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Discussão sobre a saúde dos trabalhadores e as longas jornadas de trabalho terá a participação ativa da Universidade Federal Fluminense (UFF). O projeto de pesquisa “Impactos da Escala 6×1 na Vida das(os) Trabalhadoras(es)”, coordenado pela professora Flávia Manuella Uchôa de Oliveira, representará Niterói em uma mesa de debate na Câmara Municipal do Rio de Janeiro na próxima segunda-feira, 19 de maio, às 9h30.
O evento, aberto ao público e intitulado “Os impactos das altas jornadas de trabalho na saúde do trabalhador”, acontecerá no Salão Nobre da Câmara Municipal, no centro do Rio. A professora Flávia destaca que a participação da equipe da UFF será fundamental para munir trabalhadores e movimentos sociais com informações sólidas na luta por condições de trabalho mais justas, diante da crescente precarização. “Além disso, a UFF cumpre o seu papel ao oferecer sua estrutura para pensarmos a sociedade que ambicionamos construir, estimulando o debate por meio da academia, mas para bem mais além dela”, ressalta a pesquisadora da universidade niteroiense.
A pesquisa da UFF busca trazer à luz dados sobre a escala 6×1, uma vez que até mesmo entidades como a Fecomercio alegam não possuir estudos sobre o tema. “Assumimos o desafio de produzir esses dados, revelando informações muitas vezes ignoradas ou deliberadamente apagadas no debate público”, explica Uchôa.
A iniciativa do debate partiu do vereador Rick Azevedo (PSOL) e do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que reunirão técnicos, trabalhadores e especialistas para discutir os efeitos das jornadas exaustivas na saúde física e mental dos profissionais. O projeto da UFF, com seu foco específico nos impactos da escala 6×1, contribuirá com dados e análises que aprofundam a compreensão dessa realidade.
A professora Flávia enfatiza que mudanças efetivas na vida dos trabalhadores dependem de uma reorganização do tempo e do espaço ocupado pelo trabalho. “Nossos dados mostram que a realidade de trabalho na escala 6×1 é determinante para a degradação da saúde física e mental, e para o isolamento. O uso de medicamentos ansiolíticos, antidepressivos e analgésicos são citados como formas de suportar o dia a dia. Esses resultados apontam para uma realidade de trabalho adoecedora e mostram os limites das atuais discussões sobre saúde voltadas às políticas públicas e à regulação do ambiente de trabalho”, disse Uchôa.
Recentemente, a discussão sobre a escala 6×1 ganhou espaço em Brasília, na Câmara dos Deputados, onde foi protocolada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca limitar a jornada de trabalho a quatro dias por semana. A proposta, que ainda tramita, reflete a crescente preocupação com os impactos da escala 6×1 na saúde dos trabalhadores, ecoando os resultados da pesquisa da UFF.
Além de Uchôa, a equipe engajada nesta pesquisa conta com os seguintes participantes: Clarice Rodrigues Pinheiro, Rafael Macharete, Priscila Rocha Vicente e Gabriel Sant’Anna, além de Mary Zhang, da University of Birmingham (Reino Unido).
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