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Trânsito caótico, alta no preço dos combustíveis, preservação do meio-ambiente. Seja como alternativa para evitar a aglomeração do transporte público ou como atividade física, o ciclismo tem conquistado espaço em Niterói.
Dados da Coordenadoria Niterói de Bicicleta, em parceria com a ONG Transporte Ativo, mostram que o número de ciclistas transitando em três vias da cidade (avenida Roberto Silveira, Amaral Peixoto e Marques do Paraná) aumentou 24% este ano. A pesquisa não abrangeu outros pontos do município e foi feita por meio de câmeras de monitoramento do Centro de Controle Operacional da Nittrans.
O universitário Caio Gatto, por exemplo, mora no centro e faz mestrado em História na Universidade Federal Fluminense (UFF), no Campus do Gragoatá. Aos 29 anos e sem carro ou carteira de motorista, ele conta que passa de bicicleta diariamente pela Amaral Peixoto para ir até a faculdade, onde tem uma bolsa de estudos e costuma almoçar no bandejão.
– O dinheiro proveniente da bolsa não é muita coisa, então não há qualquer possibilidade de pensar em comprar um carro, mesmo que seja financiado, então também não é necessário tirar a CNH por enquanto. Eu nem costumo pensar nisso, porque eu costumo fazer tudo com a bike. Vou ao mercado, ao médico, à UFF, ou qualquer lugar. Por aqui é tudo muito próximo, então facilita bastante a minha vida – relatou.
Outro que pratica o ciclismo frequentemente é o corretor imobiliário Ricardo Laidler, de 30 anos. Ao contrário de Gatto, Laidler tem carro, mas ainda assim faz uso do meio de transporte sustentável para ir até a academia, por exemplo. Ele mora em Icaraí, num prédio em frente ao Campo de São Bento, e mantém a rotina de pedalar pela avenida Roberto Silveira, conhecida por seus engarrafamentos.
– Eu evito ir de carro para o trabalho porque, além de ser mais distante, eu não quero chegar suado na empresa. Mas uso o meu camelinho (bicicleta) todo dia, ou pelo menos todos os dias que vou treinar. Uso também para qualquer compromisso aqui por perto, em Icaraí mesmo, porque às vezes é mais rápido do que ir de carro e pegar engarrafamento – ilustrou.
Numa cidade que tem uma população estimada pelo IBGE de 517 mil moradores e, de acordo com a prefeitura de Niterói, 302.545 veículos licenciados, torna-se cada vez mais indispensável o uso das bicicletas para fugir dos engarrafamentos. Pois bem, o número de ciclistas mais que quadruplicou desde 2015.
Há sete anos, ainda de acordo com o estudo, 1.964 ciclistas passavam diariamente pelas avenidas Roberto Silveira e Amaral Peixoto – a avenida Marquês do Paraná passou a ser contemplada nas estimativas a partir de 2020. Em 2022, essas mesmas avenidas atendem 7.372 bicicletas por dia. Ou seja, um aumento de 375%.
Vale destacar ainda que essa adesão ao ciclismo vem ocorrendo de forma gradativa em Niterói. Em 2016, a título de exemplo, foram registrados 3.344 ciclistas, o que representa um aumento de 70% em relação a 2015. Ao mesmo tempo, esse número é 52,15% menor do que o registrado em 2017: 5.087.
Veja o gráfico abaixo:
Atualmente a cidade tem 65 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorotas. A Prefeitura assinou, na última semana, a ordem de início do projeto executivo da Ciclovia Parque da Lagoa de Itaipu – última etapa da rota translagunar. Os ciclistas poderão ir pedalando do túnel Charitas-Cafubá até as praias de Itaipu e Itacoatiara através das lagoas.
Em agosto, também foi iniciada a construção de novas ciclovias do Lote 2 do Sistema Cicloviário da Região Oceânica. A prefeitura promete implementar novas ciclovias nos bairros de Camboinhas, Itaipu, Itacoatiara, Serra Grande, Santo Antônio e Piratininga. O lote 2, segundo o órgão, terá um total de 10,5 quilômetros de malha cicloviária.
Outra proposta ao ciclismo da cidade diz respeito a rede cicloviária da Região Norte. A promessa é ampliá-la por meio da ciclovia existente na Rua São Lourenço, com a Amaral Peixoto, à parte já entregue do Trecho Sul da Av. Marquês do Paraná que segue até Icaraí.
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