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Trilhas de Niterói revelam “O espetáculo da mais bela natureza”

Por Redação
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Cidade tem pelo menos 36 trilhas e 7 mil hectares de áreas verdes, quase todas já abertas
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Costão de Itacoatiara, na Região Oceânica: uma das trilhas mais visitadas Foto: Divulgação/Inea/Luiza Reis
“Todas as quintas-feiras saímos às quatro horas da manhã. Vamos de barco para o lado da baía oposto à cidade e fazemos excursões no campo. Tomamos banho, almoçamos e jantamos lá mesmo. Vão conosco o cozinheiro, o comissário e toda espécie de provisão. Contemplamos o espetáculo da mais bela natureza que é possível imaginar.”
 
O ano era 1849 e o relato é de Edouard Manet (1832-1883), o mestre do impressionismo francês, que passou uma temporada na Baía de Guanabara como simples marinheiro no barco-escola Havre et Guadeloupe“. O passeio a Niterói, como conta, era de encantamento, mas é reproduzido aqui por uma frase: “O espetáculo da mais bela natureza que é possível imaginar”. Já se passaram mais de 170 anos e, mesmo com toda a degradação, agressões e construções levantadas depois, a natureza de Niterói ainda impressiona.
 
E o melhor: dá para apreciar grande parte dela pelas 36 trilhas em unidades de conservação, como o Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit), o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), a Reserva Ecológica Darcy Ribeiro e outras em espaços urbanos. Outra boa notícia: fechadas na pandemia do Covid-19, as trilhas já estão abertas, embora com protocolos sanitários de segurança.
Esta cidade que impressionou Manet pela beleza da natureza ainda tem 7.495 hectares de áreas verdes preservadas, contabilizando 56% do território protegido por lei. Segundo a Prefeitura, estima-se que há 123,2 metros quadrados de florestas para cada habitante, uma das maiores proporções de áreas protegidas per capita em regiões metropolitanas do Brasil. No fim de semana do Dia da Proteção das Florestas e do Dia do Protetor das Florestas, o Curupira, ambos celebrados em 17 de julho, o A Seguir: Niterói destaca nossas florestas e trilhas.
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, as trilhas geridas pelo município já estão abertas e sinalizadas. Das 36 catalogadas, 23 são de responsabilidade da Prefeitura de Niterói, sendo 19 trilhas no Parnit, 4 espalhadas em outras unidades de conservação e 13 no Peset, estas do governo do Estado do Rio.
Além do verde das trilhas, quem visita os locais surpreende-se com a beleza em volta. Muitas têm paisagens com uma vista de 360 graus para toda a cidade, a Serra dos Órgãos e para o Rio de Janeiro. Mas as trilhas não se resumem só à beleza da fauna e da flora. Têm muita história também, já que algumas passam por quilombos de grande importância.
 
A Rota Darwin, por exemplo, contempla locais em que o naturalista Charles Darwin percorreu quando esteve em Niterói, na famosa expedição à América do Sul, por um caminho de 74 km que liga o município pela Praça Arariboia, no Centro, a Maricá. Este percurso integra um dos quatro corredores da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (Rede Trilhas), lançado pelo Governo Federal.
 
A maior das trilhas é a Travessia Tupinambá, de aproximadamente sete quilômetros. Ela sai do Parque da Cidade, em São Francisco, e chega ao Jardim Imbuí, em Piratininga. Ao longo do percurso, há pontos de observação, como os mirantes da Pedra Quebrada e da Tapera, sítios históricos, um córrego, e claro, a própria Mata Atlântica. Todo o caminho, aberto em 2017, é sinalizado e leva cerca de três horas.
O Parque da Cidade ainda tem outras trilhas, como o Bosque dos Eucaliptos, local de muitos ensaios fotográficos, e um percurso que sai do Cafubá, próximo ao Túnel Charitas-Cafubá, na Região Oceânica. Este passará ainda por intervenções de segurança e melhoria de infraestrutura devido à erosão do solo. O caminho tem aproximadamente dois mil metros de extensão e duração de duas horas a pé.
Na mesma estrada do Morro da Viração, que se chega ao Parque da Cidade, há um acesso para o Morro do Santo Inácio, uma trilha de 450 metros de altura. O cume é uma pequena área da pedra em volta de uma vegetação alta, mas a vista para o bairro de São Francisco e a Baía de Guanabara, além do Rio de Janeiro, surpreende.
“Da cidade de Nichteroy… nada há mais a dizer, a não ser que sua situação é muito pitoresca, e que a sua superioridade está apenas nas belezas naturais que a cobrem.”
(Maurício Lamberg, 1896)
Vista do Morro do Morcego, em Jurujuba. Foto: Divulgação/Sheik Adventure
O guia Luiz Antonio Pereira da Silva, o Sheik, conhece bem as trilhas de Niterói. Há seis anos ele costuma se aventurar pelos percursos aos fins de semana com grupos de diferentes cidades, às vezes viajando para outros municípios. Ele diz que o período da pandemia, sem poder trilhar, foi um “baque”.
– Esse tempo sem o contato com a natureza foi bem difícil para quem gosta de curtir o verde, o ar livre. Para mim, como profissional também, foi bem complicado, mas aos poucos estamos voltando à ativa. Recentemente fomos ao Morro do Morcego, em Jurujuba. Antes de sair, uso um termômetro para medir a temperatura das pessoas e todos usamos máscara – diz, completando que algumas trilhas do Peset estão fechadas e que o Inea está fiscalizando para evitar aglomeração.
A cidade segue a padronização da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (Rede Trilhas), uma iniciativa do Governo Federal. Assim, as trilhas mostram o caminho por meio de uma pegada de uma bota em preto e amarelo, mas com elementos de Niterói, como o Museu de Arte Contemporânea (MAC).
Sinalização da Prefeitura nas trilhas de Niterói. Foto: Divulgação/Prefeitura
Mesmo sendo em áreas ao ar livre, é preciso ter cuidado ao fazer a visita. Além de evitar a aglomeração, a prefeitura recomenda aos visitante que sempre sigam o protocolo de distanciamento entre as pessoas para evitar contágio do Covid-19.
Serra da Tiririca
As trilhas mais famosas de Niterói integram o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), como o Costão de Itacoatiara, a Pedra do Elefante, no Alto Mourão, e o Morro das Andorinhas. Por serem as mais conhecidas e, portanto, mais cheias, estão fechadas devido a pandemia. Já o Caminho de Darwin, que começa na Rua São Sebastião, no Engenho do Mato, está aberto para visitação.
A trilha do Costão de Itacoatiara começa a poucos metros da praia. Visada tanto por caminhantes quanto pelos escaladores, a pedra tem 217 m de altitude, perfeita para desfrutar das paisagens da Região Oceânica, Morro das Andorinhas, Pedra do Elefante e Maricá. É pela mesma entrada, no Posto de Recepção ao Visitante, localizado na Rua das Flores nº 24, que se chega à Enseada do Bananal, uma pequena baía repleta de blocos de pedra que adentram o mar. Há uma fenda de paredões verticais conhecida como “garganta”, onde muitos se aventuram no rapel.
A Pedra do Elefante está localizada entre as Praias de Itacoatiara e de Itaipuaçu, em Maricá, e começa no ponto mais alto da estrada da Serrinha (Estrada Gilberto Carvalho), cerca de 50m antes de se chegar ao Mirante de Itaipuaçu. Com seus 412m de altitude, é o ponto culminante do parque e também da cidade de Niterói, com aproximadamente 3h30 de travessia.
O Morro das Andorinhas é uma das trilhas mais fáceis de Niterói, uma elevação alongada de 2,6 km de extensão e 196 m de altitude. Divide as praias de Itaipu e Itacoatiara, tem fácil acesso pela Rua da Amizade, em Itaipu, e diferentes mirantes ao longo de todo o percurso.

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