COMPARTILHE
Escrita em 2005 pelo dramaturgo e diretor de teatro chileno Guillermo Calderón, “Neva” estreia em curta temporada no Teatro da UFF nesta quinta-feira (1). A peça é uma versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima desse que é um dos mais conhecidos dramaturgo chileno da atualidade. A história se passa em São Petersburgo, então capital do Império Russo, no dia 9 de janeiro de 1905, que ficou conhecido como Domingo Sangrento.
Leia mais: Trecho da Orla da Boa Viagem será fechado aos domingos para prática de atividade física
Neste dia, manifestantes que marchavam para entregar uma petição ao Czar, reivindicando melhores condições de trabalho nas fábricas, foram fuzilados pela Guarda Imperial. A ação de “Neva”, no entanto, se passa dentro de um teatro, onde um ator e duas atrizes que iriam se encontrar para ensaiar “O Jardim das Cerejeiras”, acabam se abrigando do massacre que acontece nas ruas e que será o estopim da revolução que acontecerá posteriormente no país.
Uma das atrizes trancada dentro do teatro é a alemã Olga Knipper (Patrícia Selonk), primeira atriz do famoso Teatro de Arte de Moscou, que foi casada com o dramaturgo russo Anton Tchekhov. Sentindo-se incapaz de representar, depois da morte do marido por tuberculose acontecida há seis meses, e na tentativa de seguir vivendo – enquanto lá fora a cidade desaba –, Olga instiga Masha (Isabel Pacheco) e Aleko (Felipe Bustamante) a encenarem repetidamente junto com ela a morte de Tchekhov.
Entre incertezas artísticas e embates políticos, a pergunta que mais se impõe é “para que serve o teatro?”. Conhecido pelo seu humor feroz, Calderón escreve sobre uma Rússia conflagrada politicamente no início do século 20, mas reflete sobre o seu Chile da década de 1970 e, talvez, sobre o Brasil desses anos obscuros. A discussão proposta pelas personagens oscila entre a afirmação da absoluta necessidade da arte (“Temos que fazer teatro. Temos que fazer uma peça que nos cure a alma.”) e da sua total irrelevância (“Pra que perder tempo fazendo isso? O teatro é uma merda. Querem fazer algo que seja de verdade: saiam às ruas.”).
“Neva” não teve nenhum patrocínio, e contou com a colaboração de mais de 80 pessoas que participaram da campanha “Colabore com o novo espetáculo do Armazém”, divulgado nas redes sociais da companhia.
Sobre a Armazém Companhia de Teatro
Em 2022, a Armazém Companhia de Teatro comemora 35 anos de atividades ininterruptas apresentando seu novo espetáculo “Neva” no Rio de Janeiro (estreia nacional). Com mais de 40 prêmios nacionais no currículo, a companhia também foi premiada duas vezes no Festival Fringe de Edimburgo (na Escócia), com o prestigiado Fringe First Award (2013 e 2014) e no Festival Off de Avignon (na França), com o Coup de Couer de la Presse d’Avignon (2014).
A Armazém Companhia de Teatro foi formado em 1987, em Londrina, em meio à efervescência cultural vivida pela cidade paranaense na década de 80. Liderados pelo diretor Paulo de Moraes, o senso de ousadia daqueles jovens buscando seu lugar no palco impregnaria para sempre os passos do grupo: a necessidade de selar um jogo com o seu espectador, a imersão num mundo paralelo, recriado sobretudo pela ação do corpo, da palavra, do tempo e do espaço.
Com sede no Rio de Janeiro desde 1998, a companhia baseia seus espetáculos em pesquisas temáticas (com a criação de uma dramaturgia própria com ênfase nas relações do tempo narrativo) e formais (que se refletem na utilização do espaço, na construção da cenografia, ou nas técnicas utilizadas pelos atores.
“Gato” (1993), “Alice Através do Espelho” (1999), “Hamlet” (2017) e “Angels in America” (2019) são algumas das peças da Armazém Companhia de Teatro.
Serviço:
Data: 1 a 4 de dezembro, quinta a sábado, às 20h e domingo, às 19h.
Local: Teatro da UFF
Endereço: Rua Miguel de Frias, 9
Ingresso: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada), pela bilheteria ou pelo link
Classificação: 14 anos
Duração: 80 minutos
Ficha técnica
Neva
Texto de Guillermo Calderón
Montagem da Armazém Companhia de Teatro
Direção: Paulo de Moraes
Tradução: Celso Curi
Elenco: Patrícia Selonk (Olga Knipper), Isabel Pacheco (Masha) e Felipe Bustamante (Aleko)
Interlocução Artística: Jopa Moraes
Iluminação: Maneco Quinderé
Música: Ricco Viana
Figurinos: Carol Lobato
Instalação Cênica: Paulo de Moraes
Maquete ‘Teatro de Arte de Moscou’: Carla Berri
Mecânica da Maquete: Marco Souza
Design Gráfico e Vídeos: Jopa Moraes
Fotografias: Mauro Kury
Preparação Corporal: Patrícia Selonk e Ana Lima
Técnico de Montagem: Djavan Costa
Assistente de Produção: William Souza
Produção: Armazém Companhia de Teatro
COMPARTILHE