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‘Praticar canoagem é homenagem que faço para o meu avô’, diz remadora niteroiense de 73 anos

Por Fabiana Batista
| aseguirniteroi@gmail.com

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Christine Buckley Pimentel é uma das fundadoras da única equipe Master 70+ do estado
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Equipe Master 70+ feminina recebendo medalha de ouro do Estadual RJ | Foto: Arquivo pessoal

Na Baía de Guanabara, entre tartarugas, peixes e arraias, seis mulheres acima de 70 anos remam três vezes por semana, logo cedo. Das 7h às 8h elas desfrutam do silêncio do mar e se esquecem de que estão na segunda maior baía, em extensão, do litoral brasileiro. Aproveitam, inclusive, para papear e aliviar as pressões que vivem no dia a dia. Uma vez, por exemplo, uma tartaruga grande chegou bem perto e as assustou, depois de se recompor do susto, elas se divertiram com a situação.

Uma das seis é Christine M. Buckley Pimentel, 73, professora de inglês por 47 anos, que se aposentou no início de 2020 e decidiu se dedicar integralmente aos esportes. Além do remo às segundas, quartas e sextas-feiras, faz ioga, caminha na praia e pedala tanto para ir ao mercado, em São Francisco, bairro onde mora, como para passear com o marido pela orla da cidade. Já foi nadadora por mais de 20 anos, mas trocou o esporte há dois pelo remo.

Christine em um dia de treino | Foto: Arquivo Pessoal

A paixão pela canoagem é herança do avô:

– É uma homenagem que faço para o meu avô. Sou neta de um irlandês que gostava de remar quando morava na Irlanda. Ao chegar ao Brasil se encantou pelas belezas naturais, amava remar e nadar no Clube do Gragoatá, em Niterói. Participava de campeonatos e já fez travessias a longa distância pela Baía de Guanabara. 

Sincronia e respeito a levaram para Vitória

Em conversa com A Seguir: Niterói, Christine demonstrou entusiasmo pela nova prática esportiva. Repetiu várias vezes o quanto a faz bem remar e lembrou das orientações dos treinadores da HOE, que ajudam com que sua equipe tenha sincronia e possam enfrentar mares fortes de forma leve e divertida mesmo numa competição.

Equipe na chegada do Campeonato Estadual | Foto: Arquivo Pessoal

O grupo surgiu em setembro de 2019, quando a professora recebeu um convite de uma amiga da natação para reunirem mulheres acima de 70 anos. Além dela, outras três nadadoras toparam o desafio do novo esporte, e a equipe ficou completa com a entrada de mais duas amigas. Durante a pandemia, o treino parou mas, ansiosas, elas voltaram a se encontrar com o mar ainda no primeiro semestre de 2021:

– Somos mulheres com saúde e muita energia. O espírito do treino é delicioso e nos inspiramos muito na natureza, remamos em Jurujuba, Boa viagem, Pedra do Morcego e ao participarmos do campeonato estadual descobrimos que somos a única turma master 70+ feminina no estado.

Treino do Niterói Hoe equipe master 70+ feminino preparando para o campeonato estadual de remo | Foto: Arquivo pessoal 

A competição aconteceu em setembro, elas saíram da praia de Charitas em direção à Boa Viagem e percorreram oito quilômetros em 1 hora e 24 minutos. Na volta, chegaram ainda mais empolgadas e ganharam uma medalha de ouro pela disposição e garra. 

Neste sábado (06), as remadoras participaram da 6ª edição do Super Paddle, Campeonato Niteroiense de Canoa Havaiana, na praia de São Francisco, em um percurso de sete quilômetros. Apesar de serem as únicas a competir na categoria, treinaram, empenhadas, durante semanas. 

Ainda em novembro, estão dispostas a viajar até Vitória (ES) para o Campeonato Brasileiro de V6 2021 e percorrer 10km em um mar desconhecido. A ansiedade é grande, Christine conta que não sabe se são as únicas nacionalmente da categoria como no Rio, mas, independentemente de como for, com certeza essa viagem renderá muitas histórias. 

– Estamos bem empenhadas e treinamos com esforço e alegria porque gostamos muito de estar no mar, na natureza, no ar puro e rodeadas de peixes e tartarugas.  

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