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Pesquisa de opinião ou propaganda política disfarçada em Niterói? Eis a questão

Por Redação
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Essa dúvida ficou na cabeça de uma niteroiense, após uma abordagem por um suposto entrevistador de instituto de pesquisa, Confira o relato
Pesquisa Eleitoral
A suposta pesquisa foi feita na segunda-feira, dia 21. Foto: reprodução

Pesquisa de opinião ou propaganda política disfarçada? Essa dúvida ficou na cabeça de uma niteroiense, após uma abordagem por um suposto entrevistador de instituto de pesquisa, na manhã de segunda-feira passada (21), no Largo do Barradas (Santana).

Leia mais: Pesquisas confirmam liderança de Rodrigo Neves (PDT) no segundo turno em Niterói

Profissional liberal, ela relatou a abordagem para o A Seguir, na condição de anonimato. Ela estava a caminho da academia de ginástica quando um rapaz, sem se identificar, a abordou perguntando se ela poderia conversar sobre seu bairro.

Pendurado no pescoço do rapaz estava um crachá que supostamente o identificava como sendo do instituto de pesquisa GPP.

De acordo com a moradora, o rapaz começou fazendo perguntas sobre o que ela achava do bairro onde morava; sua idade e se estava trabalhando.

Em seguida, pediu que ela avaliasse a prefeitura, o atual governo municipal, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador do Rio Claudio Castro.

Logo depois, perguntou em quem ela vai votar no segundo turno e em quem ela votou no primeiro turno. Continua pedindo uma avaliação (entre negativa ou positiva) de Rodrigo Neves e Carlos Jordy, respectivamente, os candidatos trabalhista e bolsonarista que disputam o segundo turno para a prefeitura de Niterói.

– Quando eu falei que tinha opinião negativa sobre o Jordy, ele começou a fazer perguntas capciosas – contou a moradora, citando algumas perguntas da forma como foram feitas:

Os eleitores do Rodrigo Neves dizem que votam nele porque ele rouba, mas faz. O que acha disso ? Acha correto votar em um candidato que rouba, mas faz?

O que você acha se o governo Lula passasse a  ter 70 ministérios ? Absurdo ou aceitável ? E se eu te disser que a prefeitura de Niterói tem 70 secretarias.: absurdo ou aceitável?

O próximo bloco de perguntas foi sobre a opinião da moradora sobre vários políticos identificados como sendo de extrema-direita como Pablo Marçal (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro, candidato derrotado à prefeitura de São Paulo) e Nikolas Ferreira (deputado federal identificado como sendo da “tropa de choque” bolsonarista).

Em seguida, o suposto entrevistador de instituto de pesquisa perguntou se ela ou alguém da sua família tinha Cartão Arariboia.

– Outra vez, ele fez perguntas com preâmbulos capciosos. Sobre o Cartão Arariboia, ele começou afirmando que ‘é sabido na cidade que há muitas irregularidades relacionadas com o Cartão Arariboia’ – contou

Depois dessa introdução, a pergunta: o que você acha que o próximo prefeito deve fazer: passar um pente fino no Cartão Arariboia, aumentar o valor do benefício ou ampliar o número de beneficiados?

– Quando ele fala que há irregularidades, ele induz a uma resposta. Ele espera que eu diga que tem que ter pente fino no Cartão Arariboia. Na minha opinião, ele está usando a credibilidade de um instituto de pesquisa para passar informações para o eleitor. Ao invés de colocarem  em um panfleto “Rodrigo Neves é conhecido como rouba mas faz”, “Niterói tem 70 secretarias”, “tem irregularidades no Cartão Arariboia”, as informações são passadas por um suposto entrevistador. A pessoa  abordada não vai sair dali para pesquisar se é verdade ou não, já compra como verdade, afinal, é o cara de um instituto de pesquisa que está falando – avaliou a moradora que, neste ponto, se cansou da abordagem e interrompeu a “conversa”.

Para o A Seguir, ela disse que, em um primeiro momento, acreditou que se tratava, de fato, de uma pesquisa de opinião. Depois, estranhou a forma como as perguntas estavam sendo feitas. Decidiu “dar corda” para ver até onde “a história ia chegar”.

Foi por desconfiar e ter dúvidas sobre exatamente o que aquela abordagem significou que ela decidiu fazer o relato para o A Seguir.

GPP

A Seguir entrou em contato, por e-mail, com o GPP para conferir se o instituto tinha realizado pesquisa de opinião na segunda-feira pela manhã no Largo do Barradas, em Niterói.

Recebeu como resposta que, sim. Foram feitas pesquisas no local na segunda e na terça-feira, acrescentando que a “pesquisa não é para divulgação”.

O nome do instituto aparece na lista de fornecedores de campanha de Carlos Jordy. Na prestação de contas junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TER-RJ) constam dois pagamentos para GPP Planejamento e Pesquisa, feitos nos dias 26 de agosto e 19 de setembro, de R$ 86.625,00, cada. Na rubrica do serviço consta “Pesquisas ou testes eleitorais”.

De acordo com o CNPJ apresentado na prestação de contas da campanha do candidato bolsonarista, a GPP foi fundada em 27/12/1991 e sua sede fica em Icaraí.

Dos quatro sócios-administradores, um está na empresa desde 1999; outro desde 2017 e dois desde o mesmo dia em 2020.

A empresa, sob outro CNPJ, tinha como sede um endereço no centro de Rio Bonito (RJ), mas encerrou as atividades em 26/07/2017. Nos dois CNPJs, os sócios são os mesmos.

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