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Crise das barcas: secretário falta à audiência e UFRJ pede mais tempo para entregar modelagem

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Audiência pública foi realizada nesta sexta, na Alerj, mas terminou sem qualquer definição ou avanço sobre concessão do transporte
Audiência pública na Alerj. Foto: Gabriel Mansur
Audiência pública na Alerj. Foto: Gabriel Mansur

O impasse sobre a concessão das seis linhas de barcas do Rio de Janeiro ganhou mais um capítulo nesta sexta-feira (16). Em audiência pública realizada na Assembléia Legislativa do Estado (Alerj), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pela elaboração de uma nova modelagem do transporte aquaviário, afirmou que precisa de mais tempo para entregar o estudo para o Governo.

Leia mais: Ministério Público pede suspensão do acordo entre governo e CCR barcas

O representante da UFRJ, Anderson Reis, informou que os pesquisadores estão “fazendo um estudo de demanda dos usuários para identificar o potencial de cada linha das barcas”. Dessa forma, segundo ele, será mais fácil localizar os pontos escassos e com maiores lotações.

Acrescentou que a universidade vai pedir mais alguns meses, sem detalhar quantos, para concluir o levantamento. O prazo inicial previsto na assinatura do contrato era janeiro de 2023, um mês antes do fim do vínculo entre o Estado e o grupo CCR.

– Estamos fazendo essa pesquisa por meio de uma bilhetagem do transporte de uma forma geral. Quando falamos de bilhetagem, coletamos todas as transações que são realizadas no transporte público, em geral, seja barcas, metrô e trem, por exemplo. A partir daí, conseguimos identificar de onde o usuário sai e para onde ele vai. Conseguimos estimular uma possível demanda para essas linhas – observou.

Crise das barcas vem se alastrando desde o começo do ano. Foto: Divulgação/CCR

A Secretaria de Estado de Transportes (Setrans) decidiu convidar a UFRJ para definir o modelo da nova concessão em abril deste ano. Em março, a pasta entendeu que a empresa escolhida inicialmente não demonstrou experiência técnica suficiente e anulou o processo.

Em seguida, a UFRJ foi convidada a realizar o serviço e pediu R$ 4,3 milhões pelos trabalhos, valor menor que o obtido no pregão cancelado.

Mais estações

De acordo com Reis, o estudo de modelagem da UFRJ aponta a necessidade de mais linhas para atender a população, com novas estações em Sepetiba, na Ilha do Fundão e no aeroporto do Galeão, na capital, e no município de Duque de Caxias.

O representante universitário também comentou que, pelo que foi observado nas análises, o Estado deve participar da administração do transporte junto com a futura concessionária.

– Em todos os lugares que têm um volume de passageiros similar ao que temos aqui, observamos que existe a parceria do estado junto da concessionária. Depois do diagnóstico, estamos estudando, além do sistema existente, a urgência de abrir novas estações no Fundão, Galeão, Duque de Caxias e Sepetiba. Na Ilha Grande, onde são duas viagens, percebemos a necessidade da população de estar se deslocando de forma mais rápida – concluiu.

Governo “inerte”

O secretário de transportes do Rio, Andre Nahass, novamente não foi à audiência pública. Sua ausência, da mesma forma que ocorreu em Paquetá, foi coberta pela Superintendente de Transporte Aquaviário, Caroline Alves. Sempre que teve direito a palavra, porém, Caroline deixou claro que nada podia resolver e que levaria todos os questionamentos aos superiores.

Para o presidente da Associação de Moradores de Paquetá, Guto Pires, o Governo está inerte quanto à possibilidade de paralisação do transporte das barcas em fevereiro do ano que vem.

Moradores de Paquetá protestaram contra redução de grade. Foto: Gabriel Mansur

– Esperamos um pronunciamento do governo e também da Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro). Se não for atendida nossa necessidade, nós não vamos parar. Vamos lutar até conseguir. Vamos infernizar a quem tivermos que enfrentar enquanto não tivermos nossos horários reestabelecidos – ilustrou.

Ilha defasada

A reclamação sobre os horários diz respeito a redução de viagens na ilha de Paquetá imposta pela CCR desde dezembro de 2019, a pretexto de “melhorar a eficiência”. Houve corte de sete viagens na ida e na volta em dias úteis. Nos fins de semana, a redução foi de 25 percursos para apenas 12. Desde então, as grades não foram restabelecidas.

Guto diz que a defasagem afeta não só a economia, como os moradores da ilha, que dependem exclusivamente das barcas para ir e voltar do continente.

– Fecharam 30 dos postos formais de trabalho de Paquetá. Como somos uma economia voltada para o turismo, a perda de renda percorre toda as atividades da Ilha. A escola vai encerrar agora sem ter um professor de português. A única unidade de saúde esta vazia e  não consegue contratar médico porque o horário é penoso demais. Diante dos dilatados horários da CCR Barcas, ele prefere pegar outro trabalho – completou.

Nada resolvido

Presidente da Frente Parlamentar de Defesa ao Transporte Aquaviário do Rio e organizador da audiência, o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL) demonstrou impaciência com as indefinições em torno da crise das barcas. Serafini elucidou que, desde as primeiras audiências para debater o assunto, no início do ano, não houve avanço.

O parlamentar ainda cobrou uma reunião com a Secretaria de Estado de Transporte para a próxima semana.

Flávio Serafini presidiu a Frente Parlamentar. Foto: Gabriel Mansur

– Isso é absolutamente grave. O contrato de concessão está se encerrando agora, em 12 de fevereiro de 2023, e o governo sequer fez outra licitação, ainda está em processo de modelagem, ou seja, ainda está sendo desenhado. Não apresentaram um plano emergencial publicamente. Diz que quer manter a atual concessionária, só que a concessionária diz que não quer operar. A situação é gravíssima, muito perigosa. A gente sai daqui cheio de incerteza – reiterou.

Além de representantes da UFRJ, de Paquetá e da Superintendência de transporte aquaviário, marcaram presença no encontro o presidente da Agetransp, Murilo Leal, da Defensoria Pública do estado, Eduardo Tostes, da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Afins (FNTTA), Marcelo Schmidt, além de lideranças políticas, como o vereador de Niterói, professor Túlio.

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