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O que se pode dizer de um bairro que tem o mar de um lado e uma floresta do outro? Da praia se tem a vista mais bonita da Baía de Guanabara. No mato há mangueiras, pitangueiras, jabuticabeiras, limoeiros, patos, peixes e tartarugas. Dá para ir de um a outro em cinco minutos a pé e ainda parar para ver saguis pulando de árvore em árvore. Entre a Praia e o Campo de São Bento, Icaraí é mais que um bairro: é quase um estilo de vida.
Fica mais fácil ser alegre que ser triste por suas ruas. Percorrer a Otávio Carneiro de ponta a ponta depois de um mergulho no mar para ir ler entre as árvores do Campo. Tomar um café despreocupado na Beira Mar ou na Pão & Etc. Assistir à chegada da chuva, do alto de um prédio, vendo a Serra dos Órgãos em sua plenitude, como que ali tomando conta da gente. Um coco no calçadão. Um sanduíche no Ponto Jovem. Ficar na areia, com os pés no chão, no fim da tarde, e assistir ao sol se despedindo por trás do MAC…
Que outra cidade no mundo tem tanto Niemeyer e suas curvas insinuantes assim, ao vivo e a cores, a qualquer hora? Sair de canoa havaiana e ir remando até a Pedra do Índio ou Charitas, com o Rio de Janeiro e o Cristo Redentor do outro lado como que dizendo: bonito visual, pá, se não bastassem os bolinhos de bacalhau que vocês fazem por aí.
E bater perna pela Ator Paulo Gustavo, observar o movimento de sua gente, carrinhos de bebê, esportistas, canoas, bicicletas, cães, um desfile de qualidade de vida assim, livre, leve e solto? Que outro lugar tem um cara que era só alegria dando nome à sua principal rua de comércio?
De tudo que tem no mundo há nos pouco mais de nove quilômetros quadrados de Icaraí. Escolas? São mais de 25 entre públicas e privadas, sem contar cursos de idiomas e que tais. Hospitais e clínicas? Muitos e bons. Livrarias, mercados, academias sobram. Farmácias… aí já é bom até mudar de assunto, de tantas.
Não vou me alongar. Como diria Padre Antônio Vieira, peço desculpas por ser breve, mas não tive tempo de ser “longo”. No caso de Icaraí, significa que eu poderia ficar horas escrevendo sobre esse estilo de vida. E jamais me esquecer de suas desigualdades, das comunidades com falta de tudo aqui juntinho, do Cavalão, das famílias dormindo nas ruas, do trânsito caótico. Então também gastaria mais algum bom tempo, temperado com grau alto de tristeza e lamento.
Mas peço desculpas por ser breve e dizer somente mais isso: é um privilégio viver entre o mar e o mato, nesse estilo de vida chamado Icaraí. Um bairro de Niterói que, talvez, resuma a cidade mais que qualquer outro, com tudo o que tem de bom e de ruim.
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