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Quem são os personagens com que cruzamos nas ruas no dia a dia e traduzem o espírito da cidade? Muitas vezes, somos capazes de reconhecer a cidade através de seus personagens, em suas atividades mais cotidianas, como fazer ginástica na praia, pelo seu trabalho, no comércio, no trânsito ou ainda num simples passeio com o cachorro.
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O designer e artista plástico Helio Bueno, colaborador do A Seguir, observa “os tipos” da cidade, e às vésperas do aniversário de Niterói, nos presenteia com a série de desenhos que apresenta como “Os brasileiros”.
Você vai reconhecê-los. A série traz esses personagens que ajudam a construir a “alma” da cidade, pela forma que se misturam e se fazem presentes em nossas vidas. Gente com quem podemos topar em qualquer esquina.
São figuras que, de certa forma, nos representam, peças-chaves para o funcionamento dessa engrenagem que chamamos de vida. Os personagens variam muito, vão de pessoas que são essenciais no âmbito do serviço, como agentes de limpeza e entregadores, ao pipoqueiro, os malabaristas do sinal, os corredores fissurados em corrida, faça chuva, faça sol.
Para além dos personagens, Helio também traz a sinestesia em cena, aquela velha e boa mistura das diferentes sensações percebidas pelo corpo, visão, audição, olfato, paladar e tato, ao trazer A FEIRA também como personagem.
Helio Bueno capturou as atividades de alguns de nós e destaca alguns desses personagens:
OLHA O MATE, um ícone das praias e de várias gerações; o TRANSEUNTE, que corresponde a pluralidade na forma de se expressar e, algumas das vezes, corresponde àquelas “figuras” curiosas que chamam a atenção pelo seu estilo autêntico; o MALABARES, triste mas uma figura corriqueira das nossas cidades.
Tem também o DELIVERY, fazendo piruetas no trânsito; o vendedor da PRAIA; e, não podia faltar, quem mantém a cidade limpa, depois de tudo que aprontamos, o GARI.
Nada melhor que Helio para contar, com suas próprias palavras, como foi o processo de construção de cada personagem da cidade.
Um vencedor. Ter que lidar com todo tipo de descarte e, na maioria das vezes, você tem a má conservação dos bueiros e afins que dificultam o seu trabalho. O barulho do motor do caminhão de lixo ainda faz o encantamento de muitas crianças que, ao ouvir, correm para vê-lo passar.
É triste ver o esforço dessas pessoas que se desdobram para conseguir alguma coisa para o seu sustento. Tem os criativos que usam a magia do circo para tentar chamar a atenção.
Acho que o sonho de alguns deles era ser um cantor das multidões.
Pode ser encontrado em supermercados e afins, anunciando promoções tentadoras.
É um dos clássicos das praias aonde você pode degustar camarão frito (atenção com a procedência ), cuscuz com leite condensado, pastéis orgânicos (será?) e outras tantas iguarias que a minha memória teima em esquecer.
Uma mistura de aromas, de frutas, verduras, legumes, pescados, especiarias, grãos, beberragens e pequenos acessórios para cozinha e tanque.
Um herói! Carregando os tanques pesados sob um sol escaldante do verão. Estupidamente gelado o limãozinho pode ser misturado ao mate criando uma fusão divina.
Os acrobatas dos sinais ou semáforos levam a sua destreza no manuseio das argolas, malabares, facas, bolinhas aos motoristas impacientes que aguardam o sinal abrir.
No seu ritmo cadenciado vão levando as suas entregas aos mais variados destinos.
Andando, correndo, passeando, de bike, com seus pets são uma miscelânea de cores, tamanhos e formatos.
Os clássicos vendedores que oferecem óculos de sol, artesanato, cangas, bronzeadores (olha a procedência), saída de praia de crochê, entre outras peças.
É um pássaro é um avião?… não! É um delivery! Fazendo as mais arriscadas manobras levam o seu pedido até você. Talvez o sonho de muitos seria participar do Globo da Morte.
Desfilando com as suas peças coloridas, muitas vezes anunciando a sua chegada com uma voz potente, parece uma alegoria desfilando por algumas ruas da cidade.
Com o seu aroma inconfundível e inebriante, somos atraídos, salivando, à carrocinha mais próxima para degustar aquela secular e deliciosa iguaria.
Aqui entre nós, eu sempre gostei mais da pipoca doce, um néctar dos deuses. Felizmente o pipoqueiro resiste ao tempo e ainda pode ser encontrado em alguns pontos estratégicos da cidade.
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