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A oferta de cestas de alimentos nos supermercados de Icaraí chama a atenção e ganha destaque entre as prateleiras em função da crise da economia e aumento da população vulnerável. Os pacotes são montados para atender às necessidades básicas de uma família, como arroz, feijão, farinha, entre outros, e são comprados por pequenas empresas, condomínios, para os funcionários, e também para doação. O mercado Nando, na Rua Álvares de Azevedo, oferece o produto há 20 anos, mas desde a pandemia vê a procura crescer.
Não muito distante dali, na Tavares de Macedo 193, há outro ponto de doação. A cesta básica do Pomar possui 1 kg de feijão de açúcar, farinha de mandioca, 500 g de macarrão, 200 g de café, 400 g de leite em pó, 1 litro de extrato de tomate, entre outros. A cesta sai a R$ 119,90 e teve de passar por um reajuste de R$ 16 devido à alta dos preços das mercadorias. A procura também tem sido alta, segundo um funcionário. São cerca de 30 cestas vendidas por mês.
Custo de vida
O Rio de Janeiro possui a quarta cesta básica mais cara do país: R$ 733,14, considerando todos os gastos de uma família média durante o mês, da moradia à alimentação. É o que revela o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. A comparação do valor da cesta entre de junho deste ano e do ano passado mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 13,34%, e 26,54%. Depois da alta da gasolina, gás, luz, tarifas de transporte, o alto preço de produtos dos supermercados entrou para o rol de principais queixas dos brasileiros.
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Corrente do bem
A inflação levou o consumidor a reformular o modo de fazer compras no mercado em Niterói. Também serviu de força motriz para repensar atitudes cotidianas, despertando a solidariedade, com a organização de mutirões para a distribuição de cestas básicas. Uma rápida caminhada por Icaraí revela que o movimento tem ganhado forma nos últimos tempos.
O supermercado Nando, localizado na esquina da Álvares de Azevedo com a Tavares de Macedo, organiza cesta para doação. Uma prática que perdura mais de 20 anos, mas que tem tido mais procura somente agora, durante a pandemia. Na cesta, um pouco de tudo: arroz, feijão, farinha, açúcar, sal, leite em pó, óleo, entre outros. A redução salarial somada ao aumento da inflação e a redução do poder de compra têm resultado em empatia. A ajuda vem em diversas formas: seja por casais que racham o valor, individual ou grupos de pessoas que se juntam para doar, como condomínios que compram para dar aos seus funcionários mais impactados pela crise econômica. A cesta pode ser comprada no próprio estabelecimento ou pedida pelo WhatsApp, pelo número (21) 99800-0749. Uma espécie de delivery das boas causas. O preço unitário é R$ 132,99.
– Os produtos são reunidos para facilitar. Nós vendemos essa cesta há 22 anos, mas aumentou a procura durante a pandemia. É legal ver esse movimento das pessoas, que não tinham ainda conhecimento desta ação – conta Julia, funcionária do mercado.
Cesta básica do Pomar já pronta e embalada para o consumidor levar. Foto: Livia FigueiredoO supermercado Real, na Rua Ator Paulo Gustavo 106, segue um esquema parecido, porém a cesta básica é montada pelo próprio consumidor. Os funcionários podem até dar sugestões, mas não há um modelo pronto a ser seguido. Nos últimos dias, a procura tem sido intensa, principalmente pelos condomínios.
– Estamos observando uma procura maior em relação ao mesmo período do ano passado. Como está tudo muito caro, quem pode ajudar, faz sua parte. O bom do consumidor montar sua própria cesta é que ele pode fazer isso de acordo com sua necessidade, escolhendo os itens que considera mais prioritários. Uma ajuda é sempre bem vinda.
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