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Ator Thiago Lacerda produz sua primeira cerveja na Malteca, em Jurujuba

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Em entrevista para o A Seguir, ele contou sobre sua experiência como produtor de lúpulo, em Petrópolis, na região serrana do Rio
Thiago Lacerda
Em 2022, o ator passou a se dedicar também à produção de lúpulo. Foto: Sônia Apolinário

Com 15 quilos de lúpulo fresco colhidos da própria fazenda, Thiago Lacerda produziu a primeira cerveja da marca que está para lançar, a Riad. A brassagem foi feita nesta quinta-feira (28), na Malteca, cervejaria de Niterói que fica em Jurujuba.

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A planta foi colhida horas antes de ir para a “panela”, na sua fazenda (que também se chama Riad), em Petrópolis, cidade serrana fluminense. Thiago começou a produzir lúpulo em setembro de 2022 e está prestes a fazer sua segunda colheita. Para produzir o seu primeiro rótulo, ele convidou o cervejeiro Leonardo Botto para a elaboração da receita.

A Seguir acompanhou a brassagem e conversou com exclusividade com Thiago, conhecido pelo grande público por conta do seu trabalho como ator, principalmente, em novelas e séries de TV de grandes audiências como “Terra Nostra”, “Páginas da Vida” e “A Casa das Sete Mulheres”.

O lúpulo foi colhido das 6h às 10h, desta quinta-feira (28), na fazenda do Thiago Lacerda (D). Foto: Divulgação

Thiago, o produtor rural

Segundo ele, foi de forma “casual” que a ideia de produzir lúpulo chegou à sua vida. Há 15 anos, ele tem uma propriedade “com uma área generosa” em Petrópolis, que utilizava como casa de veraneio da família.

– Sempre gostei da terra, da produção do campo. Na pandemia, comecei a pensar em uma forma de aproveitar melhor a fazenda, de torna-la sustentável, como um plano de família. Nessa época, dei uma escapada para tomar uma cerveja em Itaipava (distrito de Petrópolis). Estava na rua e um desconhecido puxou conversa. Era um cervejeiro. Conversamos sobre os insumos para fazer cerveja e fiquei sabendo que o Brasil importa 100% do lúpulo que produzi. Fiquei com isso na cabeça e fui pesquisar sobre lúpulo. Já tinha pesquisado sobre produção de morango e palmito – contou ele.

Nessa pesquisa, Thiago acabou seduzido pela planta que considera “carismática” e, depois, inebriado pelo seu cheiro, “uma delícia”. Naquele momento, ele tomou conhecimento que a produção de lúpulo no Brasil era insipiente e que pouco se sabia sobre essa cultura.

Oito meses depois daquele encontro casual, aconteceu um segundo tão casual quanto. Na oficina mecânica, onde levara seu carro, conheceu uma pessoa que estava se aventurando na produção de lúpulo. Por seu intermédio, foi apresentado a Teresa Yoshiko, pesquisadora que conseguiu legalizar a produção de lúpulo no Brasil.

– Foi ela quem, efetivamente, me levou para a produção de lúpulo – afirmou – Posso resumir em três fatores o que me levou a iniciar essa atividade: uma certa perspectiva econômica, curiosidade e encontros da vida. Não programei os encontros e eles estavam conectados, sinal de que havia um caminho nisso.

Em setembro de 2022, ele plantou 1.200 pés de lúpulo, a maioria Comet, em 3 mil metros quadrados da sua fazenda. A primeira colheita, no começo de 2023, rendeu cerca de 1 quilo da planta – que ele distribuiu entre vários cervejeiros que fizeram produções experimentais. A segunda colheita está prevista para fevereiro de 2024. Thiago acredita que renderá um pouco menos.

Os desafios ou como ele diz, os “gargalos da produção” ficaram por conta  de ter que lidar com fungos nas plantas, a umidade da região e a insolação. Apesar de ainda não saber exatamente como a planta vai se “portar”, ele afirmou que as análises laboratoriais da sua produção estão apontando para uma “qualidade satisfatória” que ele mesmo considera “surpreendente”.

Enquanto o campo vai sendo desbravado, ele segue ampliando os negócios. No segundo semestre de 2024, pretende abrir as portas da fazenda para visitações e experiências na lavoura, o que permitirá, por exemplo, que qualquer pessoa possa vir a colher o lúpulo. Experimentar cervejas e harmonizá-las com comidas, lá mesmo na fazenda, também faz parte dos planos.

Além disso, Thiago começou a fazer os primeiros investimentos em equipamentos para beneficiamento do lúpulo. Ao mesmo tempo, tem investigado o uso da planta para fins também fitoterápicos.

É possível que as pessoas façam a visitação da fazenda só para ver o ator Thiago Lacerda?

– É possível. Me ver não vai fazer parte do pacote, mas vai que a gente está lá. Afinal, é nossa casa – disse ele que é casado com a também atriz Vanessa Lóes. O casal tem três filhos.

Caberá a Vanessa, que também participou da brassagem na Malteca, cuidar mais dessa parte turística do negócio. E não, ela não “comprou” a ideia de produzir lúpulo de cara.

– Quando falei, ela disse, ‘Ah, lá vai você inventar moda’. Eu invento modas mesmo (risos). Ela ficou cabreira, na dúvida, até que percebeu que era sério. Agora, está envolvida, principalmente, com as experiências – contou.

Riad, a cerveja

Para fazer a cerveja foram consumidos 15 quilos de lúpulo fresco. Foto: Sônia Apolinário

Também foi por acaso que Thiago conheceu Leonardo Botto, há oito anos, quando ambos tiveram bares, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Quando decidiu que teria sua própria cerveja, chama-lo para criar a receita lhe pareceu “natural”.

Segundo Botto, a ideia é fazer mil litros da cerveja, feita com todos os insumos nacionais. Na brassagem, todos que estavam na Malteca foram convocados para manipular o lúpulo fresco que foi utilizado em diversas etapas do processo de produção da cerveja.

– O lúpulo Riad tem um terroir que traz notas de manga e goiaba. Vou usar uma levedura que vai acrescentar um pouco de condimento e picância. Confesso que o estilo não será muito definido. Está para uma Summer Ale. A cerveja terá por volta de 5% de teor alcoólico, com amargor médio-baixo. Será muito fácil de beber – afirmou Botto.

Como consumidor, Thiago afirmou que sempre foi fã de cerveja, mas as artesanais eram ainda um tanto misteriosas para ele até se envolver com a produção de lúpulo.

– Não sou um grande conhecedor, mas, depois desse processo, desenvolvi uma percepção maior da bebida. Não sei identificar estilos. O que sei é que gosto de cerveja mais forte, que tenha corpo, estrutura, algum amargor. Tudo com equilíbrio – afirmou.

Sobre a sua própria cerveja, ele disse que a ideia é criar uma bebida brasileira, que represente o terroir de Petrópolis. A produção foi feita na Malteca por sugestão de Botto, “e cá estamos”.

– Tudo ainda é um mistério para nós. Ainda estamos aprendendo e é um desafio. Nisso tudo, uma coisa que me surpreendeu foi o ambiente cervejeiro. Recebi muita colaboração. Achei um ambiente inclusivo. Está sendo uma experiência legal.

Thiago, Vanessa e Botto, todos com camisa verde, junto com a equipe da Malteca. Foto: Sônia Apolinário

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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