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Professores e alunos resistem à volta às aulas na rede estadual

Por Por Lívia Figueiredo

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Sindicato de Professores RJ afirma que a volta é precoce devido à falta de controle da pandemia
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Foto: Reprodução da internet

O retorno dos colégios estaduais tem dividido opiniões entre alunos e professores. Enquanto alguns estão preocupados com o baixo aprendizado ao longo do ano, outros mal podem esperar pelo retorno das aulas presenciais. Devido às precárias condições sanitárias da maioria dos colégios da rede pública, porém, muitos estão receosos e preferem se resguardar em casa a fim de evitar contaminação. Por isso, a presença tanto de professores como de alunos nas escolas ainda é muito baixa .

Estudante do 3º ano o Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora das Mercês, Matheus Araújo afirma que este é um ano perdido. Decidido a estudar ao máximo este ano, o estudante confessa que estava animado para este ano até a situação da pandemia fugir do controle. No entanto, com as aulas remotas, seu desempenho caiu. Assim como a maioria dos alunos, Matheus teve que se adaptar à nova realidade e lidar com as adversidades do ensino a distância.

-Eu me sinto muito cansado. Acontece que presencialmente a gente tinha muito mais atividade, mas parece que em casa eu fico muito menos motivado. Eu sempre tive muita dificuldade de estudar em casa. Quando tinha aula presencial, eu chegava da escola, fazia os deveres e estudava um dia antes da prova. Como eu passava a maior parte do tempo na escola, eu já fazia a maioria das questões lá e finalizava em casa. Quando veio a quarentena, eu me senti muito frustrado, pois estava decidido a mudar minha postura e estava indo tudo bem, mas não consegui. Este ano já está perdido para mim, vou me inscrever para um cursinho no ano que vem – confessa Matheus.

A frustração e a impotência são sentimentos que predominam nos estudantes e também nos professores. Cientes das dificuldades do ensino online, já que alguns dos alunos não têm acesso a uma internet de qualidade e, em alguns casos, falta até computador, os professores têm lançado mão de recursos para tornar a aula mais dinâmica e reter a atenção dos alunos. Porém, com a autorização para o retorno das aulas presenciais da rede estadual, os professores tiveram que repensar suas estratégias.

Apesar de por um lado o retorno ser importante para aqueles que não têm condições de estudar, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe RJ) alerta para o alto risco envolvido, se posicionando contra o retorno às atividades presenciais devido à situação da pandemia, ainda não sob controle. Para o sindicato, a comunidade escolar corre enorme risco de contaminação com o retorno precoce e apressado.

– É notório que as escolas não têm condições de enfrentar essa situação. O Sepe-RJ é favorável à continuação das aulas remotas, mas é preciso que o Estado forneça condições tecnológicas aos estudantes como, por exemplo, chips com pacote de internet para aqueles que não possuem – destaca a assessoria do sindicato.

Já no primeiro dia de reabertura, o Sepe recebeu denúncias de aglomerações em unidades de ensino e desrespeito aos procedimentos básicos, que comprometem todos os protocolos de segurança al. recomendados pelas autoridades sanitárias.

Uma das denúncias diz respeito a um colégio, cujos integrantes da equipe diretiva transitaram pelas salas de aula para conversar com alunos sem a utilização de máscaras. Na mesma escola, houve inclusive uma confraternização pelo dia dos professores, ignorando toda forma de distanciamento social. Segundo um dos coordenadores do Sepe, Gustavo Miranda, a posição do sindicato já foi apresentada ao Tribunal da Justiça. Ele alerta para a necessidade de cuidado redobrado e contesta a decisão das escolas que ainda não fecharam, mesmo com baixa adesão por parte de alunos e professores.

– Acho que a morte de um Senador da República, como aconteceu nesta quinta, atesta exatamente o descontrole da situação. Se ele faleceu, mesmo dispondo de uma estrutura médica hospitalar acima da média da população, isso nos mostra que se trata de uma doença perigosa. É uma loteria, esse vírus não atinge apenas idosos, mas também jovens. Como sindicato, nós temos a obrigação e o dever de garantir a saúde da categoria. As pessoas podem se contaminar ao irem para o trabalho – afirma Miranda.

Ele acrescenta que, com os fóruns deliberativos, o Sepe-RJ vai trazer para a categoria esse diálogo com o governo. E conclui:

– O nosso maior objetivo é a preservação da vida.

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