É só o sol se esconder um pouquinho e a temperatura cair que o consumidor repete uma “traição”: deixa a cerveja de lado e se anima todo com uma garrafa de vinho. Nada contra. Beber um vinhozinho tem seu valor.
O que provoca essa “traição”? Se a resposta girar em torno de sabor ou preferências pessoais, nada a discutir. Porém, se o motivo da troca é a busca por uma bebida com teor alcoólico maior, para ajudar a “aquecer”, então há muito o que se discutir.
Lupulinário conferiu os estoques de marcas de Niterói e as prateleiras dos bares especializados da cidade para montar um cardápio formado por rótulos que têm a partir de 10% de teor alcoólico – vinhos costumam ter entre 8% e 14%.
Dentre as marcas niteroienses, há boas opções na Masterpiece e Noi.
Na Masterpiece, a Russian Imperial Stout Nikolai tem 10% de ABV. O perfil dessa cerveja é licoroso, com aroma e paladar que remetem a café, chocolate amargo e frutas passas. Quem acha que cerveja com teor alcoólico alto é necessariamente escura, vai se surpreender com a Vênus, uma Brut IPA com 11,5%. É uma cerveja que “vale” um espumante, mas não precisa ser bebida “estupidamente” gelada, mas apenas refrescada.
Na Noi, o teor alcoólico sobe com os rótulos Passione (12%) e Selvaggio (12,8%). A primeira é uma Flanders Oud Bruin, ou seja, uma belga. Essa cerveja é envelhecida por dois anos em barrica de carvalho e tem um paladar licoroso. A Selvaggio é uma Strong Ale de fermentação espontânea feita em barris de vinho com cereja. Assim, seu aroma e paladar têm algo de vínico.
Pelos bares
O Armazém São Jorge tem chope de 12% ABV plugado. Trata-se do clássico rótulo Dum Petroleum, uma Cocoa Imperial Oatmeal Stout. Essa cerveja negra é feita com adição de cacau belga e aveia e suas notas aromáticas remetem a café e chocolate meio amargo. Por lá há outras opções ainda mais alcoólicas, em garrafa: Reserve Pancake, uma Brunch Stout com adição de maple e Dogmatic Element, uma Imperial Milk Stout com adição de cacau, coco e café. Ambas têm 13% ABV e são da cervejaria cearenses 5 Elementos, sendo o segundo rótulo em colaboração com a paulista Dogma.
No Fina Cerva, as opções são a Eisbock Schneider Weiss Aventinus Tap 9 (12%), a Dark Strong Ale Monte Cristo (11,5%) e a Quadrupel St. Feuillien (11%). A Aventinus Tap 9 é feita a partir da TAP 06: uma Weizenbock que é congelada e a água é removida, deixando uma cerveja muito mais alcoólica, adocicada, concentrada e intensa, quase como um licor. A Monte Cristo é uma cerveja desenvolvida ao longo de cinco anos, que leva adição de 6% de vinho e 8% de xerez e passa por 11 meses de maturação em carvalho. No aroma, traz notas amadeiradas, vínicas e frutadas que combinam com notas suaves de chocolate, amêndoas e baunilha. A clássica St. Feuillien é uma cerveja escura e densa. Tem um aroma caramelizado com nuances de vinho, madeira e frutas cristalizadas. Uma leve nota de lúpulo completa o conjunto. A seleção de maltes desse rótulo pode remeter a sabores de chocolate com nuances de coco.
No Dona Cevada, tem a opção mais alcoólica de todas. O rótulo Black Anthrax, da cervejaria Quatro Graus , do Rio de Janeiro, tem 14,5% ABV. É uma cerveja envelhecida em barril de carvalho por 15 meses. Lá também tem a Kong, colaborativa entre as cervejarias Three Monkeys e Mistura Clássica, ambas também do Rio de Janeiro. É uma Imperial Stout com sabor de cookies e amendoim com 12% ABV.
Então, vale ou não dar uma “chance” para as cervejas te aquecerem em dias frios?