual às dos melhores vinhos.

Resulta em uma cerveja de coloração dourada e translúcida, com aromas e sabores complexos, remetendo a notas de maçã, gengibre, malte, pimenta-da-jamaica, cravo da índia e lúpulo.

Harmoniza bem com pernil suíno temperado com noz moscada, ervas finas e especiarias, pois a untuosidade do suíno atenua o teor alcoólico e contrasta com a limpeza da sensação de carbonatação na língua, realçando aftertase herbal e de especiarias tanto da bebida quanto do prato.

Tem no Armazém São Jorge e cada garrafa sai por R$ 599,00. É isso mesmo, você leu certo! O Armazém São Jorge fica na Rua Doutor Leandro Mota, 8, no Jardim Icaraí.

Orval

Outro rótulo clássico, também belga, é a Orval. Essa cerveja trapista é produzida na abadia Notre-Dame d’Orval. Foi minha escolha para me acompanhar no Réveillon passado e vou repetir a dose este ano. Com 6,2% de teor alcoólico, é uma cerveja seca, aromática, ácida e com amargor presente. Seu perfil sensorial é complexo. As sugestões são especiarias, raspas de limão siciliano, folhas de sálvia e um toque terroso.

Acompanha perfeitamente peixes, embutidos e cogumelos, mesmo que em molhos. Este ano, vou harmonizar a minha com torta de bacalhau. Para uma experiência completa, beba a cerveja naquelas taças antigas de Champagne, de boca larga. Ou na taça da própria marca, o que, aliás, é o “certo” a se fazer.

A Orval Só é comercializada na sua garrafa típica, que parece um pino de boliche, de 330 ml. Em Niterói, quem vende é o beer sommelier Gil Lebre (R$ 39,00).

Wine Drop

Na carta do Gil tem outra preciosidade, mas nacional: a Bière Brut Wine Drop. Trata-se de uma cerveja espumante, produzida de forma colaborativa pelas cervejarias brasileiras Narcose (RS) e Morada Cia Etílica(PR) e a norte-americana Stillwater Artisanal.

Tem 10% de teor alcoólico, é feita com 30% de vinho orgânico (blend de Chardonnay e Moscato de Alexandria) da Vivente Vinhos Vivos, de Colina (RS). É uma bebida com final seco, refrescante, levemente ácida, com aroma que remete a vinho branco fino com aromas de pêssego. Sai por R$ 120,00, a garrafa.

Entradas como Bruschetta, Caponata de Berinjela e queijos não muito intensos ficarão felizes na companhia dessa cerveja que também harmoniza com pratos de massa – mas cuidado com o molho para não “competir” com o pêssego.

Gil Lebre, somente delivery – 21 99938-3925

A Belerofonte e a Quimera

O rótulo A Belerofonte e a Quimera é fruto de uma parceria entre as cervejarias gaúchas Devaneio do Velhaco e Além Bier. É uma American Wild Ale com 9,5¨% de teor alcoólico. É uma cerveja de fermentação mista entre mosto de Saison e mosto de Sauvignon Blanc, ambos da safra de 2021, blendados, envelhecidos e refermentados em garrafa pelos últimos 32 meses.

Queijos são ótimas pedidas para harmonizar com esse estilo de cerveja. Carnes grelhadas e pratos com molhos ácidos também são boas opções.

No Dona Cevada, a Garrafa de 375 ml sai a R$ 109,00. O Dona Cevada fica na Rua Nóbrega, 90, no Jardim Icaraí.

Catharina Sour com amora

Dentre as marcas de Niterói, a Masterpiece tem um rótulo que combina muito bem com as festas de fim de ano, principalmente o Natal, por conta da cor.

A Catharina Sour com amora batizada com o nome do pintor niteroiense Antônio Parreiras (1860 – 1937), tem 7.2 % de teor alcoólico. Cervejas nesse estilo são feitas de trigo, são leves, refrescantes e de baixíssimo amargor (no caso, 7 IBU). A Antônio Parreira tem borbulhas que formam uma espuma rosada e cremosa. É um estilo muito efervescente na boca, como um espumante, e também com acidez equilibrada, geralmente, proveniente da fruta com a qual é produzida.

É um estilo de cerveja que pode acompanhar ostras, frutos do mar e pratos leves, em geral. No caso da Antônio Parreira, dá até para arriscar com uma cheesecake que muitas vezes tem calda de amora.

A lata de 473 ml sai por R$ 19,90 no e-commerce da cervejaria.

Bebida mista


Ao procurar cervejas borbulhantes disponíveis em Niterói, me deparei com uma novidade: a chegada à cidade da marca Companhia dos Fermentados, de Barueri (SP). Significa encontrar, por exemplo, espumante artesanal de cacau ou de mel.

Nesse caso, não são cervejas, mas as chamadas bebidas mistas. Fundada em 2015, a Companhia dos Fermentados faz um trabalho de resgate de técnicas antigas de conservação e transformação dos alimentos através da fermentação. Essa pesquisa perpassa pelos tradicionais e já conhecidos alimentos fermentados como pão, cerveja, vinho, chocolate, queijo, missô, shoyu, e visa aplicar essas técnicas em ingredientes brasileiros e locais.

Conheci a marca no evento Fermenta! Cerveja, realizado recentemente, no Rio de Janeiro, pela Junta Local. Encontrei cinco rótulos da marca na Terroá, um empório especializado em produtos gastronômicos, que fica no Mercado Municipal de Niterói.

Como os rótulos são espumantes produzidos artesanalmente e bem incomuns, pelo menos, em Niterói, inclui nessas dicas borbulhantes. Os descritivos, a seguir, foram feitos pela marca:

Cacau – 10% ABV: a gaseificação natural, pelo método champenoise, produziu essa versão borbulhante que une aromas do fruto e das amêndoas do cacau. A experiência de harmonizar essa bebida com carnes, risotos, cogumelos e frutos do mar valoriza ainda mais o sabor da refeição.

Mel de Jataí – 10% ABV: a riqueza e complexidade do sabor do mel nativo e silvestre da abelha Jataí é muito presente e, por não ser pasteurizado, continua evoluindo na garrafa, apresentando notas sensoriais diferentes com o passar do tempo. No paladar é uma bebida elegante, delicada, com bolhas pequenas e refrescantes. É coringa para receitas diversas, incluindo cozinha asiática, frutas cítricas e até mesmo doces delicados.

Pessecaba – 10% ABV: nessa versão borbulhante, a fermentação foi realizada em conjunto com jabuticabas orgânicas e pêssego, trazendo uma experiência leve no paladar, frutada e com a presença dos taninos da
jabuticaba. Harmoniza com carnes leves e até sobremesas principalmente se feitas com algumas das duas frutas usadas na produção da cerveja.

Cambuci – 10% ABV: o processo de fermentação desta bebida foi realizado com o Cambuci, uma fruta cítrica, bastante saborosa e ainda pouco conhecida da Mata Atlântica. O sabor é surpreendente e as pessoas não conseguem comparar com nada que já provaram. A combinação com frios, canapés, queijos e molhos leves é ideal para valorizar ainda mais o sabor desta bebida.

Caju – 8% ABV: uma versão borbulhante produzida artesanalmente a partir da fermentação com frutos frescos de caju. O resultado é uma bebida com paladar seco, frutado, cítrico e muito refrescante, que harmoniza com saladas, peixes frescos e queijos amarelos.

Cada um dos rótulos sai por R$ 149,00. Quem falar que é leitor da Lupulinário ganha desconto de 10%.

A Terroá Curadoria Gastronômica funciona todos os dias, das 9h às 21h. O Mercado Municipal de Niterói fica na Avenida Feliciano Sodré, 488, no Centro.

Leia também: Nova marca e lançamentos cervejeiros em Niterói

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