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Pacientes com doenças crônicas denunciam falta de medicamentos em policlínica de Niterói

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Medicamentos para doenças intestinais, psiquiátricas e respiratórias estão em falta há dois meses, sem previsão de reposição
Medicamentos para doenças intestinais, psiquiátricas e respiratórias estão em falta há dois meses, sem previsão de reposição
Medicamentos para doenças intestinais, psiquiátricas e respiratórias estão em falta há dois meses, sem previsão de reposição

Ter uma doença crônica não é nada fácil, ainda mais depender de medicamentos para a vida toda. São remédios caros e que não podem ser interrompidos, pois podem prejudicar o andamento do tratamento e a volta dos sintomas. Yasmin Rigueto teve mais de 6 sintomas pela doença de Crohn, doença intestinal inflamatória e crônica que afeta o revestimento do trato digestivo. Para manter sua saúde minimamente estável, Yasmin recorre ao Azatioprina, capaz de controlar os sinais da doença, mas há dois meses ela não consegue buscar o medicamento na policlínica Jansen de Melo, no Centro de Niterói. Ela liga semanalmente e a resposta é sempre a mesma: sem previsão.

– Tenho me mantido através de doações de medicamentos e apoio das associações como a Associação de Pessoas com Doença de Cohn (Diibrasil) e a Associação de Pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinas (AdiiRio), a qual faço parte desde fevereiro de 2020. Esse apoio é fundamental porque são pacientes se ajudando, doando medicamentos que sobram. Minha irmã também tem a mesma doença e usamos o mesmo medicamento. Quando conseguimos doação, dividimos entre a gente. É uma angústia dobrada – destacou.

A policlínica Jansen de Melo é abastecida pela RioFarmes, que sofre com a falta de remédios de alto custo para tratar infecções intestinais nos estoques. Para controlar os sintomas da doença, Yasmin tem contado com o suporte de associações dedicadas às pessoas com doença crônica, como é o caso da AdiiRio e da DiiBrasil. O suporte é essencial para uma maior estabilidade da doença, já que, muitas das vezes, ela recebe doações.

– É sempre uma incerteza e busca incansável. Tenho que ter o controle de quantos comprimidos ainda tenho para, antes de acabar, buscar mais doação. Ainda bem que existem associações lutando por nós e pacientes se ajudando também. Eu tenho um Instagram em que falo sobre minha doença. Compartilho doações diariamente. Recebo mensagens de pacientes desesperados. É angustiante – ressaltou.

A AdiiRio ingressou com reclamação no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro devido à falta dos remédios. Procurada pelo A Seguir: Niterói, ainda não há retorno sobre quais providências serão tomadas após o recebimento da denúncia.

A dona de casa Maria Altamir Neves tem asma há mais de 20 anos. Ela também sofre com a falta de medicação há dois meses e diz que notou uma maior burocracia desde o início da pandemia. Era para ela ter retirado o medicamento nesta quarta (18) na policlínica Jansen de Melo, porém voltou para casa de mãos vazias.

– Na pandemia, a gente notou mais burocracia, e disseram que era por causa dos escândalos na Secretaria Estadual, que eles estavam passando pente fino na documentação. Mas agora que começou a faltar. Há muitos anos isso não acontecia – destacou.

Caps do Largo também está sem medicamentos

O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do Largo, em São Francisco, também está com problema de abastecimento de medicamentos para pacientes psiquiátricos. O A Seguir: Niterói recebeu uma denúncia nesta quinta-feira (19) de que o local está com a farmácia zerada, sem remédios para os pacientes. Pacientes que precisam de injeções diárias estão tendo crises de forma sistemática. Em dois anos e meio de tratamento, depois de 6 meses internado, um paciente que preferiu ter sua identidade preservada, afirma que nunca passou por uma situação dessas. A acompanhante do paciente explica:

– Os funcionários não estão dando conta dos doentes em crise, jogados no chão e as famílias que acompanham em desespero. Pacientes com tremedeiras, precisando de injeções que não tinham, deitados nas cadeiras e no chão, gritando, os medicamentos em falta. A responsável da farmácia pedindo para ir embora, pois já tinham almoçado e lanchado e nada mais poderia fazer. A assistente social entregou um papel com os e-mails para todos os acompanhantes denunciarem na Prefeitura. Repetiram: “Nunca passamos por uma situação dessas: Estamos em colapso”.

E completou: – Entrei em contato com a Prefeitura e perguntaram quais os remédios estavam faltando. Quase perguntei se precisava desenhar. As famílias dos pacientes, em situação de vulnerabilidade estão sem saber o que fazer.

Procurada pelo A Seguir: Niterói, a Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Superintendência de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (SAFIE), informa que o processo de aquisição do medicamento Azatioprina, para tratamento da doença de Crohn, está com empenho emitido, aguardando prazo para entrega. Em nota, a SES sublinha ainda que está empenhando todos os esforços para regularizar o fornecimento dos medicamentos o mais breve possível para os pacientes cadastrados.

O A Seguir também procurou a Prefeitura de Niterói sobre a reposição de medicamentos. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Niterói informou que já realizou a compra emergencial e que o processo está na fase das entregas, que serão feitas diretamente às unidades da RAPS.

A SMS ressaltou ainda que na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), os CAPS atuam como porta de entrada para os pacientes em crise. Esse atendimento é feito de maneira coordenada com o Serviço de Recepção e Intercorrência – Emergência Psiquiátrica do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba (SRI/HPJ). Essa estrutura de atendimento tem como objetivo acolher as situações de agravos, com respostas rápidas, para garantir o melhor cuidado para as situações apresentadas.

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