30 de dezembro

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Lupulinário

Por Sônia Apolinário

Sônia Apolinário é jornalista tendo trabalhado nos principais jornais do país, sempre na área de Cultura. Também beer sommelière, quando o assunto é cerveja e afins, ela se transforma na Lupulinário.
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Os gatinhos de Niterói

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Na Vila Cervejeira, no Centro de Niterói, onde só marcas da cidade podem entrar, as obras no futuro taproom da W*Kattz já começaram. A parte da alvenaria está a pleno vapor e os equipamentos comprados. Marcar uma data para inauguração, porém, o cervejeiro da marca, Luiz Winter, não se atreve. Afinal, como também é arquiteto, ele sabe muito bem como obras rimam com atrasos.

O local terá um perfil de gastropub e, claro, pet friendly, como também é o seu vizinho, a Dead Dog, cujo símbolo é um cachorro. De acordo com Luiz, a escolha da Vila para construir o taproom da W*Kattz deve-se ao fato de o local ser “um ponto de atração craft em Niterói”.

Se os gatinhos chegaram à Vila, então, não há dúvidas que são niteroienses. Durante muito tempo, porém, os consumidores estavam “certos” que a W*Kattz era uma marca carioca.

– Participamos de muitos eventos no Rio e é recorrente nos perguntarem de onde nós somos. A galera cervejeira gosta de ter essa referência geográfica. Somos de Niterói e queremos consolidar isso junto ao público – explica Luiz, nascido em Nova Friburgo (RJ), ex-morador do Rio de Janeiro, atual morador (há tempos) da Região Oceânica de Niterói ao lado da esposa Adriana Winter, sócia da marca.

Os bichanos entram nessa história por conta do nome dado à cervejaria, escolhido a partir dos sobrenomes dos sócios iniciais – W* vem de Winter e o Kattz, de uma adaptação de Katze, gato em alemão.

O vínculo com a cidade se estreitou em dezembro do ano passado quando a marca, criada em 2015, foi incorporada ao portfólio da Noi. Assim, a produção se despediu da cervejaria Antuérpia, em Matias Barbosa (MG), e passou a ser feita bem perto de casa, na fábrica da Noi, em Itaipu.

Não bastasse todas essas “credenciais”, os rótulos da W*Kattz são criados pelo cartunista niteroiense Bruno Drummond. Que, por acaso, mora no mesmo prédio onde vive a sogra de Luiz.

– Éramos fãs do trabalho dele e decidimos convidá-lo para criar nossos rótulos. Ele ficou surpreso com o convite porque nunca tinha feito produtos. Bruno gostou do projeto, se sentiu desafiado e aceitou. Hoje somos grandes amigos e nessa parceria ninguém mexe – conta Luiz.

Os produtos em questão são copos, camisas e ecobags que se tornaram sucesso de venda tanto quanto as cervejas da marca.

Prestes a completar seis meses desde que foi feito o acordo com a Noi, Luiz faz uma avaliação positiva do processo. Os rótulos que eram os mais vendidos – Califórnia (APA) e a 7Vidas (Rye IPA) – voltaram a ser produzidos e já circulam também no Rio e em São Paulo. A Czech Pilsner Miau, que atualmente só é encontrada em barril, deve virar cerveja de linha e ganhar garrafa (ou lata) própria. A premiada Doppelbock está prevista para voltar ao mercado, neste inverno.

Luiz conta que todas as decisões são tomadas em conjunto com a direção da Noi e cabe ao cervejeiro de lá, Guilherme Zanin, ficar à frente da produção das receitas. Já a burocracia, inerente aos negócios, foi um peso que a parceria lhe tirou das costas:

– A engenharia tributária, no Brasil, é um desafio árduo para o pequeno empreendedor. Nesse aspecto, o país é hostil. Essa parte administrativa, tributária é complicada de fazer quando se tem uma estrutura pequena. A Noi tem uma estrutura montada. Isso permite que a gente ocupe a cabeça para guiar a marca com mais zelo.

Se fosse lançar a W*Kattz hoje, Luiz diz que não mudaria muita coisa. Admite que seu produto é de nicho e acredita ter sido “assertivo em buscar um certo refinamento no beber e no olhar” para suas cervejas. E continua sem pretensão de ver seus rótulos sendo produzidos em “volumes astronômicos”.

Na sua opinião, da época em que lançou a marca, até o momento, acha que o mercado passou por acomodações, mas está consolidado e cresce devagar e sempre. Se há um norte que direciona o segmento neste momento, ele acredita que é a necessidade de profissionalização.

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