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Vacina bivalente contra Covid: entenda a importância do reforço que começa a ser aplicado em Niterói

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Em entrevista ao A Seguir, pesquisador da Fiocruz explica detalhes sobre o novo imunizante que protege contra uma variante mais transmissível
vacina bivalente - prefeitura de niterói
A vacina bivalente começou a ser aplicada nesta segunda-feira (27) em Niterói. Foto: Luciana Carneiro

A vacinação contra a Covid iniciou mais uma etapa nesta segunda-feira (27), em Niterói, e em todo o país. Nesta nova fase, a população elegível à vacina bivalente receberá o reforço do imunizante da Pfizer. De acordo com especialistas de saúde, a vacina bivalente é uma atualização em relação aos primeiros imunizantes fabricados contra a Covid-19. Isso quer dizer que além de proteger contra a cepa original do coronavírus, ela protege também contra as subvariantes da Ômicron, que é mais contagiosa. O objetivo do reforço com a bivalente é expandir a resposta imune relativa à variante ômicron e melhorar a proteção da população.

Leia mais: Niterói começa a aplicar vacina bivalente contra a Covid nesta segunda (27); veja o calendário

Para receber a bivalente, aqueles que estiverem no grupo prioritário já deverão ter tomado pelo menos duas doses da vacina monovalente. Além disso, o reforço será aplicado somente naqueles que receberam a última dose há mais de 4 meses.

Quem receberá o imunizante?

O Ministério da Saúde dividiu os grupos prioritários em cinco fases e informou que a vacinação será escalonada em etapas, conforme o envio das doses aos estados e o recebimento de novas doses pela Pfizer. Em nota, a pasta informou que, nesta primeira fase, serão imunizadas as pessoas acima de 70 anos, pessoas que vivem em instituições de longa permanência (ILP), pacientes imunocomprometidos e comunidades indígenas, ribeirinhos e quilombolas (veja datas abaixo na matéria).

Em seguida, serão imunizadas as pessoas com mais de 60 anos, gestantes e puérperas, trabalhadores de saúde, pessoas com deficiência e população privada de liberdade. Estados e municípios podem definir seus próprios calendários.

Desde o início da pandemia, o coronavírus vem sofrendo mutações. Atualmente, a variante que predomina no mundo é a ômicron, que é bem diferente do vírus original, sendo mais transmissível. As primeiras vacinas usadas no combate à pandemia, também chamadas de “monovalentes”, fornecem menos proteção em relação à variante dominante. Ainda assim, as vacinas monovalentes continuam sendo eficazes contra casos graves, ajudando a evitar óbitos e hospitalizações.

O A Seguir: Niterói conversou com o pesquisador de saúde pública da Fiocruz, Leonardo Bastos, sobre as características da vacina bivalente e suas principais indicações. Confira:

– Quais são as características da vacina bivalente? Como é a sua composição?

A vacina bivalente da Pfizer é uma versão mais atualizada da vacina do mesmo laboratório. A primeira vacina foi desenvolvida tendo a cepa original de Wuhan como base. Já a versão bivalente tem, além da cepa original, uma variante da Ômicron em sua composição.

Para isso, é usada a tecnologia do mRNA com dois códigos genéticos. No caso da Pfizer, está sendo usado o código da cepa original do coronavírus e o da variante Ômicron, que é a predominante nas infecções recentes no mundo todo.

– Como fica a proteção de quem toma a vacina bivalente em relação a quem não toma?

A vacina bivalente oferece também proteção contra a variante Ômicron, que é a mais frequente desde janeiro de 2022. Logo, quem toma a vacina bivalente tem uma chance menor de que uma eventual infecção evolua para um caso grave. Há também evidencia na literatura que a vacina, não necessariamente a bivalente, protege contra reinfecções e contra a Covid longa.

– Para quem é indicada a vacina bivalente?

Ela é indicada para todos, no entanto, por conta de estoques limitados é dada a prioridade para grupos de maior risco de hospitalização e óbito em caso de infecção pelo vírus.

– Para a população geral é mais provável a aplicação da quinta dose ou da vacina bivalente?

Seria melhor se todos pudessem tomar a vacina bivalente, mas o Ministério da Saúde precisa avaliar o custo-benefício de diferentes estratégias de vacinação para a população geral.

– Quem contempla os pacientes imunossuprimidos?

Imunosuprimidos são pessoas apresentam enfraquecimento do sistema imunológico. Nessa lista entram, por exemplo, as pessoas transplantadas, pessoas convivendo com HIV, pessoas com doença renal crônica em hemodiálise, pacientes oncológicos, etc.

– Há previsão de atualização da vacina bivalente em relação às novas cepas? Há algum estudo da Fiocruz em curso?

Acredito que a Pfizer e outros laboratórios estejam já se preparando para futuras atualizações da vacina, caminhando para uma situação similar a vacina contra a Gripe (influenza) na qual a vacina é anualmente atualizada com as cepas mais frequentes. Não sei se há estudos na Fiocruz nessa linha, isso não significa que não tenham. Mas simplesmente que eu não conheço.

Como funciona

Diferentemente das imunizações tradicionais, que usavam uma versão morta do vírus para que o corpo pudesse produzir anticorpos, as vacinas de mRNA são uma inovação na forma de fabricar imunizantes.

O mRNA tem a função de carregar as informações necessárias para a síntese proteica. Esses dados são captados pelos ribossomos (organelas que, entre outras funções, sintetiza, proteínas dentro das células). A partir disso, o corpo é capaz de produzir uma proteína específica, a proteína S, usada pelo vírus para invadir as células saudáveis.

Assim, os anticorpose linfócitos T, que fazem parte do sistema imunológico, podem aprender essa informação para combater a proteína de um vírus real. Portanto, é possível imunizar uma pessoa sem que o corpo tenha contato com o vírus, usando apenas um código genético.

Calendário 

  • Fase 1 (a partir de 27/02): Pessoas acima de 70 anos; pacientes imunossuprimidos a partir de 12 anos; pessoas vivendo em ILPs (instituições de longa permanência) e comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas;
  • Fase 2 (a partir de 06/03): Pessoas de 60 a 69 anos;
  • Fase 3 (a partir de 20/03): Gestantes e puérperas;
  • Fase 4 (a partir de 17/04): Profissionais da saúde;
  • Fase 5 (a partir de 17/04): Pessoas com deficiência permanente a partir de 12 anos, pessoas privadas de liberdade e adolescentes cumprindo medidas socioeducativas

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