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Com a participação de 35 agricultores e produtores familiares da cidade, será realizado o Primeiro Circuito Municipal de Feiras Agroecológicas Ricardo Nery de Niterói, no sábado (5), no Parque Rural do Engenho do Mato.
O circuito recebeu o nome de Ricardo Nery em homenagem ao presidente do Instituto Agroecológico de Niterói (IAN), que faleceu nesta semana. Durante anos, Nery foi um dos grandes entusiastas e defensor do setor agroecológico de Niterói.
Cogumelos variados, frutas, legumes, brotos, temperos e verduras da estação, além de sucos naturais, sorvete artesanal, kombuchas, queijos, mel, ghee, manteiga, ovo caipira, pães e leites de fazendinhas urbanas são alguns dos produtos que poderão ser encontrados, durante o evento.
O Circuito terá ainda bolos, geleias, doces de potes, compotas de frutas, caponatas e conservas de fermentados diversos, cafés arábicos de torrefação local, cervejas premiadas e chopes artesanais, drinks com frutas da estação. Serão vendidos também plantas medicinais, mudas de árvores nativas, artesanato de aproveitamento de madeira, biofertilizantes e adubos orgânicos.
Além disso, haverá gastronomia com frutos do mar vindos de famílias de pescadores tradicionais da cidade, como risoto e bobós de camarão e de shitake, charcutaria e linguiça artesanais. E para mostrar que a produção agroecológica pode ser adaptada a diversos tipos de culinária, os expositores também apresentarão um pouco das cozinhas baianas e mexicana, tudo com tempero especial cultivado na cidade.
A programação inclui atrações culturais como shows de música ao vivo, oficinas de alimentação viva, de gastronomia e de compostagem, contação de histórias, criação de brinquedos infantis e campanha de adoção de cães e gatos.
O Circuito é uma realização da Secretaria de Meio Ambiente, a partir da criação do Programa Municipal de Agroecologia Urbana. O objetivo é difundir a produção alimentar agroecológica, praticada em vários pontos da cidade. De acordo com a prefeitura, Niterói conta, atualmente, com 22 produtores familiares inscritos no Cadastro da Agricultura Familiar (CAF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A partir das ações de implementação do Programa Municipal de Agroecologia Urbana, a expectativa da Secretaria de Meio Ambiente é que esse número seja ampliado, de forma a viabilizar aos produtores o acesso às diversas políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento e fortalecimento da agricultura familiar, que são instrumentos de redistribuição de renda, como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).
Conforme explicação da prefeitura, respaldados por lei municipal, os produtores da cidade podem ampliar a comercialização de seus produtos, antes restritos pela falta de certificação. Agora, eles podem obter o Certificado de Serviço de Inspeção Municipal (SIM), emitido pela Vigilância Sanitária, através de um selo para atestar a qualidade de alimentos de origem animal produzidos por pequenos produtores agroecológicos de Niterói.
– Trata-se da oportunidade de o município oferecer espaços democráticos onde a população poderá conhecer de perto os protagonistas que desenvolvem sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis em Niterói, de modo a se criarem pontos de comercialização de alimentos e produtos desenvolvidos de forma justa, integrada e equilibrada aos ambientes naturais e urbanos da cidade, fomentando inclusive os setores econômico, cultural e turístico do município – explica Isabella Fattori, coordenadora de Agroecologia Urbana da Secretaria de Meio Ambiente de Niterói.
Ela informa que um dos compromissos da Secretaria de Meio Ambiente, através da Coordenação de Agroecologia, é a implantação do circuito em equipamentos públicos para que o produtor possa expor e vender sem custos, se inserindo na agenda cultural da cidade.
Os produtores rurais de Niterói trabalham em sítios ou chácaras em corredores produtivos em localidades como: Muriqui, Pendotiba, Sapê, Rio do Ouro, Chibante, Vila Romana, Alto do Muriqui, Jacaré, Várzea das Moças e Engenho do Mato e Tibau.
Secretário de Meio Ambiente, Rafael Robertson observa que “a agroecologia tem um papel muito importante dentro deste cinturão produtivo”:
– Muitos estão em áreas de amortecimento e, com isso, reduz o impacto ambiental negativo e recupera serviços ambientais dentro do tripé da sustentabilidade. Essas pessoas recuperam e mantêm essas áreas. Não é só no ganho de emprego e renda, eles estão próximos às áreas de proteção, mas também mantém as áreas verdes cada vez mais seguras.
Lívio Marques Pinto é geofísico aposentado. Atualmente, se dedica à criação de tilápias. São três tanques que chegam a produzir cerca de 3 mil tilápias a cada seis meses. Os tanques ficam no alto da propriedade, no bairro de Várzea das Moças. Ele também produz ovos caipiras, café e cerveja.
– Fazemos tudo de forma sustentável, desde o reuso da água para as tilápias, utilização de gigogas, escovas biológicas e com todo o cuidado ambiental. É muito importante o produtor ter esse apoio. Faz a economia girar – diz.
No Muriqui, está Wilson de Freitas Dias. Ele e a esposa, a advogada Eloina Pimentel, trabalham com permacultura, que é o incentivo de agroflorestas nas propriedades com hortas verticais.
O Projeto Ecovils Muriquiaçu, que produz cogumelos, ovos caipiras e verduras da época, como taioba e ora pro nobis, também vai participar do circuito.
Matheus Coimbra Osório, trabalha há 10 anos com agricultura urbana em agroflorestas, com foco na produção frutífera. Ele dá as dicas para a agrofloresta:
– Utilizamos o sistema para dinamizar processos por andares. É uma cadeia. A agroflorestal, no nosso caso, prioriza a produção de cacau, cupuaçu e café, com até cinco vezes mais produtividade do que a monocultura com esse sistema. Aproveitamos o espaço da floresta com andares. Com isso no alto temos frutas nativas que trazem de novo a micro fauna para dentro da agroflorestal, como passarinhos, macacos, roedores. Os animais ajudam não só na adubação, mas também em toda a dinâmica florestal porque a agrofloresta é viva.
Sávio Evaldo Costa de Azevedo se dedica à charcutaria. Em casa, produz de forma artesanal, presunto, tender, copa-lombo, lombo, salame com empresa familiar:
– Estamos na expectativa de receber nosso selo para expandir mais mercadorias, agregar mais valor e poder colocar no mercado formal, tirar do serviço só para consumidor direto e poder inserir a produção em supermercados – comenta Sávio que desenvolveu uma salsicha só de lombo suíno sem adição de gordura, 30% de legumes e verduras, sem componentes químicos.
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