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O general e a rainha: livro resgata visita de Geisel à Inglaterra, em 74

Por Redação
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O jornalista Geraldo Cantarino lança o livro “Geisel em Londres” e revela a visita polêmica e um erro moral, em plena ditadura
Geisel em Londres
Livro retrata a primeira viagem oficial de um presidente brasileiro em exercício à Inglaterra. Foto: Divulgação

Um marco nas relações diplomáticas entre Brasil e Reino Unido, a visita de Estado do presidente Ernesto Geisel a Londres, em maio de 1976, é o tema central do livro “Geisel em Londres“, do jornalista Geraldo Cantarino, que será lançado nesta segunda-feira (13), às 17h30, na Livraria Blooks, em Icaraí. O livro retrata a primeira viagem oficial de um presidente brasileiro em exercício àquele país, realizada em retribuição à visita da rainha Elizabeth II ao Brasil, no turbulento ano de 1968.

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A obra é resultado de pesquisas em arquivos brasileiros e ingleses e revela os bastidores da polêmica visita de Geisel, alvo de duras críticas, moções de repúdio, boicotes e protestos contra a brutalidade do regime militar brasileiro, na época, já vigente há 12 anos. O prefácio é da jornalista Jan Rocha. No livro, Cantarino mostra que a violação de direitos humanos não impediu o Reino Unido de fortalecer relações com o Brasil durante a ditadura.

O livro também revela as denúncias no exterior de repressão, tortura e morte no Brasil. Outros pontos abordados no livro são um presidente em busca de recursos para enormes projetos de desenvolvimento no Brasil. Um primeiro-ministro obstinado em garantir contratos lucrativos para o Reino Unido e uma rainha prestes a receber, com pompa e circunstância, o chefe de um governo acusado de graves violações de direitos humanos.

Enquanto o Brasil vivia um período de crescimento econômico do Brasil, com o interesse de investidores e de empresas fornecedoras de equipamentos, serviços e armamentos do Reino Unido. De outro, o país vivia um período de maior repressão do regime que se seguiu ao golpe civil-militar de 1964. Esse momento gerava grande preocupação em organizações internacionais de defesa dos direitos humanos. É nessa tensão, portanto, que o autor desenvolve sua narrativa.

A história

Em 20 de dezembro de 1971, o embaixador britânico no Brasil, Sir David Hunt, consultou o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido se não teria chegado a hora de propor ao Brasil uma visita de Estado ao Reino Unido. A proposta seria em retribuição à visita da rainha Elizabeth II ao Brasil, em 1968.

No entanto, o embaixador sabia de antemão que a ideia do convite precisaria ser ponderada diante da repercussão internacional da repressão no Brasil e, por isso, não seria bem recebida por setores da sociedade britânica.

A proposta de estender o convite ao Brasil seguiu em banho-maria até o general Ernesto Geisel despontar no horizonte, em junho de 1973, como o provável futuro presidente do país. Diplomatas britânicos viram em Geisel o perfil ideal para o arriscado e complexo projeto, que levaria três anos para se concretizar: a primeira visita de Estado de um presidente brasileiro à Inglaterra. Em 29 de agosto de 1974, cinco meses e meio depois de sua posse, Geisel fez o pronunciamento político mais importante desde que assumira a Presidência. Afirmou que sua missão era a de promover “o máximo de desenvolvimento possível – econômico, social e também político – com o mínimo de segurança indispensável”

Sobre o autor

Geraldo Cantarino é jornalista formado pelo Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, com diploma do Curso Avançado de Direção para Televisão e Teatro da ARTTS International, no norte da Inglaterra, e Mestrado em Documentário para TV pelo Goldsmiths, da Universidade de Londres. No Brasil, trabalhou como produtor jornalístico, roteirista e repórter de televisão.

É autor de quatro livros publicados pela Mauad X: A ditadura que o inglês viu (2014), Segredos da propaganda anticomunista (2011), Uma ilha chamada Brasil (2004) e 1964 – A Revolução para inglês ver (1999). É membro do Conselho Deliberativo da ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

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