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Plaza Shopping apresentou uma ação de despejo contra as Lojas Americanas

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Segundo jornal O Globo, consórcio que administra o shopping alega que a rede vareijista não pagou os aluguel de dezembro
Americanas é alvo de pedido de despejo pelo Plaza Shopping. Foto: Divulgação
Americanas é alvo de pedido de despejo pelo Plaza Shopping. Foto: Divulgação

O rombo bilionário das Lojas Americanas começou a respingar também em Niterói. Conforme informação do colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, o Plaza Shopping, principal centro comercial da cidade, está processando a rede de varejo por, supostamente, não pagar os aluguéis referentes ao mês de dezembro. A dívida acumulada seria de R$ 610.767,43.

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O consórcio que administra o shopping apresentou uma ação de despejo à Justiça do Rio, pedindo uma liminar para desocupar a loja de 2.700 m², situada no terceiro andar, em no máximo 15 dias, sob pena de despejo forçado em caso de permanência. O caso está sendo julgado pela 8ª Vara Cível de Niterói.

As Lojas Americanas têm uma fraude contábil de 20 bilhões. A empresa informou que as dívidas ainda podem chegar a R$ 43 bilhões, distribuídas a 16 mil credores. Entenda mais abaixo.

A Seguir entrou em contato com o Plazza Shopping, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

Americanas: a cronologia da crise

11 de janeiro

No dia 11 de janeiro, a Americanas divulgou “inconsistências em lançamentos contábeis” nos balanços corporativos, em um valor que chegaria, inicialmente, a R$ 20 bilhões. Em suma, a varejista percebeu que o valor bilionário – que é referente aos primeiros nove meses de 2022 e anos anteriores – não havia sido registrado de forma apropriada.

Além disso, o texto informou que o presidente da companhia, Sergio Rial, além do diretor financeiro, André Covre, renunciaram ao cargo apenas nove dias depois de assumirem.

O documento divulgado pela companhia trazia poucos detalhes sobre o que de fato foi encontrado nas contas, mas afirmava que a área contábil detectou “a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras”.

12 de janeiro

Como consequência da revelação feita na noite do dia 11, os investidores amanheceram, no dia 12, em polvorosa. As principais instituições financeiras colocaram as ações da Americanas sob revisão, e a B3, bolsa de valores de São Paulo, colocou os papéis ordinários (com direito a voto) da empresa em leilão.

O leilão é um “mecanismo de defesa” que interrompe as negociações comuns para tranquilizar momentos de variação bruta de papéis na bolsa. Ainda assim, ao fim do pregão, a queda exata foi de 77,33%.

Sérgio Rial chegou a fazer uma conferência na manhã do dia 12 para esclarecer alguns pontos. Na reunião, o ex-presidente disse que a gênese do problema estava em operações de risco sacado. Trata-se de uma linha de crédito que faz uma triangulação entre a empresa, seus fornecedores e uma instituição financeira. Funciona assim:

  • Ao contratar o risco sacado, a companhia pede ao seu banco que ele realize o pagamento de uma compra com o fornecedor;
  • Assim, o banco quita o contrato em nome da companhia, que passa a dever para o banco com a cobrança de juros;
  • Pelo que se sabe até o momento, a Americanas fez contratação de risco sacado, mas as operações não foram registradas devidamente nos balanços contábeis;
  • No caso da Americanas, foram inúmeras operações ocultadas, subestimando o grau de endividamento da empresa.

13 de janeiro

Um juiz do Rio de Janeiro decidiu proteger as Americanas contra o pagamento antecipado de dívidas, permitindo que a empresa enfrente a crise financeira. Isso marcou o início de uma disputa legal com os principais credores da empresa.

O juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial, alegou que era “plenamente justificável” conceder essa medida para evitar que os ativos da empresa fossem esgotados pelos credores mais importantes, prejudicando outros credores e a própria estabilidade da empresa.

Ele também mencionou que alterações nas contas da varejista poderiam afetar seu endividamento e capital de giro, levando à quebra de cláusulas financeiras e ao pagamento antecipado de dívidas de cerca de 40 bilhões de reais.

A Americanas recebeu 30 dias para decidir se pediria recuperação judicial, o que aconteceu, e, durante esse período, estaria isenta de pagar suas dívidas. Além disso, foi revelado que executivos da Americanas venderam cerca de R$ 212 milhões em ações da empresa no segundo semestre do ano passado.

14 de janeiro

A Americanas publicou, no dia 14, a íntegra da decisão sobre um pedido de Tutela de Urgência Cautelar da 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro.

No documento, a empresa afirma que a correção das inconsistências contábeis, cujo valor foi estimado em cerca de R$ 20 bilhões, levaria à revisão dos resultados financeiros de anos anteriores. Segundo a Americanas, os números referentes ao grau de endividamento e seu ao capital de giro seriam alterados.

O banco BTG Pactual, um dos principais credores da Americanas, recorreu na Justiça contra a liminar que protegia a varejista por 30 dias contra o vencimento antecipado de dívidas.

Os advogados do banco argumentaram que a liminar determina ilegalmente o estorno de um pagamento feito pela Americanas ao BTG Pactual, no valor de R$ 1,2 bilhão.

18 de janeiro

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) concedeu ao BTG Pactual, na quarta-feira (18), o direito de bloquear R$ 1,2 bilhão das Americanas.

A possibilidade de bloqueio serviu para que o banco pudesse se proteger de um eventual calote das Americanas. O aval foi concedido pelo desembargador Flávio Marcelo de Azevedo Horta Fernandes, da 2ª Câmara Criminal do Rio de Janeiro.

Divulgada na semana passada, a decisão da desembargadora Leila Santos Lopes ordenava ao BTG que devolvesse o dinheiro que já havia retirado da Americanas para pagamento de uma linha de crédito, congelando temporariamente o pagamento das dívidas da varejista e revertendo qualquer tentativa de execução por parte dos bancos credores.

O BTG havia declarado o vencimento antecipado da dívida após a varejista informar o rombo de R$ 20 bilhões. Na decisão de quarta, o desembargador Flávio Fernandes afirmou que apesar de a medida cautelar visar a proteção da atividade da empresa, “há necessidade de diligência” para evitar que essa medida seja usada como meio de fraude aos credores.

19 de janeiro

Em fato relevante, a Americanas informou que possuía apenas R$ 800 milhões em caixa, que significariam uma redução significativa contra os R$ 8,6 bilhões reportados no 3º trimestre de 2022.

“A Americanas informa que, diante da atitude unilateral dos credores, sua posição de caixa atingiu R$ 800 milhões e parcela significativa deste valor está injustificadamente indisponível para a movimentação da companhia desde ontem”, disse a empresa.

Por “injustificadamente indisponível”, a empresa atribui a situação à decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro de bloquear R$ 1,2 bilhão da Americanas, a pedido do banco BTG Pactual.

Ainda na quinta-feira (19), portanto, a Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.

De acordo com o diretor financeiro da Spot Finanças, Marcello Marin, o pedido de recuperação judicial da Americanas se tornará o quarto maior da história do país, ficando atrás somente de Odebrecht, Oi e Samarco.

Com g1

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