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Prefeitura de Niterói contraria Comitê Científico ao liberar volta às aulas

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Rodrigo Neves não ouviu a recomendação de esperar maior controle da Covid para reabrir escolas
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O Prefeito Rodrigo Neves autorizou a volta às aulas contra recomendação do Comitê Científico. Foto: Arquivo

A decisão do Prefeito Rodrigo Neves de autorizar a volta às aulas do Ensino médio não se baseou em avaliação do Comitê Científico, formado por especialistas da UFF, da UFRJ e da Fiocruz para assessorar o governo na tomada de decisões no combate à Covid. Pelo contrário: o Comitê desaconselhou, de forma categórica, a reabertura das escolas neste momento, diante do risco de aumento do contágio na cidade, conforme relato de integrantes do grupo.

Entenda: Prefeitura libera reabertura das escolas para o Ensino Médio a partir de segunda-feira

Nos seus discursos, Rodrigo Neves sempre destaca que as decisões tomadas pela Prefeitura se baseiam em análises científicas e obedecem a um plano, definido no decreto de Transição para o Novo Normal, que estabelece as condições para a reabertura de diversas atividades. No momento Niterói está no estágio de alerta Amarelo-2, pelo qual as escolas deveriam ficar fechadas, até o controle da doença avançar para o estágio Amarelo-1.

Em anúncio, prefeito deu a entender que decisão tinha aval do Comitê

Nesta quinta-feira, 17, o Prefeito tomou para si a decisão de abrir as escolas, conforme anunciou em transmissão pelas redes sociais da Prefeitura. O Comitê Científico é um órgão consultivo, apenas; não tem poder de decisão. Esta prerrogativa é do prefeito, que a exerceu. No seu discurso, Rodrigo Neves deixou entender que seguia o aconselhamento técnico, mas não se referiu ao Comitê Científico. O texto divulgado pela Assessoria de Imprensa da Prefeitura informou que “a decisão foi tomada após dois meses de reflexão e debate no Gabinete de Crise, com a participação de dezenas de técnicos da Saúde e da Educação, e análise das melhores experiências internacionais, implantando medidas para a proteção de alunos e profissionais da educação.”

Leia: Educação é essencial e escolas precisam reabrir, diz infectologista

-Existem vários estudos indicando a necessidade de se desenvolver um modelo híbrido de educação, capaz de manter a opção do ensino à distância e do ensino presencial. Após dois meses de estudo, decidimos pela implantação de um projeto piloto com o Ensino Médio. A partir de segunda-feira, dia 21, vai haver autorização para a retomada das atividades presenciais do Ensino Médio em Niterói, desde que um conjunto de protocolos seja rigorosamente cumprido-, disse o prefeito.

Na verdade, a única referência científica citada pelo Prefeito para a tomada de decisão foi um artigo da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro. “ Ele lembrou” – destaca o texto da Prefeitura – “que, recentemente, a Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro emitiu uma nota técnica onde reforça a importância de se ter um planejamento para a retomada gradativa e responsável.”

A Prefeitura apresenta a decisão como um teste. Segundo o release da assessoria de imprensa: “ A Prefeitura de Niterói autorizou que as escolas da cidade implantem um projeto piloto para a retomada das atividades presenciais no Ensino Médio a partir de segunda-feira (21). As unidades deverão seguir um protocolo de vigilância da saúde escolar, com medidas de higiene e distanciamento, e manter o ensino à distância para os alunos que não optarem pelas aulas presenciais.”

– Nossa preocupação é trabalhar um projeto piloto para que a gente não seja pego de surpresa quando chegarmos ao Amarelo nível 1, estágio que estamos próximos de atingir- , analisou o Prefeito. E usou uma frase de efeito para respaldar a decisão: “É inaceitável discutirmos a retomada de bares e restaurantes e não discutirmos um plano de retomada da educação, com segurança e seriedade. E foi o que fizemos.”

O Prefeito revelou ainda que a retomada das atividades de Educação Infantil, segmento onde os alunos têm mais dificuldade de usar máscaras e fazer distanciamento social, “provavelmente, ficará apenas para o ano de 2021.”

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