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Um doutor nos teclados pela noite de Niterói

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Um dos obstetras mais conhecidos de Niterói, Antonio Carlos Pantaleão se apresenta ao piano no próximo sábado (18), no Jardim Icaraí
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O doutor Pantaleão, no piano. Foto: acervo pessoal

Um dos obstetras mais famosos de Niterói, Antonio Carlos Pantaleão vai “atuar”, no próximo sábado (18), em um ambiente que  em nada se parece com um hospital. Aos 82 anos, ele fará uma apresentação na loja Colabora Nóbrega, no Jardim Icaraí. Sozinho no teclado, vai tocar clássicos da MPB. A sensibilidade do médico de Niterói não se resume ao piano: a renda do couvert artístico de  R$ 20 será toda  doada para  o Lar da Beth, uma casa de acolhimento para pessoas carentes da cidade.

Será um show mais para o intimista, com música não muito alta, segundo o artista.

– Ficar em um ambiente com som alto onde não se pode conversar é desagradável – comenta.

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Sim, ele não espera que as pessoas prestem total atenção na sua performance. Diz não se importar com esse “detalhe”, mas está fazendo a sua parte: com seis CDs lançados e longa carreira ao piano, ensaia diariamente para fazer bonito diante da plateia.

Os ensaios são com o seu professor, o músico Marvio Ciribelli , com quem tem aulas semanais, há anos.

Filho de um também famoso obstetra da cidade, José Pereira Pantaleão, ele ainda não imaginava que seguiria os passos do pai quando tocou, pela primeira vez, em uma tecla de piano. Tinha 10 anos e, literalmente, encostou um dos dedos no instrumento que tinha na casa da avó, depois de ver tocar um primo a quem muito admirava.

– Meu primo começou a me ensinar a tocar o ‘Parabéns pra você’. Minha mãe viu e perguntou se eu gostaria de ter aulas de música. Eu respondi que sim – conta.

As aulas foram de piano clássico, com direito a audições a cada final de ano. Na adolescência, se rebelou, largou as aulas formais e passou a tocar músicas pop, de ouvido mesmo.

No repertório do seu show, os clássicos que vai apresentar são de autoria de compositores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico  Buarque, Caetano Veloso e Pixinguinha – “Carinhoso” não poderia faltar.

Na verdade, ele vai decidir na hora, ao sabor do clima do local, o que vai tocar dentre as 60 músicas que selecionou. A apresentação está prevista para começar às 19h e ele não tem ideia por quanto tempo irá tocar. Está atento, porém, à orientação dada pelos amigos donos da loja: a música precisa acabar cedo para não incomodar os vizinhos.

Engana-se quem pensa que será sua estreia no mundo dos shows. A pedido de um amigo, ele se apresentou durante três meses em um restaurante (que não existe mais) que tinha um piano no salão.

– Eu tocava e as pessoas não estavam nem aí. Eu só ficava observando. Via casais iniciando ou terminando relacionamentos – lembra.

Durante a pandemia, Pantaleão usou suas habilidades ao piano para levar alegria para familiares e amigos. Ele gravava sua apresentação do dia e enviava por WhatsApp.

Aposentado há mais de 20 anos, tem a música como uma terapia ocupacional. Mesmo no auge da carreira, ainda com os três filhos pequenos, a qualquer hora, ele tocava em casa, nem que fosse uma única música, todos os dias.

Apesar da companhia do piano ao longo da sua vida, Pantaleão afirma que nunca sonhou com a carreira artística. Ao contrário do amigo de colégio Sérgio Mendes, com quem chegou a tocar no período em que hoje se chama Ensino Médio.

– A família dele (Sérgio Mendes) queria que ele fosse médico. Chegamos a fazer cursinho juntos. Ele abandonou os estudos porque queria tocar. Eu nunca pensei em seguir a música e ele tocava muito melhor do que eu. A última vez que o encontrei, foi nas barcas. Ele contou que estava indo para os Estados Unidos tentar fazer carreira – conta.

Da mesma forma que Sérgio Mendes brilhou nos palcos do mundo, Pantaleão brilhou nos hospitais. Reza a lenda que pelo menos metade dos moradores de Niterói nasceu com ele. O médico não concorda. Acha que essa proeza quem fez foi seu pai.

Ele admite, porém, que já passou por situações bem engraçadas em relação a isso:

– Uma vez, entrando em um restaurante, uma cliente me viu, acenou e falou para o filho: ‘olha lá o seu pai’ – conta.

Um pai amoroso de tantos filhos e de tanta dedicação à música, Pantaleão sentará ao piano do Colabora a partir das 19h deste sábado. O Lar da Beth, que receberá a doação da renda do show, fica no Largo da Batalha, onde vivem crianças, adolescentes e idosos carentes. Beth é uma ex-moradora de rua que cuida da casa sem ajuda governamental  e conta com a ajuda de amigos e simpatizantes de seu trabalho para manter a casa e cuidar de todos os que vivem lá.

Serviço

Antonio Pantaleão no teclado do Colabora – Nóbrega

Sábado, 18 de março, às 19h

Couvet artístico: R$ 20, a ser revertido para o Lar da Beth

O Colabora Nóbrega fica na Rua Nóbrega 131, no Jardim Icaraí

 

 

 

 

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