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Queda de túnel agrava a agonia da lagoa de Piratininga

Por Gabriel Gontijo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Para Paulo Oberlander, ambientalista que também trabalha como pescador na região, desmoronamento é apenas um dos problemas da área
lagoapiratininga
Grande mortandade de peixes na lagoa de Piratininga. Foto: Paulo Oberlander
Após registrar o desmoronamento de parte do túnel do Tibau, na lagoa de Piratininga, na última sexta-feira (15), o ambientalista Paulo Oberlander afirma que os problemas ambientais da região “se arrastam há anos, muito antes” de ele nascer. Ele, que tem 47 anos de idade, afirma que o túnel “nunca prestou 100% para a lagoa” e que a situação piorou após o último desabamento. Em nota, a Prefeitura de Niterói reconheceu problemas e admitiu a existência de “pontos de instabilidade” nas rochas que causaram a queda das pedras.
 
– O túnel já desabou há dois anos. Na época, fiz inúmeras denúncias, creio que mais de 50. Além disso, também já denunciei na imprensa em mais de 20 reportagens e já fui até ameaçado. Corri risco de vida. E sobre essa atual obra, que a Prefeitura gastou mais de R$ 1 milhão, a gente já sabia que não ia adiantar de nada. Mas eles quiseram gastar e deu no que deu – desabafa Oberlander, que também é ambientalista e professor de stand up paddle.
 
Ele explica que mesmo que o túnel não desmoronasse, pouco ajudaria na região, pois afirma que a obra atrapalha na oxigenação dos animais que passam pela água. O ambientalista detalha que as tartarugas que passam pela lagoa não conseguem sair. Além disso, quando há longos períodos sem chuva, muitos peixes morrem pelo fato da água do local vazar para o mar, já que o nível da comporta é muito baixo.
 
– Se ficar aqui com três dias de sol quente, é o mesmo que você colocar um litro de água para ferver no fogo. Vai cozinhar. Aí é tragédia, pois todo peixe que entra quando a lagoa fica cheia, morre depois que seca. Só pra se ter uma ideia, há mais de uma semana tinha muito peixe, estava lotado. Só eu peguei quatro caixas, sendo que eu doei metade delas para os meus amigos que precisavam nessa época por causa da pandemia. Poucos dias depois, morreram todos e a gente ficou sem nada – lamenta Oberlander.
 
A respeito do túnel, o pescador fala que há dois anos ele e outros colegas tiravam com as próprias mãos pedras muito pesadas. Todos se juntavam e removiam uma a uma, mesmo com os riscos de sofrerem algum acidente. Ele reconhece que os funcionários da empresa contratada por licitação, a Eco Blasting, “até entendem de rocha, mas não sabem nada relacionada à água”. Além disso, afirma que os profissionais só conseguiram dar andamento com as obras, que ocorreram em agosto do ano passado, porque quebraram as pedras e “tiraram o que puderam”. Mas alega que isso “não adiantou muito” pelo fato de não terem ferramentas específicas para fazer o serviço que realmente precisa ser feito.
 
Prefeitura afirma que empresa está terminando estudo topográfico para continuar com as obras
 
Procurada pelo A Seguir: Niterói, a Prefeitura de Niterói informou em nota que a Eco Blasting “está finalizando estudos topográficos no interior do túnel para elaborar e entregar o produto final, que é o Relatório Técnico de proposições de estabilidade com planilha orçamentária” e ressalta que “a empresa permanecerá com suas atividades de campo até que todas as rochas desabadas sejam retiradas do túnel do Tibau”.
 
A respeito do contrato, que terminaria em janeiro deste ano, o mesmo foi renovado até março depois do “desplacamento de algumas rochas ocorrido no fim de dezembro de 2020, depois de uma intensa chuva na região”. A Prefeitura reconhece que foram encontrados problemas na última visita técnica do geólogo da empresa, como “quatro principais pontos de instabilidade e que há, ainda, ocorrência de queda de pequenos blocos”. Por isso, a Prefeitura pede para a população local não acessar o túnel pelas entradas da lagoa ou mar.
 
Já a respeito da lagoa, a Prefeitura “lançou uma Consulta Pública a fim de receber propostas de possíveis interessados no desenvolvimento de experimentos in situ (no local) aplicando tecnologias inovadoras destinadas à redução da camada de lodo na lagoa de Piratininga. A intenção é, com base nas propostas, elaborar o TR (Termo de Referência) para contratação das tecnologias mais eficientes através da Encomenda Tecnológica (ETEC)”. Além disso, “vem empreendendo diversas ações na Região Oceânica com foco na sustentabilidade e recuperação ambiental das bacias hidrográficas da região e do Sistema lagunar de Piratininga-Itaipu”.

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