27 de dezembro

Niterói por niterói

Pesquisar
Close this search box.
Publicado

Niterói está no topo do swing, segundo aplicativo de relacionamento

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

COMPARTILHE

Cidade é top 3 dentre os municípios do Rio de Janeiro com mais adeptos da prática sexual que envolve troca de casais
swing
Casas de swing são locais cheios de regras e a principal delas é “não é não” . Foto: reprodução

No estado do Rio de Janeiro, três municípios se destacam em quantidade de adeptos do swing: a capital, Niterói e Nova Iguaçu. Estamos falando de uma prática sexual consensual que envolve troca de casais em busca de novas experiências sexuais.

Levantamento feito pelo Ysos, aplicativo especializado em conectar pessoas interessadas na prática do swing, indicou que, em Niterói, a maioria dos adeptos (61,44%) é formada pelo que se poderia chamar de casal hétero convencional, ou seja, formado por um homem e uma mulher.

Porém, homens (28,28% ) e mulheres solteiros (9,15%) também estão se colocando disponíveis para esse tipo de prática sexual, na cidade.

E o que tipo de parceiros essas pessoas estão procurando quando se propõem a fazer uma programação que envolve swing? Segundo a pesquisa, a maioria (63,29%) busca por outro casal hétero. No ranking das preferências, as mulheres cis ficam em segundo lugar (39,34%) seguidas pelos homens cis (34,57%).

Casal formado por mulheres e as mulheres trans empatam em quarto lugar ((13,33%) na preferência dos swingueiros de Niterói. Em quinto (10,11%) estão os travestis, seguido por casal formado por homens (7,19%); homens trans (6,64%) e crossdresser (6,02%).

Em termos de faixa etária, os maiores adeptos, em Niterói, têm entre 25 e 34 anos (41,66%), seguido pela turma entre 35 e 44 anos (32,32%) e de 45 a 54 anos (12,08%). Jovens entre 18 a 24 anos representam 11,10% dos swingueiros da cidade, tendo a prática também conquistado adeptos em pessoas com idades entre 55 e 64 anos (2,49%) e até entre os que têm 65+ (0,35%).

– O swing já não é mais exclusividade de grandes centros urbanos. Em todos os estados brasileiros, há cidades liderando a adesão ao movimento No Acre, por exemplo, as cidades de Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Acrelândia concentram os maiores números de adeptos. De Oiapoque (AP) ao Chuí (RS), o swing parece estar conectado por um único fio condutor: a busca por experiências que transcendam as convenções tradicionais – afirmou Gustavo Ferreira, Head de marketing do aplicativo.

Segundo ele, o perfil dos adeptos do swing, em Niterói, “bate” com o perfil nacional traçado pela pesquisa feita pelo Ysos, que tem  2 milhões de usuários.

Os principais adeptos, com 45%, são os casais héteros, enquanto 38% são homens e 14% são mulheres. Já em termos de preferências, as declarações de interesse selecionadas pelos usuários ao configurar seus perfis no aplicativo, segundo Ferreira, “reforçam a pluralidade do swing”: casais “ele/ela” lideram as preferências (45,03%), seguidos por mulheres (27,61%) e homens (23,54%). Interesses como “casais ela/ela” (10,37%) e “mulheres trans” (10,33%), “indicam uma abertura crescente para novas possibilidades dentro do universo do swing”, observou o executivo.

A faixa etária dos praticantes também chamou atenção, na pesquisa. A maioria (37,40%) está entre 25 e 34 anos, seguidos por usuários de 35 a 44 anos (28,63%). Apesar de menos expressivos, jovens de 18 a 24 anos (10,54%) e pessoas acima de 55 anos (7,50%) também mostram interesse no swing.

Não é não

Engana-se quem pensa que, em um local destinado para a prática do swing rola um “vale tudo”. Estudiosa do tema, a antropóloga mineira Maria Silvério, em entrevista ao podcast “É tudo culpa da cultura”, comandado pelo também antropólogo Michel Alcoforado, explicou o Be-A-Bá da prática.

– São espaços cheios de regras e moralidades. A começar que é de bom tom, para quem quer chegar pela primeira vez, ter um “padrinho” no local. Funciona como uma espécie de garantia de segurança. Em uma casa de swing, “não é não”. Nada é feito sem consentimento. Não tem essa história de todo mundo é de todo mundo. É bom lembrar que todo mundo, ou a maioria, tem “dono” por lá – afirmou Maria Silvério que é doutora em Antropologia Social pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISQT), tendo se dedicado às pesquisas sobre conjugalidade, sexualidade e outras múltiplas formas de relacionamento.

Segundo ela, são os maridos dos casais héteros que convencem suas esposas a experimentar o swing – um convencimento que pode levar até alguns anos para serem conseguidos.

Nas trocas de casais, o sexto pode ou não ir às “vias de fato”. Porém, segundo a estudiosa, raramente acontecerá entre dois homens – práticas homossexuais masculinas em casas de swing não são muito bem aceitas.

– A principal regra de etiqueta de uma casa de swing é que tudo é permitido, mas não obrigatório – afirmou a antropóloga.

As regras

Quando o assunto é regras, uma casa de swing no bairro niteroiense do Gragoatá tem, literalmente, seus 10 mandamentos bem às claras. São eles:

1º – Usar sempre preservativos.

2º – O casal que irá praticar o swing deverá estar preparado psicologicamente, pois o momento poderá ser o primeiro ou o último.

3º- Não deve haver sentimento de culpa entre o casal, mas somente aproveitar o momento.

4º- Cabe a cada casal preparar-se antes da iniciação, entender que os mesmos buscam o prazer, a superação no casamento, a realização de fantasias, e nunca um lance de culpa ou traição.

5º- Ambos devem somar ao prazer de terem um relacionamento agradável com um novo parceiro ou parceira.

6º- Durante a fase de conhecimento, o interessante é preservar a amizade, sendo que a afinidade é uma consequência natural da aproximação entre as partes.

7º- No primeiro encontro, procure evitar qualquer tipo de constrangimento ou inibição, o ideal é visitarem um clube de swing, onde a segurança e a tranquilidade são fatores importantes para a iniciação.

8º- A sugestão para o primeiro encontro é sempre em locais discretos ou em uma Casa de swing, jamais na residência dos envolvidos.

9º- Seja educado com o seu parceiro (a) e trate os demais como gostarias de ser tratado.

10º- Se o casal tiver alguma experiência e for se relacionar com um desconhecido (a) pela primeira vez, o cuidado deve ser redobrado. É importante que sejam estabelecidos todos os limites pelas partes envolvidas, visando assim um perfeito relacionamento.

E não é tudo. No quesito regras, o estabelecimento de Niterói expõe sua receita para que os convidados aproveitem ao máximo a “balada”:

  • É expressamente proibida a entrada de menores de 18 anos;
  • Não é permitida a entrada de profissionais do sexo;
  • O traje obrigatório é o esporte fino. Não é permitida a entrada de pessoas trajando bermudas, camisetas regatas nem bonés, sem exceções;
  • É expressamente proibido o porte de armas;
  • Portas fechadas significam privacidade. Quando um dos nossos ambientes estiver com as portas fechadas, significa que as pessoas que estão dentro, não querem ser incomodadas;
  • Respeite para ser respeitado;
  • Aqui o limite do prazer é você quem define.
  • É proibido filmar e fotografar dentro da casa. De preferência guarde o seu aparelho celular na chapelaria.

– Muitas pessoas não frequentam um ambiente liberal porque não sabem como funcionam ou têm uma visão equivocada do que acontece em uma boate-ambiente liberal. A máxima do swing é o respeito e aqueles que não sabem respeitar não podem frequentar nossa boate – afirma a direção do estabelecimento do Gragoata, uma casa que dispõe tanto de ambientes coletivos quanto locais mais reservados.

Nesses locais, podem acontecer desde shows surpresas a noites temáticas. No Gragoatá, a  programação da casa é diferenciada a cada dia, voltada, ora para quem curte somente troca de casal, ora para os que preferem ménage só feminino ou só masculino. Tem também o “dia livre” aberto para todas as preferências da prática.

Nem tão liberal

Outra observação feita pela antropóloga Maria Silvério diz respeito à ideia de que os locais para a prática do swing são “liberais”:

– Esses espaços reproduzem, de certa forma, a estrutura machista, patriarcal e heteronormativa da sociedade. O sexo entre duas mulheres é o principal fetiche dos homens. Já entre dois homens é mal visto pelos frequentadores, de uma maneira geral. Não por acaso, as mulheres solteiras são sempre bem-vindas, já homens solteiros chegam a ter número de frequentadores limitados, dependendo do dia. O  corpo feminino padrão é muito valorizado. Corpos brancos “sarados” são os mais desejados.

Pelo Brasil

Confira a lista das três cidades com mais adeptos do swing em cada estado do país

Acre: Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Acrelândia

Alagoas: Maceió, Arapiraca e Marechal Deodoro

Amapá: Macapá, Santana e Amapá

Amazonas: Manaus, São Paulo de Olivença e Manacapuru

Bahia: Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista

Ceará: Fortaleza, Juazeiro do Norte e Caucaia

Distrito Federal: Brasília, Águas Claras e Valparaíso de Goiás

Espírito Santo: Vitória, Vila Velha e Serra

Goiás: Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis

Maranhão: São Luís, Imperatriz e São José de Ribamar

Mato Grosso: Cuiabá, Rondonópolis e Sinop

Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Dourados e Três Lagoas

Minas Gerais: BH, Uberlândia e Contagem

Pará: Belém, Ananindeua e Parauapebas

Paraíba: João Pessoa, Campina Grande e Patos

Paraná: Curitiba, Londrina e Maringá

Pernambuco: Recife, Jaboatão dos Guararapes e Caruaru

Piauí: Teresina, Parnaíba e Picos

Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Niterói e Nova Iguaçu

Rio Grande do Norte: Natal, Mossoró e Parnamirim

Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Caxias do Sul e Canoas

Rondônia: Porto Velho, Ji-Paraná e Vilhena

Roraima: Boa Vista, Rorainópolis e Caracaraí

Santa Catarina: Florianópolis, Joinville e Blumenau

São Paulo: São Paulo, Campinas e Guarulhos

Sergipe: Aracaju, Itabaiana e Nossa Senhora do Socorro

Tocantins: Palmas, Araguaína e Gurupi

 

 

COMPARTILHE