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Polícia investiga assassinato de mulher trans em Niterói

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Dandara foi morta a tiros no Centro de Niterói; Comissão de Direitos Humanos da Câmara acompanha o caso
Dandara a esquerda ao lado de uma amiga: Foto- Arquivo Pessoal
Dandara a esquerda ao lado de uma amiga/ Foto: Arquivo Pessoal

A Polícia Civil investiga a morte de uma mulher trans, que foi baleada na madrugada desta sexta-feira (13) em Niterói. Segundo lideranças LGBTQIAP+ da cidade, a vítima se chamava Dandara e teve sua vida interrompida com cinco tiros. De acordo com a vereadora Benny Briolly, a vítima estava em frente ao prédio do Grupo Diversidade Niterói, movimento social importante da cidade, na Avenida Visconde do Rio Branco, no Centro, quando ocorreu o crime.

Ao A Seguir: Niterói, a chefe de gabinete da Comissão de Direitos Humanos da Criança e do Adolescente da Câmara de Niterói, Taiane Alecrim, afirma que até o momento não há confirmação da motivação do crime, mas a suspeita é de que seja mais um assassinato ligado a transfobia.

– A Comissão de Direitos Humanos da Câmara está acompanhando o caso. A Delegacia de Homicídios está responsável pela investigação, que está em andamento. Ainda não temos nenhuma posição a respeito da motivação do crime, entretanto, levando em consideração que vivemos no país em que mais se assassinam pessoas trans, podemos suspeitar que o que motivou foi o ódio. É um crime bárbaro que nada justifica. Hoje estive junto à família na busca de um enterro digno para a Dandara, que é o mínimo que o Estado pode fazer – afirmou a coordenadora.

Coletivos negros e movimentos sociais se manifestaram nas redes sociais nesta sexta contra o crime e convocaram um ato em protesto, marcado para o lugar onde o corpo foi encontrado. O protesto vai ser comandado pelo Grupo Diversidade Niterói (GDN), que apoia a causa LGBTQIA+ e tem sua sede próximo ao local do crime. O ato, em repúdio à transfobia, será realizado na próxima segunda-feira (16) às 15h, na Praça Juscelino Kubitschek. Segundo fontes ligadas aos movimentos sociais, horas após o registro do caso, começaram a ser colhidos depoimentos a fim de auxiliar no esclarecimento do crime.

– Dandara era uma travesti negra e morava no Morro do Estado, região central de Niterói. Estamos buscando mais informações e vamos cobrar da polícia a investigação – afirmou o Conselho LGBT Niterói em uma postagem de uma rede social.

A vereadora Benny Briolly conta que a conheceu quando ainda morava no Morro do Estado em Niterói. Ela diz que perde uma amiga, uma parte de sua luta. A vereadora ressalta ainda que está acompanhando o caso pela Mandata de Favela e Comissão de Direitos Humanos e que quer justiça por Dandara.

– Dandara foi uma mulher extremamente marginalizada que teve que recorrer como a maioria das travestis à prostituição para ganhar seu sustento. Ao mesmo tempo uma lutadora e referência para muitas de nós que também passamos por esse processo que se acentua ainda mais quando somos oriundos das favelas e periferias. Foi a partir desses referenciais que nos aproximamos e nos conhecemos. Perdi uma amiga, mais uma de nós, uma parte de mim e de nossa luta. Mas essa tragédia jamais significará um recuo para enfrentar a desumanização que sofremos todos os dias – afirmou Benny.

Segundo a Polícia Militar, agentes do 12º BPM Niterói estavam em patrulhamento quando foram acionados para verificar ocorrência nas proximidades da Praça Juscelino Kubitschek. No local, encontraram uma pessoa caída já sem vida. A área foi isolada para perícia e o caso foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). Não havia sinais de violência sexual.

A delegacia irá buscar informações de testemunhas e imagens de câmeras de segurança foram recolhidas para análise do crime. Após a perícia, o corpo foi removido ao Instituto Médico Legal (IML) da cidade, no bairro do Barreto.

O Brasil se mantém na liderança do vergonhoso ranking de países que mais matam pessoas trans no mundo. Em 2020, foram 175 travestis e mulheres transexuais assassinadas. A alta é de 41% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 124 homicídios.

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