Eleições 2024. Rodrigo Neves (PDT), o ex-prefeito de Niterói, por dois mandatos, ainda não completou 50 anos e participa de uma eleição pela oitava vez. Esta na política desde a juventude, eleito vereador aos 20 anos. Também foi deputado estadual, secretário na prefeitura e no estado e foi candidato ao Palácio Guanabara, em 2022.

Na entrevista concedida ao A Seguir Niterói, ele fala porque quer voltar à Prefeitura. Diz que o prefeito tem que ser como um síndico e estar sempre presente na vida da cidade. E guarda uma lista de projetos que pretende botar em prática, caso seja eleito, especialmente na Saúde e na Educação. É a sexta entrevista com candidatos à prefeitura de Niterói, feita pelo A Seguir.

Como prefeito, busca, agora, seu terceiro mandato. A primeira vez que tentou ser prefeito de Niterói foi em 2008, mas não obteve sucesso. Em 2012, quando assumiu a gestão de Niterói pela primeira vez, seu vice foi Axel Grael, o atual prefeito. Em 2016, na busca pela reeleição, Neves iniciou a campanha com Grael outra vez como vice na sua chapa, mas, no meio do caminho, quem assumiu a vaga foi Comte Bittencourt. No segundo mandato de Neves, Grael foi seu secretário de Planejamento.

– Quando assumi a prefeitura pela primeira vez, em 2013, aos 36 anos, Niterói sofria uma gravíssima crise desde a tragédia do Bumba, em 2010. A cidade estava quebrada, com seu orgulho ferido e sem projetos. Em um curto período, arrumamos as contas públicas, modernizamos a gestão e fizemos a cidade progredir em todas as frentes. Ao concluir o mandato, em 2020, Niterói consolidou-se como a melhor cidade em qualidade de vida do estado – disse ele que, em 2022, foi candidato a governador do Rio de Janeiro.

Para o A Seguir, em entrevista feita por escrito, Neves disse que segurança, saúde, educação e mobilidade urbana são os temas que receberão atenção especial em um seu eventual novo mandato.

Dessa vez, ele escolheu como vice para compor sua chapa a atleta Isabel Swan (PV), que faz sua estreia na vida político partidária.

Criado no Fonseca e depois de muitos anos como morador de Santa Rosa, atualmente Neves vive em Itaipu, na Região Oceânica. Porém, seu lugar preferido, na cidade, é Jurujuba, porque, como explicou, o bairro lhe remete a bons momentos vividos na infância, em almoços de família.

Caso seja eleito para seu terceiro mandato, ele disse que sua primeira ação será, na verdade, duas: 

–  Contratar mais 200 médicos para melhorar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde para as pessoas que mais precisam e garantir a renda básica do Programa Moeda Social Arariboia para todas as mulheres e mães atípicas, que têm crianças com deficiência em nossa cidade.

Confira a entrevista

O senhor já foi vereador, secretário, prefeito duas vezes, candidato ao governo do estado. Será a sua oitava eleição. Por que quer ser prefeito de Niterói, mais uma vez?

Rodrigo Neves: Niterói é minha causa de vida e eu tenho profundo amor por nossa cidade. Meu bisavô veio para cá em 1916 e criou os 8 filhos no Ingá. O meu avô teve 14 filhos criados no Fonseca. Aqui eu nasci, cresci, me formei na UFF em Ciências Sociais, tive filhos, uma neta e tenho outro netinho a caminho.

Na política, me engajei muito cedo nos movimentos ligados à pastoral social da Igreja Católica, fui líder da União Niteroiense dos Estudantes, vereador, deputado e secretário de estado. Quando assumi a prefeitura pela primeira vez, em 2013, aos 36 anos, Niterói sofria uma gravíssima crise desde a tragédia do Bumba, em 2010. A cidade estava quebrada, com seu orgulho ferido e sem projetos. Em um curto período, arrumamos as contas públicas, modernizamos a gestão e fizemos a cidade progredir em todas as frentes. Ao concluir o mandato, em 2020, Niterói consolidou-se como a melhor cidade em qualidade de vida do estado. No entanto, existem novos desafios que necessitam ser superados e precisamos proteger a nossa aldeia. Niterói não pode correr riscos e retrocessos com aventureiros e extremistas. Quero voltar a fazer um governo ainda melhor e, com a minha vice-prefeita, Isabel Swan, que será a primeira mulher a ocupar esse cargo, e a sociedade civil de Niterói, vou transformar nossa cidade no melhor lugar para viver e ser feliz do Brasil. 

Quais os principais problemas de Niterói o senhor identifica no momento e como pretende solucioná-los, caso seja eleito?

RN: Entre dezenas de propostas, elaboradas com a contribuição da sociedade, nosso programa destaca 12 temas. Elas receberão atenção especial da nossa gestão. Eu gostaria de destacar quatro deles: segurança, saúde, educação e mobilidade urbana. Fizemos uma aposta no meu governo e decidimos investir nessa área e construímos o Pacto Niterói contra a Violência. Foi uma revolução na segurança da nossa cidade. Agora, vamos aprofundar esses investimentos, dobrar o número de homens e viaturas do Niterói Presente e ampliar o “Cerco Eletrônico” para dentro dos bairros. Vamos ter rondas noturnas da Guarda Municipal, principalmente no Centro, onde teremos o novo vetor de desenvolvimento da cidade. Segurança se faz com integração, forças policiais nas ruas e tecnologia. A questão da população em situação de rua será solucionada com ações integradas de assistência social, ordem pública e saúde.

Na saúde, vamos criar centros regionais de exames e especialidades para descentralizar os atendimentos e contratar mais de 200 médicos.

Faremos um investimento ainda maior na Educação, que já avançou muito nos últimos governos, com recorde de escolas construídas nos meus oito anos de gestão. Vamos instituir o turno completo com atividades pedagógicas, esportivas e culturais para as crianças e colocar creches e escolas para crianças de 0 a 6 anos. Mas precisamos melhorar.

A mobilidade é um desafio histórico da cidade. Avançamos muito, com a abertura do túnel Charitas-Cafubá, com os mergulhões, o BHLS e o alargamento da Av. Marques do Paraná e Rua Paulo Alves, por exemplo. Agora, nosso foco será baixar o preço das passagens e aumentar a frequência dos catamarãs e dos ônibus. Ciclovias, que foram um investimento importante da cidade nos últimos anos, saindo de 0 para quase 100 km, serão ampliadas, além de levarmos as estações do NitBike para todos os bairros para o niteroiense.

O trânsito é um tema recorrente na cidade. Os congestionamentos são cada vez piores e o transporte público se deteriora. Os moradores reclamam que as passagens são caras e diminuiu a frota de ônibus em circulação, os pontos estão lotados a qualquer hora do dia. Como resolver esta situação?

RN: Num curto período, tiramos do papel obras que eram esperadas há décadas, como o Túnel Charitas-Cafubá, os mergulhões da Marquês do Paraná e da Praça Renascença, a duplicação da Rua Doutor Paulo Alves, a modernização das avenidas Amaral Peixoto e ampliação da Marquês do Paraná, dentre várias outras obras para melhorar a infraestrutura urbana e viária. Saímos de zero para quase 100 quilômetros de ciclovias, inclusive a ciclovia mais movimentada do Brasil, no Centro, e agora o programa de bicicletas compartilhadas. Obrigamos a climatização das frotas de ônibus. Em 2013, Niterói tinha três tarifas de transporte público e reduzimos para a mais baixa.

Entretanto, após a pandemia, houve uma deterioração do transporte não só em Niterói, mas também no Rio e em todo o Brasil. Nós vamos reduzir o preço da passagem e vamos aumentar a frequência dos ônibus e catamarãs. Para o catamarã de Charitas, o valor da tarifa vai cair dos atuais R$ 21 para R$8. A população vai poder contar com ônibus e barcas mais baratos, com redução dos intervalos na circulação, com internet grátis nas estações e um aplicativo com a localização dos ônibus em tempo real. O novo Terminal Rodoviário do Caramujo e a nova Alameda São Boaventura também vão ajudar a desafogar o trânsito. Claro que as bicicletas não ficarão de fora. Vamos chegar a 160km de ciclovias, um transporte ecológico, fácil e saudável, além de levar o NitBike a todas as regiões da cidade. 

Niterói foi pioneira na implantação do Médico de Família, um marco na Saúde pública. Mas hoje a cidade apresenta problemas e uma fila recorrente de pessoas que buscam atendimento médico e às vezes têm que esperar até seis meses por uma consulta. Como avalia essa situação?

RN: Ao longo dos meus oito anos de governo, aumentamos o orçamento da Saúde de 80 para 800 milhões de Reais. Por isso, reabrimos a emergência do Getulinho, reabrimos a Policlínica do Largo da Batalha, modernizamos e ampliamos a Unidade de Pronto Atendimento Mário Monteiro, na Região Oceânica; implantamos 45 unidades de saúde em oito anos de governo, um número recorde; ampliamos o Programa Médico de Família, que alcançou 100% de abrangência na cidade. Niterói foi um exemplo no combate à pandemia, inclusive com a abertura do Hospital Oceânico, primeiro exclusivamente para atender casos de Covid-19 e integrado à rede municipal de saúde. Entretanto, é preciso avançar. É com essa clareza de que a Saúde sempre tem que ser prioridade, que eu volto com a disposição redobrada para fazer a melhor saúde municipal do Brasil. Vamos contratar 200 novos médicos logo no início do governo, vamos construir os Centros Regionais de Exames e Especialidades, que vão dar muito mais eficiência e qualidade aos serviços, para evitar as filas e assegurar o atendimento perto de casa.

Como avalia as notas que o município tirou no Ideb? Quais seus planos para melhorar a Educação?

RN: Nosso governo foi o que mais construiu escolas na história de Niterói, com mais de 30 escolas nos últimos 10 anos. Vagas foram ampliadas em todas as faixas etárias sob responsabilidade da Prefeitura, profissionais foram contratados por concurso. Agora, nosso desafio será colocar as crianças de 0 a 6 anos na creche e implantar o turno completo com atividades pedagógicas e esportivas para nossos alunos. É evidente que a pandemia teve um impacto muito significativo na educação em todo o mundo e em Niterói não foi diferente. As ações já em andamento e as que vamos implantar serão fundamentais para que nossas crianças tenham a educação de qualidade e de referência no Estado. Uma das coisas que acredito que está prejudicando Niterói na avaliação do IDEB é que tem uma prática anterior à minha gestão de fazer o planejamento semanal do professor sempre às quartas-feiras, o que acaba encerrando o dia letivo cedo demais, além de provocar evasão escolar nesse dia. Nós vamos implantar o “Programa Quarta presente”, onde todas as crianças vão frequentar o turno escolar previsto e participar de atividades pedagógicas, culturais e esportivas. Com isso, não tenho dúvida que a cidade vai ter a melhor rede pública de Educação do país.

Os seus adversários criticam as suas gestões passadas pelo número excessivo de secretarias. Se o senhor tiver oportunidade de fazer um novo governo, quantas secretarias pretende manter?

RN: Nós assumimos a cidade com um bilhão de Reais de dívida, salários atrasados, a previdência municipal quebrada; fizemos um programa de estabilização fiscal e temos a melhor governança do estado. Niterói ganhou diversos prêmios de transparência e gestão pública, justamente pela correção com que investe os recursos da cidade. Compare o número de secretarias de Niterói com outros municípios. Por diversas vezes, já desmentimos fake news da oposição sobre a estrutura da administração de Niterói. 

A questão da Emusa também foi alvo de críticas, diante dos questionamentos da Justiça em relação ao excesso de funcionários. Como vai lidar com este problema?

RN: A Emusa é responsável pelas maiores obras de Niterói, são centenas ao mesmo tempo, obras que transformam a cidade. Para se ter uma ideia, apenas em contenção de encostas, foram investidos mais de R$ 1 bilhão nos últimos 10 anos. Obras que nem sempre aparecem, mas já salvaram, seguramente, muitas vidas. A estrutura da Emusa será compatível com o trabalho que precisa ser feito para a população de Niterói, com transparência, e funcionários concursados. 

Na sua “Diretrizes Preliminares para o Programa de Governo”, o senhor promete retomar o Programa Niterói Presente. Porém, essa é uma questão que não depende somente do senhor, mas também do governador do Rio de Janeiro. O que pretende fazer?

RN: Segurança é uma prioridade. Niterói se destacou na última década por investimentos na segurança, como a criação do Centro Integrado de Segurança Pública e a instalação do Cerco Eletrônico para monitorar todas as entradas e saídas da cidade com tecnologia de leitura de placas interligado às forças de segurança. Dobramos o efetivo da Guarda Municipal, que hoje tem o maior número de agentes permitido por lei, e assumimos o financiamento da operação Niterói Presente. Os resultados foram claros, com mais polícia na rua, e a população reconheceu isso.

Esse programa precisa voltar. Vamos dobrar o número de homens e viaturas do Niterói Presente e levar o Cerco Eletrônico para os bairros. Segurança é a base para que uma cidade possa se desenvolver, e sua população viver em tranquilidade. O Pacto Niterói contra a Violência, que lancei no segundo mandato, olha a segurança de maneira holística e abrangente, não só com polícia, mas também com a retaguarda social e de prevenção. 

O que o senhor,faria diferente em relação aos seus governos anteriores?

RN: Sem falsa modéstia, realizamos uma boa gestão e o prefeito tem que ser um síndico e um zelador dedicado, que trabalhe 16 horas por dia, de domingo a domingo, como fiz durante oito anos. Eu não tenho dúvidas de que nós vamos realizar um governo ainda melhor, até porque eu vou assumir a prefeitura numa condição melhor do que peguei em 2013. Será um novo ciclo de transformações positivas, inovação, muito trabalho e amor por Niterói. Vamos resolver o problema da população em situação de rua, que é um desafio das cidades no pós-pandemia; vamos realizar obras de infraestrutura e macrodrenagem aonde essas estruturas já existem, mas não dão contam das chuvas mais intensas dos dias atuais, começando pela obra da Avenida Roberto Silveira com Rua presidente Backer; vamos entregar o Complexo Esportivo da Concha Acústica; construir o Centro de Convenções, no Centro; fazer a nova orla de Icaraí e das nossas praias; entregar o novo centro cultural do Cinema Icaraí e fazer a transição da economia da cidade, com investimentos no Centro, que vai ser um “hub” de empresas com bases tecnológicas. Nós fizemos de Niterói a melhor cidade em qualidade de vida do estado, a única que não tem milícias dominando territórios e bairros. Enfrentamos a criminalidade e fomos a única cidade do estado a ter um programa municipal de Segurança Pública, que devolveu uma maior tranquilidade ao niteroiense. Nesse novo ciclo, vamos transformar Niterói na melhor cidade em qualidade de vida do Brasil.

Que papel a sua vice, Isabel Swan, terá no seu governo, caso seja eleito?

RN: Isabel é uma liderança feminina, uma líder no esporte, gestora e uma referência. Além de uma atleta olímpica extraordinária, assumiu posição de liderança no Comitê Olímpico Brasileiro, formou-se em Comunicação Social na UFF, tem MBA em gestão pelo IBMEC e mostrou coragem para assumir mais este desafio na política. Isabel mostra que lugar de mulher não é só no pódio, mas também na vida pública. Ela terá uma presença ativa na Prefeitura. Uma verdadeira honra poder contar e caminhar com a Isabel nessa jornada.  

Qual seu local preferido na cidade?

RN: Eu gosto muito das nossas praias, dos nossos recantos, do Costão, do Horto do Fonseca, mas Jurujuba remonta à minha infância, quando almoçava com meus pais e irmãos naquele cenário bucólico, aprazível e lindo.

Caso seja eleito, qual será sua primeira ação como prefeito de Niterói?

RN: Contratar mais 200 médicos para melhorar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde para as pessoas que mais precisam e garantir a renda básica do Programa Moeda Social Arariboia para todas as mulheres e mães atípicas, que têm crianças com deficiência em nossa cidade.