Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), na grande maioria das vezes provocados pela Covid, apresentam tendência de queda a curto e longo prazo, em todo o Brasil, e de forma mais acentuada no Sudeste. Cidades como o Rio e Niterói apontam forte redução de casos e internações, que sugerem que a quarta onda da doença pode caminhar para o fim. Em Niterói, restam pouco mais de 30 pessoas internadas nos hospitais da rede privada.
O Infogripe, boletim da Fiocruz que reporta a evolução dos casos da doença, em todo o país, informa que “de maneira geral, a atualização aponta para queda no número de casos de SRAG nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas).” Mas ressalva que “o cenário apresenta diferenças na análise regional. Estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que haviam parado de apresentar crescimento no último relatório, deram início à queda. Porém, há ainda uma manutenção no aumento de casos em estados da região Norte. No Nordeste, foi observada uma interrupção do crescimento, indicando estabilidade.”
Queda no estado do Rio e em Niterói
Os números registrados no painel da Covid da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro confirmam a forte queda do número de casos no estado. Nesta semana, a Semana Epidemiológica 30, foram registrados 14.801 novos casos, contra 18.453 na semana anterior. É a quinta semana seguida com redução do indicador, desde o pico na SE 25, com 41.674. Em Niterói, os números obedecem à mesma tendência: foram 280 novos casos, diante de 410 na semana passada, e de um pico de 1.131 registros, na SE 24. Portanto, a diminuição do contágio na cidade já dura seis semanas.
Apesar da melhora dos números, a Covid ainda mata no Brasil. Nas últimas quatro semanas, o boletim da Fiocruz indica que a doença foi responsável por 79,4% dos casos de SRAG e 94,9% dos óbitos no Brasil. Os casos de gripe, relacionadas à Influenza A e à Influenza B, responderam por cerca de 5% das mortes.No estado do Rio, foram notificadas 170 mortes, e, em Niterói, 13. Na maioria, são registros feitos de casos ocorridos em outras datas, mas apenas agora confirmados.
A proteção das vacinas
Segundo a Fiocruz, as vacinas impediram que a pandemia tivesse maior impacto nesta quarta onda.
De acordo com os pesquisadores, os dados mostram a alta eficácia das vacinas e das doses de reforço para prevenir internações. O número de pessoas com SRAG que não foram vacinadas foi quase o dobro que entre os que receberam o reforço, no grupo de maiores de 80 anos. Essa relação foi ainda mais alta em outras faixas etárias. Entre os de 50 a 59 anos, a incidência de casos graves entre quem não recebeu nenhuma dose dos imunizantes é mais que o triplo daquela observada entre quem se vacinou com o reforço.
O mesmo se registrou em relação às crianças de 5 a 11 anos: o grupo que recebeu uma ou duas doses da vacina apresentou menos da metade de casos graves pela doença em relação a aqueles que não foram imunizados. Para os adolescentes de 12 a 17 anos, que passaram a ter a terceira aplicação indicada pelo Ministério da Saúde, o número de pacientes com casos graves de Covid-19 chega a ser dez vezes maior entre os não vacinados comparado aos que receberam a dose extra.
Segundo o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, “as vacinas ajudaram e continuam ajudando a reduzir significativamente o risco de agravamento da Covid, que pode ser cerca de duas vezes maior a depender da faixa etária e status vacinal. A proteção, inclusive, aumenta ainda mais em quem já está com alguma dose de reforço.”