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O dia nublado era desafiado pela paleta de cores que estampava o pátio do MAC na tarde deste sábado (8). As cores do arco-íris se apresentavam como um cartão de visita para a exposição “Por trás da ponte”, em exibição no museu na área do mezanino. A mostra sensorial inaugura o projeto “O Caminho do Sentir”, fruto de uma parceria firmada entre Fantástico Mundo, de Val Martins, publicitária de formação, e a Agência Aflora, de Mari Hosannah, também publicitária.
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A experiência começava antes mesmo da entrada do museu, ainda no pátio. Isso porque quem subia a rampa do MAC era embalado pelos batuques dos pequenos que ecoava de obras de arte interativas. As instalações percussivas rítmicas e melódicas, as sucatas e materiais alternativos fazem parte do Projeto Sonori. No pátio, crepes eram servidos em food truck compondo parte da experiência sensorial da mostra. Aliás, o pátio do museu foi pintado com as sete cores do arco-íris e, uma vez por semana, acompanhando a cor e a mensagem daquele período, será promovida uma experiência aberta ao público, a começar na próxima quarta-feira, 12 de outubro.
Além da exposição sensorial “Por trás da ponte”, no Museu de Arte Contemporânea (MAC), “O caminho do sentir” inclui, ainda, a Ocupação Aflora, no Reserva Cultural, que terá sete rodas de conversa; e o espetáculo “Voar pra dentro de si”, no Theatro Municipal.
A exposição
Tecidos coloridos e enfileirados funcionavam como uma cortina – propositalmente aberta – para quem quisesse degustar de uma experiência do sentir. Logo na entrada, uma metáfora clara que traduz a prática do tecido acrobático e seu teor democrático: uma atividade que não se restringe a gêneros, faixa etária ou a um biotipo. A ideia é que todos são bem-vindos para trilhar um novo caminho de troca, revelações e fluidez.
A mostra, narrada por sete fotos, com sete alunos de perfis diferentes, sete músicas, sete mensagens e sete cores, marca um circuito sensorial. A exposição exibe posturas e figuras que não são extremamente acrobáticas e difíceis. O intuito é passar a sensação de que as pessoas podem praticar o tecido, fazer algo diferente e se provocarem. O resultado estava estampado no rosto dos alunos que marcaram presença na inauguração que, retratados nas fotos, se percebiam por outra ótica, que aponta para novas direções. Um caminho certamente permeado por autoconfiança e superação. Dentro daquela sala, o sentimento de êxtase ganha novas camadas – literalmente – com cada troca. Como um grande projeto. Um ato coletivo.
– Eu comecei a fazer aula de tecido porque estava sentindo necessidade de fazer um exercício físico. Eu fiz dança de salão por um período, mas com a pandemia e com a faculdade eu tive que parar de dançar e fiquei muito carente de uma atividade física. O tecido veio como uma possibilidade de fazer uma atividade ao ar livre de forma segura. Um amigo meu, que fazia remo na praia da Boa Viagem, me falou que as aulas de tecido estavam acontecendo lá. Decidi ir e acabou que saí da aula experimental já comprando um tecido. Eu fiquei extremamente apaixonado pela arte, pela beleza, pela execução da força, pela consciência corporal – conta o publicitário Victor Senna, de 28 anos, que também dá aulas de tecido, quando a Val, criadora do Fantástico Mundo, precisa.
A principal transformação provocada pelas aulas de tecido, Victor prossegue, está relacionada à forma que ele se enxergava, ao trabalhar sua timidez e autoestima. “Eu fui evoluindo e me vendo de uma forma mais artística, com mais afeto”, completa.
A autoestima, para Mariah, começou ainda mais cedo, mais precisamente aos 7 anos quando fez sua primeira aula de tecido, no Fantástico Mundinho, projeto de tecido acrobático voltado para criança. O Fantástico Mundinho foi extinto e ao saber da possibilidade de migrar para o adulto, Mariah não hesitou:
– Minha professora já me incentiva a mudar para o adulto porque já tinham outras crianças que faziam aula e eu já sabia muitas das práticas que elas estavam aprendendo. Eu acredito muito no tecido. Quando eu estou me sentindo meio para baixo, faço tecido e distraio minha cabeça. Fico alegre de novo – explica.
Adriana Guedes, 41 anos, pratica tecido há 7 anos, entre algumas interrupções. Mas nada que a tirasse da sua vontade de seguir praticando. A paixão pelas aulas era tão latente que a fez cruzar a ponte. Depois de conhecer a Val pela Instagram, se apaixonou pela dinâmica das aulas. Gostou tanto que uma vontade que estava sendo maturada ganhou o empurrão que faltava. E o alarme para sábado cedinho foi, enfim, desprogramado. Adriana se mudou para Niterói para ficar mais perto da sua real vocação:
– Consegui aprender a ter mais noção do meu corpo, a gostar mais de mim, me dedicar e conseguir. São pequenas vitórias. Eu achei fantástico o projeto porque é na praia. Além de tudo, a Val chega junto e o ambiente todo ajuda. Percebi que estava encantada pela Boa Viagem, pelo projeto e me mudei para Niterói. Essa integração das pessoas com a natureza… Estou aqui de corpo e alma. Já fiz um plano anual e faria bianual, se tivesse. Quando a Val me ligou e me disse que eu seria fotografada para a exposição eu não podia acreditar – confessa.
Inaugurada no MAC neste sábado (8), às 15h, “Por trás da ponte”, que possui entrada franca, fica em cartaz até o dia 20 de novembro de terça a domingo, das 10h às 18h.
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