23 de novembro

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Niterói tem 13% da população na fila do Auxílio Brasil

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Apesar de ter um dos maiores orçamentos do estado e o melhor IDH, cidade tem aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade social
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A fila da emergência, no CadÚnico. Foto: Prefeitura de Niterói

Niterói tem 36.949 famílias incluídas no Cadastro Único com o perfil para o Programa Auxílio Brasil. Neste, 28.233 famílias são beneficiárias, totalizando 65.777 pessoas, o que corresponde a 13% da população, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária.

A cidade tem segundo maior orçamento do estado: R$ 4,3 bilhões. Só perde para o Rio, embora seja a quinta mais populosa. A cidade tem, ainda, o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado, de acordo com último censo do IBGE. Mesmo assim vê crescer o número de pessoas em situação de vulnerabilidade social, como acontece em todo o país.  É visível o aumento da população em situação de rua.

Desigualdade e vulnerabilidade

Os dados são da Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária: 36.949 famílias de moradores de Niterói estão inscritas incluídas no Cadastro Único com o perfil para o Programa Auxílio Brasil. Destas, 28.233 famílias são beneficiárias, totalizando 65.777 pessoas.  Mas este número pode ser maior e passar 80 mil pessoas. Na estimativa da Prefeitura,  8.716 famílias aguardam na fila de espera do CadÚnico.

Para além da pandemia da Covid, que contribuiu para o assolamento da economia do país, com muito desemprego, a alta da inflação, que chega aos 12%, pode ser outro fator que ajuda a explicar o aumento da emergência social. O poder de compra dos brasileiros reduziu drasticamente. A pressão nos orçamentos familiares, com a alta dos supermercados, das tarifas de transporte e do custo de vida, de modo geral, também influenciaram neste cenário.

Mesmo com a reação do mercado de trabalho, com a queda dos índices de desemprego, a qualidade dos empregos piorou, com o aumento do trabalho informal.

O CadÚnico é feito nos Centros de Referência da Assistência Social. A cada semana, a equipe da SMASES estará em um Cras com um grupo para dar um reforço e adiantar a fila de espera. Alessandra Pereira Braga, 45 anos, esteve no Cras do Cafubá para fazer seu cadastro nesta terça-feira (28).

– Eu e meu filho estamos desempregados, tenho um neto de 3 anos cuja mãe faleceu e cuidamos dele. Estou tentando o CadÚnico e buscando os auxílios para dar o melhor para ele e minha família – contou.

Ações sociais ganham força

O A Seguir: Niterói mostrou nesta semana que a oferta de cestas de alimentos nos supermercados da cidade chama a atenção e ganha destaque nas prateleiras em função da crise da economia e do aumento da população vulnerável. Os pacotes são montados para atender às necessidades básicas de uma família, como arroz, feijão, farinha, leite, entre outros, e costumam ser compradas por pequenas empresas, condomínios, para os funcionários, e também para doação dos mais desamparados. O mercado Nando, na Rua Álvares de Azevedo oferece o produto há 20 anos, mas desde a pandemia vê a procura crescer.

A Prefeitura também montou um esquema especial de coleta de donativos em todos os eventos públicos. No evento “Delícias da Roça”, no Campo de São Bento, realizado no mês de julho, por exemplo, foi montado um ponto de coleta de doações. A proposta era aproveitar a grande circulação de pessoas para ampliar, de certa maneira, o alcance da causa social. O município conta, ainda, com o Banco de Alimentos Herbert de Souza, que recebe doações através de parcerias firmadas com redes de supermercados, promotores de eventos, espaços públicos e a Coordenadoria de Gestão de Eventos da Prefeitura de Niterói.

A partir do que é recebido, são montados kits de acordo com as necessidades de cada instituição conveniada. Algumas das instituições fazem refeições e servem no local. O banco de alimentos contempla 23 instituições que atendem, de forma direta ou indireta, quase 2.600 pessoas entre crianças, adolescentes, adultos, idosos e famílias pré-cadastradas, por mês. Para se cadastrar, representantes de instituições que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social devem comparecer à sede na Rua Padre Anchieta, 65, Centro. Além dos documentos necessários, a instituição precisa ser cadastrada no Conselho da área de atuação (criança e adolescente, idoso, etc), no Conselho Municipal de Assistência Social do município, e ter inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Também deve possuir cozinha para manipular e cozinhar os alimentos doados.

Além das políticas de Assistência Social da Prefeitura, como a Moeda Social Arariboia, o banco de alimentos, o atendimento nos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e acolhimento nos abrigos, o município também realiza a campanha Niterói Solidária, que arrecada doações de alimentos não perecíveis e entrega para instituições filantrópicas cadastradas.

Rio é o município com mais pessoas à espera do benefício

A fila de espera do programa Auxílio Brasil chegou a 1.568.728 famílias em julho e mais que dobrou em dois meses: o aumento foi de 105%, ou mais 803.930 famílias, em relação ao número registrado em maio. O Rio é a cidade que tem mais gente à espera do benefício, conforme divulgado pelo jornal O Globo, pela Lei de Acesso à Informação. Os dados são do mês de julho. O Rio é também o estado com mais famílias à espera de ajuda: 251.304 no total. São Paulo vem na sequência, com 201.444 famílias aguardando.

Na capital fluminense, há 83.620 famílias na fila. As demais capitais na lista são: São Paulo (46.954), Fortaleza (38.402), Belém (24.780), Manaus (21.452) e São Luis (14.108). Em julho, o Auxílio Brasil foi pago a 18.134.548 famílias, com o valor de R$ 600 para 20 milhões de pessoas. As regras do Auxílio Brasil determinam que podem fazer parte do programa famílias inscritas no CadÚnico, atualizado há menos de 24 meses, abaixo da linha da pobreza. Hoje são consideradas famílias extremamente pobres, e que têm prioridade no acesso, aquelas com renda mensal de R$ 105 por pessoa, independentemente da composição familiar.

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