12 de março

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Sossego, até quando? Praia queridinha de Niterói atrai jovens, mas sofre com superlotação e preços abusivos

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Dificuldade para estacionar, barulho de caixa de som e pouca variedade de alimentos são outros problemas apontados
Praia do Sossego. Foto- Prefeitura de Niterói
Praia do Sossego. Foto: Divulgação/Prefeitura

Premiada quatro vezes com o selo Bandeira Azul, uma das maiores honrarias internacionais voltadas à gestão ambiental de praias, a Praia do Sossego corre o risco de perder o posto da praia mais agradável de Niterói.

Leia mais: Governo federal destina R$ 800 milhões para investimentos em Niterói

A perda de alguns encantos após a facilidade do seu acesso, com a implantação da escada de pedra – antigamente era por trilha – levou ao crescimento da sua popularidade.

Outro ponto favorável são os bons índices de balneabilidade, coisa rara hoje em dia no Rio de Janeiro, o que acaba sendo um atrativo para muitos frequentadores.

A vista também é convidativa: da faixa de areia ao mar é possível observar de uma tacada só: o Corcovado, o Pão de Açúcar e a Pedra da Gávea. Um deslumbre a parte.

Entre os prós e contras, a Praia do Sossego segue atraindo cada vez mais um público fiel, mas tem perdido o charme para parte do antigo público frequentador, que tem migrado de praia ou repensado a ida à praia em feriados e fins de semana.

Acesso

A Praia do Sossego fica localizada entre a Praia de Camboinhas e Piratininga. De pequeno porte, a praia é cercada por costões de pedra e pela vegetação da Mata Atlântica.

Praia do Sossego. Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói

O acesso é feito via Camboinhas, após subir uma rua e, depois de descer uma escada de pedra bem tranquila e segura, chega-se a praia, coberta de vegetação em seu entorno.  Também é possível acessá-la pelo mar. Para alguns, a Praia do Sossego remete à Praia de Grumari, no Rio.

A vegetação é toda de restinga (campestre, savânicas e florestais). A praia é, ainda, referência nacional em sustentabilidade.

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos segue realizando trabalhos de educação ambiental com o objetivo de torná-la conhecida e, assim, promover o uso sustentável para recreação e turismo.

O que melhorou

Nos últimos anos, a Praia do Sossego passou por melhorias após as obras de infraestrutura. Além da instalação da escada de pedra que dá acesso à praia, foi feita a instalação de ducha, banheiro e lava-pés, além de intervenções para a infraestrutura turística, acessibilidade, áreas de descanso, mirantes de contemplação acessível a cadeirantes e sistema de infraestrutura verde, com jardins de chuva como forma de manejo de águas pluviais.

A Praia do Sossego pertence ao Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT), parte integrante do programa Niterói Mais Verde.

Outro ponto importante é a presença de um Corpo de Bombeiros que dispõe de guarda vida.

Maltrato e superlotação

No entanto, o Sossego tem passado por umas questões que têm repelido parte de seu público. Um deles é a superlotação da praia nos fins de semana e feriados, o que a desloca da sensação que ela mesmo deseja imprimir no seu público frequentador: a tranquilidade, um oásis em meio ao caos urbano.

– Na última vez que fui à praia era um sábado e estava impossível. Não consegui alugar uma barraca/cadeira de tão cheia que estava, mas ouvi falar que os ambulantes estavam cobrando caro porque muita gente estava querendo. Além disso, como estava cheio, muitas pessoas perdiam a linha com a caixinha de som. Nunca tive problema para estacionar, mas dessa vez estava só consegui parar o carro na rua de baixo – contou a arquiteta Fernanda Silveira.

Fernanda costuma ir à praia com seu namorado, ele morador de Niterói. Ela vem da Freguesia, no Rio.

Os horários de pico costuma ser das 10h às 15h. Em termos de faixa etária, a praia tem sido frequentada por pessoas de várias idades, mas continua predominantemente jovem.

– Para mim, perdeu um pouco de charme por conta dos perrengues, mas acredito que tenha sido um pouco de má sorte. Acho que eu só iria agora se for durante a semana. Das vezes em dia de semana, sem ser feriado nem nada, estava ótima. Porque aí não fica cheia e tudo se resolve (vaga, comida, barulho, etc).

Fernanda conta que um outro ponto que tem notado é a pouca variedade de alimentos vendidos na praia. “Tem pouca opção e poucas pessoas vendendo”.

Seu namorado, que é vegetariano que o diga.

– João sofre, tadinho. A gente sempre acaba subindo para comer na pensão que tem ali perto.

A Praia do Sossego também peca nesse ponto: a pouca variedade de de comida. Sem os quiosques, quase não se vê petiscos. É mais fácil encontrar sanduíches naturais.

Fernanda conta que da penúltima vez que foi tinha gente fazendo fila na escada para conseguir comprar o sanduíche do Marcelo, muito famoso em Niterói.

– O vendedor subia para pegar mais sanduíches, descia e já acabava. Era assim, horas para comer. Nesse quesito é bem ruim.

Além dessa dificuldade recorrente com a alimentação na praia, João Victor guarda outras ressalvas, mas elogia a qualidade da água do mar:

– A água está boa na maioria das vezes, mas ainda é muito difícil estacionar o carro. O acesso, ainda que cansativo, faz dela aconchegante, pelo seu tamanho e a vegetação próxima.

Em relação ao barulho das caixas de som, ele diz que já ouviu algumas vezes, mas não costuma ser frequente.

Marianna Torres, advogada, diz que não tem mais frequentado tanto a praia do Sossego mais. Antigamente, ela batia ponto mais de uma vez na semana. O motivo da redução do interesse: superlotação e preços abusivos dos ambulantes, além do velho problema do estacionamento.

– Para mim, meu novo Sossego é a Prainha de Piratininga, no cantinho direito, mais especificamente. Na praia do Sossego está impossível de parar o carro. Qualquer hora que você chega está lotada. O guarda sol é vendido a R$ 25. Na prainha, eu pago  R$ 15. Agora eu sou uma mulher adulta que quer facilidade. Na prainha de Piratininga eu paro meu carro perto, descobri um local da praia que não fica cheio e o mar ainda é calmo. E ainda tem pescador que vende peixe fresco.

Sossego em dia relativamente cheio. Foto: Marianna Torres

Uma mudança nítida da praia do Sossego nos últimos anos é a presença mais assídua de vendedores ambulantes fixos. Agora há alguns moradores dali também que colocam os guarda sóis, cadeira, água, e montam uma área de venda bem na entrada da praia.

– Quando eu fui da última vez – tem duas semanas – a praia estava um pouco suja, mas era da maré. Mas é isso, quanto mais cheia, mais lixo.

Mas as coisas podem tomar um outro rumo com a nova Operação Verão em Niterói. Desde ó último sábado, 8 de fevereiro, a Prefeitura de Niterói tem recorrido ao uso de drones para intensificar a fiscalização nas praias da cidade e garantir o ordenamento das áreas de lazer.

A ação começou justamente na Praia do Sossego, na Região Oceânica, e monitorou também as praias de Piratininga e Camboinhas.

O uso de drones permite uma visão ampla e eficiente das praias, possibilitando ações rápidas e precisas que garantam o ordenamento.

Funcionamento

Quando o drone identifica alguma irregularidade, os fiscais que estão operando o equipamento devem acionar, imediatamente, os agentes de fiscalização nas praias, para uma resposta rápida e eficaz à situação observada.

A operação, que já está em andamento desde janeiro, conta com a participação diária de 80 funcionários da Prefeitura, que atuam com dez viaturas, cinco motopatrulhas e sete reboques.

Prefeitura cria decreto contra preços abusivos

Justamente os preços abusivos nos alugueís de mesas e guarda-sóis nas praias de Niterói levou a Prefeitura de Niterói a criar um decreto no final de janeiro, que fixou em R$ 21,73 o valor máximo que pode ser cobrado pelos quiosques aos banhistas pelo uso de cadeiras, mesas e guarda-sóis. O valor refere-se ao kit, e não a itens específicos.

Também fica proibido o consumo e a venda de produtos em recipientes de vidro, como garrafas de cervejas e refrigerantes, nas praias da Região Oceânica de Niterói.

O decreto proíbe ainda a ocupação da área de vegetação de restinga, assim como a limpeza de qualquer objeto na restinga ou na faixa de areia.

O texto regulamenta também a carga e descarga nas praias, proibida das 7h às 10h, e das 16h às 19h, nos dias de semana. Nos fins de semanas e feriados, o trabalho de carga e descarga não será permitido das 8h às 19h.

O decreto é válido desde o dia 24 de janeiro. O não cumprimento das normas estabelecidas pode resultar em multa de até R$ 4.347,88, apreensão de mercadorias e equipamentos; suspensão da atividade por 30 (trinta) dias e cassação do Alvará, quando ocorrer reincidência de infração às normas.

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