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O major Rafael Martins de Oliveira, preso em Niterói na quinta-feira (8), na Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que investiga ações golpistas articuladas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e ministros militares e colaboradores próximos, é apontado como responsável pela organização de comboio de manifestantes arregimentados no Rio para promover ações antidemocráticas em Brasília.
A PF documentou conversas do major com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, quando discutiam os valores necessários para promover manifestações em Brasília. Eles se reuniram com outros militares em Brasília, no dia 12 de novembro de 2022, para “para tratar de assuntos relacionados a estratégia golpista”.
Dois dias depois, os dois teriam trocado mensagens. Segundo a PF, “Rafael Martins contatou Mauro Cid, solicitando recursos financeiros estimados no montante de R$ 100.000,00 [cem mil reais], para custos com hotel, alimentação e material. Em tal oportunidade, Mauro Cid aproveitou para orientá-lo a trazer pessoas do Rio”. Cid perguntou se R$ 100 mil seriam suficientes para cobrir os custos de hotel, alimentação e material dos manifestantes. “Entorno [sic] disso”, respondeu Martins.
Para a PF, o diálogo revela “fortes indícios” de envolvimento direto de Rafael Martins “direcionando os manifestantes para os alvos de interesse dos investigados, como STF e Congresso Nacional, além de realizar a coordenação financeira e operacional para dar suporte aos atos antidemocráticos”. E segue: “Segundo a autoridade policial, esses elementos, em corroboração com outros, revelam indícios de que o major Rafael Martins de Oliveira atuou de forma direta no direcionamento dos manifestantes para os alvos de interesse dos investigados, além realizar a coordenação financeira e operacional para dar suporte aos atos antidemocráticos e arregimentar integrantes das Forças Especiais do Exército para atuar nas manifestações, que, em última análise, não se originavam da mobilização popular”.
Jordy
A Polícia Federal também investiga a atuação de outro colaborador do ex-presidente Jair Bolsonaro, de Niterói, o deputado federal Carlos Jordy, que se apresenta como candidato à Prefeitura da cidade. Ele foi um dos alvos da Operação Lesa Pátria, deflagrada em janeiro. Os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do parlamentar, em Niterói, e em seu gabinete na Câmara dos Deputados. O objetivo da investigação é identificar pessoas que planejaram, financiaram e incitaram atos antidemocráticos ocorridos entre outubro de 2022 e o início do ano, que culminaram com a invasão da Praça dos Três Poderes, em Brasília, e ataques ao palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal, dia oito de janeiro Brasília. Segundo o inquérito, Jordy trocou mensagens com um grupo de golpistas no Rio de Janeiro e passou orientações sobre os atos antidemocráticos.
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