Basta a temperatura cair um pouco com a chegada do inverno que logo “bate” a vontade de comer fondue. E nessas horas, ninguém tem dúvidas de sacar um vinho para acompanhar esse clássico gastronômico. Meu objetivo aqui é justamente instaurar a dúvida.

Começo por afirmar algo que pode soar como uma heresia, mas, vinho não é a melhor harmonização para fondues  –  principalmente os de queijo e os de chocolate. Na verdade, não estou sendo original ao afirmar isso. Vide publicações como “Vinhos versus Cervejas”, de Charles Bamforth, ou “A Mesa do Mestre-Cervejeiro”, de Garrett Oliver, que não me deixam mentir.

Não me interessa depreciar os vinhos, mas mostrar porque você deve dar uma chance para a cerveja, quando for degustar um fondue. Antes, porém, esqueça aquela cerveja estupidamente gelada que se bebe na praia. Não é dela que se trata.

Existem dezenas de estilos de cerveja com as mais diversas graduações alcoólicas, inclusive próximas do vinho. É essa diversidade que permite à cerveja ser versátil na hora de fazer harmonizações – algum rótulo vai se encaixar perfeitamente com a iguaria, seja por semelhança ou contraste.

No caso do queijo, Charles Bamforth cita, no seu livro, pesquisas que concluíram, dentre outras coisas, que esse alimento “diminui o impacto do sabor do vinho” quando ambos  deveriam se complementar. Um outro estudo identificou que os vinhos brancos é que combinam com uma gama maior de queijos. Porém, quanto mais forte o sabor do queijo, mais difícil será encontrar um vinho para acompanha-lo.

Em relação ao chocolate, diz Garrett Oliver em um trecho do seu livro:

“Joanna Simon, renomada autora britânica de livros sobre vinhos, lamenta: ‘uma forma comum de extermínio de vinho é a morte por chocolate’. Mas não se preocupe, a cerveja está a caminho”.

Nesse caso, estão a caminho rótulos cujos estilos têm aroma ou sabor de chocolate, como Stout, Imperial Stout, Porter ou a intensa Barleywine. A escolha vai depender se o chocolate usado é ao leite, meio amargo ou amargo. Em caso de fondue com chocolate branco, recorra a uma Fruit Beer.

No fondue de queijo, será preciso observar se o laticínio é suave, forte ou adocicado. Dentre os estilos que irão acompanhar bem estão Weiss, Belgian Blond, Munich Dunkel, Belgian Dubbel ou Tripel. A cerveja também pode substituir o vinho na receita do fondue. Lagers pouco lupuladas ou Weiss (cerveja de trigo) são boas opções.

No fondue de carne, os molhos que costumam fazer parte do prato é que vão “puxar” a harmonização. Se o predomínio for de sabores apimentados, cervejas mais lupuladas cairão bem como, por exemplo, German Pilsner, American Pale Ale (APA) ou India Pale Ale (IPA). Porém, se a pimenta não fizer parte do cardápio, estilos como Amber Larger e Brown Ale podem surpreender.

Dicas do Gil

Para as dicas ficarem ainda mais precisas, Lupulinário recorreu à carta do e-commerce do beer sommelier Gil Lebre. Confere as dicas certeiras que ele passou:

“O fondue tradicional é geralmente feito com uma mistura de queijos mais adocicados e amendoados, como o emmental e o gruyère. Uma cerveja belga, como a trapista Westmalle Dubbel (R$ 31*, 330 ml), pode ser uma boa escolha. Com álcool suficiente (7% ABV) e bom corpo, ela segura toda a potência do prato. É adocicada como os queijos e complementa o conjunto, com moderadas frutas escuras e especiarias. Opte por pães mais escuros para passar no queijo.

E um fondue de carne, com a caramelização encontrando par na riqueza dos maltes, também fará sucesso.

Essa mesma cerveja vai funcionar bem com o fondue de chocolate ao leite. Pois nele mergulhamos bananas, maçãs e morangos, então olha aí a semelhança frutada com a Dubbel, que virou uma verdadeira coringa!

Agora, se escolher chocolates amargos na receita, a dica é a brasileira Tupiniquim Mandala Imperial Stout (R$ 29*, 330 ml). Ela possui álcool elevado (12% ABV), muita torrefação e um corpo denso. Toda essa potência vai encarar bem a doçura, cremosidade e amargor do fondue. A nota de “café” da cerveja vai contrastar com a doçura do chocolate. Já o aroma de baunilha vai se dar bem com o cacau. Fica tão bom que no final você não sabe mais onde começa a cerveja e onde termina o chocolate”.

Serviço

Detalhe. Não é porque o fondue está sendo acompanhado por cerveja que o glamour não vai participar da festa. Ou seja, deixa guardado o querido copo americano. Cada estilo de cerveja tem seu próprio copo para o serviço, mas é possível simplificar com a ajuda do “amigo” vinho: nas taças usadas para os tintos, sirva cerveja escura;  nas dos brancos, vão as outras matizes de cores da cerveja.

Quando o assunto é serviço de cerveja, o e-commerce do Gil Lebre também pode ajudar muito. Para facilitar, ele vende o “combo” rótulo com o respectivo copo. Assim, o glamour do fondue está mais do que garantido. E a cerveja também.

Ah, os valores citados aqui são promocionais e exclusivos para os leitores da coluna.

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