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Se faltam vacinas, também faltam empregos, e cada vez mais. Mesmo com o desemprego recorde no Brasil, a situação pode não melhorar tão cedo em termos de renda, especialmente para os trabalhadores de menor escolaridade e especialização. Relatório do Banco Mundial afirma que a crise gerada pela pandemia vai afetar o mercado de trabalho no Brasil e na América Latina por um longo período, inclusive com efeito negativo sobre empregos e salários.
O documento “Emprego em crise: trajetória para melhores empregos na América Latina pós Covid-19” alerta que os efeitos podem durar até nove anos para os trabalhadores médios do país.
“No Brasil e no Equador, embora os trabalhadores com ensino superior não sofram os impactos de uma crise em termos salariais, e sofram apenas impactos de curta duração em matéria de emprego, os efeitos sobre o emprego e os salários do trabalhador médio ainda perduram nove anos após o início da crise”, diz o relatório.
Segundo o documento, essa situação vai deixar cicatrizes, como o aumento no desemprego, na informalidade e também redução dos salários.
“Na região da ALC [América Latina e Caribe], as cicatrizes são mais intensas para os trabalhadores menos qualificados, sem ensino superior”, diz o documento.
Niterói tem renda média alta, mas efeitos da crise são vistos nas ruas
Mesmo em uma cidade como Niterói, que tem a renda média mais alta do Estado do Rio, os efeitos da pandemia sobre a economia e o trabalho das famílias é visível nas ruas. Em Icaraí, bairro de renda média ainda mais alta da cidade, o número de famílias inteiras vivendo nas ruas assusta e preocupa diariamente.
Mais políticas de inclusão para trabalhadores informais
O documento do Banco Mundial é de junho e foi debatido nas redes com os autores para aprofundar o assunto nesta terça-feira. O relatório também recomenda modificações no seguro-desemprego e maior atenção às políticas de inclusão de trabalhadores informais no mercado de trabalho, especialmente no cenário pós-pandemia.
“A crise econômica gerada pela pandemia da covid-19 ressaltou a importância de renovar os instrumentos de proteção social a fim de proteger a renda contra os choques canalizados por meio do mercado de trabalho, no Brasil e no mundo”, afirma o documento.
O relatório aponta que o seguro-desemprego acaba tendo um papel limitado na proteção social aos trabalhadores, “pois aqueles que são mais afetados pelas crises econômicas, como a causada pela pandemia, a exemplo dos trabalhadores informais e autônomos formais, são inelegíveis para receber o benefício”.
Brasil na contramão
Em 2019, no Brasil, somente 17,7% da média mensal de trabalhadores desempregados (12,6 milhões) receberam benefícios de desemprego.
O relatório destaca que também faltam políticas de apoio para auxiliar os trabalhadores que estão buscando emprego de forma autônoma.
(com Agência Brasil)
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