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‘O niteroiense é afetuoso’, diz Diogo Vilela que volta a Niterói com “O Bem Amado”

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Em entrevista para o A Seguir, o ator fala sobre a atualidade do personagem Odorico Paraguaçu e da peça que estreia sexta-feira (9) na cidade
o bem amado peça
Diogo Vilela em cena com Patrícia Pinho: Odorico Paraguaçu e, Dorotéa Cajazeira. Fotos: Clarissa Ribeiro/Divulgação

Depois de três anos, o ator Diogo Vilela volta a Niterói. Da última vez em que esteve na cidade, ele deu vida ao cantor niteroiense Cauby Peixoto. Agora, ele se apresenta como  Odorico Paraguaçu, o prefeito de Sucupira, na comédia “O Bem-Amado”. A peça estreia na sexta-feira (9), às 19h, no Teatro da UFF, onde faz temporada até o próximo dia 18.

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– Na época do musical “Cauby, uma Paixão”, fiquei louco por Niterói. O niteroiense é muito afetuoso. Agora, estou com ótimas expectativas – disse Vilela em entrevista exclusiva para o A Seguir.

O personagem Odorico Paraguaçu foi imortalizado na TV por Paulo Gracindo, na novela “O Bem Amado”, exibida pela rede Globo em 1973. A história central da trama é baseada na peça teatral “Odorico, o Bem-Amado”, escrita em 1962, por Dias Gomes, também responsável pela adaptação para a TV. A novela fez história: foi a primeira produção dramatúrgica em cores da televisão brasileira e a primeira a ser exportada.

Apesar de tantos “marcos temporais”, a peça mantém uma quase inacreditável atualidade. A comédia enfoca a candidatura à eleição do fazendeiro Odorico, neto e filho de coronel, para prefeito de Sucupira, cidadezinha litorânea, da Bahia. O personagem retrata um político astuto e demagogo, que faz de tudo para atingir seus objetivos. E consegue. Já na condição de novo prefeito de Sucupira, o que mais Odorico deseja é inaugurar a sua grandiosa obra política, o primeiro cemitério da cidade – mas ninguém morre por lá.

Odorico Paraguaçu em cena com Zeca Diabo.

A relação entre poder e populismo; como as promessas políticas podem ser usadas para manipular as massas; a busca desmedida por poder e influência e como muitas coisas são resolvidas pelos cantos de salões – tudo isso está em cena.

– Tanto a novela quanto a peça original e a que faço agora têm um teor crítico grande. Mostra jogadas políticas que são feitas até hoje. Isso evidencia que estamos estacionados em uma forma de sobreviver que não evoluiu. Até agora, o público tem se identificado muito. E ri muito também, só não sei se é de nervoso – conta Vilela.

Ele sabe que, em tempos de polarização política, todo cuidado é pouco. Por conta disso, a produção gravou um áudio que informa sobre as “origens” do texto que será apresentado.

– É tanta ‘coincidência’ com o que acontece em tempos atuais que poderiam pensar que a gente inventou ou se baseou em fatos reais – diverte-se Vilela.

Tadeu Melo como Dirceu Borboleta.

E pensar que o ator chegou a ser escalado para a novela, para um papel um pouco menor – o Cabo Ananias (que acabou sendo interpretado por Augusto Olímpio). Na história, era o ajudante da delegada  Donana Medrado (papel de Zilka Sallaberry). Na última hora, Vilela foi escalado para outro trabalho na emissora e não participou da novela.

O núcleo do Cabo não faz parte da peça atual. Porém, outros personagens que se tornaram icônicos na TV marcam presença no palco como Dirceu Borboleta (Tadeu Melo), Zeca Diabo (Chris Penna) e as irmãs Cajazeiras (Patrícia Pinho, Rose Abdallah e Renata Castro Barbosa).

Em cena também estão Hilário (Luiz Furlanetto) o tio das irmãs solteironas; Ernesto (Lucas Figueiredo), primo das Cajazeiras; mestre Ambrósio (Ezequiel Vasconcelos), irmão de Zeca Diabo; Neco Pedreira (Gabriel Albuquerque), jornalista que vive noticiando as falcatruas do prefeito;  o barbeiro Demerval (Alê Negão); Vigário (Marco Áureo), ex-aliado de Odorico; o coveiro Chico Moleza (Ataíde Arcoverde) e o pescador Zelão (Rollo).

Para fazer o seu Odorico, você estudou cenas feitas pelo Paulo Gracindo ou preferiu não revê-las?

DV: E preferi não olhar. Tenho a maior admiração pelo Gracindo, muito respeito pelo seu trabalho, mas criei o meu Odorico. O Marco Nanini, há uns 15 anos, também fez Odorico no teatro. Agora, o que ouço é que o meu Odorico não tem nada nem com o do Gracindo nem com o do Nanini. Agora, o que é isso, eu não sei. Não sei me autoanalisar. Só sei que faço, gosto e estou feliz.

A peça, que estreou em janeiro, chega a Niterói depois de passar por temporadas em diferentes teatros do Rio, onde já reuniu um público de 26 mil pessoas.

– É tudo muito divertido, com momentos maravilhosos em cena. Estou muito animado em apresentar a peça em Niterói. Espero que tenha o mesmo efeito de diversão no público da cidade – disse Vilela.

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