22 de novembro

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Niterói está entre as cidades com maior número de desaparecidos no estado

Por Redação
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Município teve 267 desaparecimentos em 2023, atrás apenas de Mesquita e Caxias. Estatística pode esconder crimes do trafico e da milícia
Niterói teve 18 furtos por dia nos últimos três meses. Foto: Pixabay
Ano foi marcado por redução de mortes em ações policiais e aumento de desaparecimentos. Foto: arquivo

O estado do Rio teve no ano passado o maior número de registros de desaparecimentos desde 2016: 5.815 — uma média de 16 por dia. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).  A estatística mostra que duas cidades da Baixada Fluminense estão no topo do ranking: Mesquita (483 casos) e Duque de Caxias (390 casos). Niterói  vem em seguida, com 267 registros.

O pesquisador José Cláudio Souza Alves, ouvido pelo jornal O Globo, relaciona este aumento à atuação de milícias e do tráfico,

— É uma prática indiscriminada de criminosos. O que percebemos in loco é que o desaparecimento é usado como uma “pedagogia do terror”. As pessoas podem até saber o que de fato ocorreu, às vezes até o vídeo da execução circula pelas redes sociais, mas a família é impedida de ter acesso ao corpo pelos criminosos — diz o pesquisador.

Para muitos especialistas, porém, a queda acontece porque as famílias de vítimas, ameaçadas, deixam de procurar a polícia em locais dominados pelo crime organizado.
A diferença entre o número de desaparecimentos e o de homicídios foi a maior da série histórica, iniciada em 2003: 2.532 ocorrências a mais de desaparecimentos do que de mortes. Há 20 anos, havia mais pessoas assassinadas que de desaparecidas.
Em nota, a Secretaria de Polícia Civil (Sepol) informou que desde 2014 conta com uma unidade especializada para investigar este tipo de ocorrência. Veja a nota:

“A Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) foi criada para atender a uma demanda social e normativa de tratamento técnico sobre desaparecimento de pessoas, de modo a aprimorar práticas de investigação e prevenção sobre o tema. Neste tempo, foram 14.634 registros de desaparecidos, com 12.978 pessoas localizadas e 233 encontradas falecidas e 1.423 casos em andamento. Outras unidades – como as delegacias de homicídios da Capital, da Baixada Fluminense e de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí – contam com setores específicos para investigar essas ocorrências, assim como as distritais também possuem profissionais capacitados para localizar e esclarecer tais casos.

A Sepol também conta com o Portal de Desaparecidos, um canal de cadastro que permite a consulta de fotografias e informações de pessoas desaparecidas, com base nos registros de ocorrências oficiais. Trata-se de uma ferramenta de divulgação essencial para auxiliar nas investigações de desaparecimento.

De acordo com a DDPA, em sua maioria, os registros de fatos desta natureza não estão atrelados a questões criminosas, mas a fatores como a saúde mental das vítimas e questões familiares. Grande parte das ocorrências confeccionadas na DDPA, relacionadas à capital do estado, são de menores de idade, usuários de drogas, conflitos familiares, falta de aceitação da sexualidade, entre outros”.

 

O ano de 2023 fechou com o menor número de mortes violentas no Estado do Rio em 34 anos. Divulgado ontem pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), o índice de letalidade violenta — composto pelos registros de homicídio doloso, morte em confronto com a polícia, roubo seguido de morte (latrocínio) e lesão corporal seguida de morte — teve uma redução de 5%, na comparação com 2022. A queda, porém, não foi puxada pelos homicídios, que tiveram no ano um aumento de 7,3%. A diminuição na quantidade de vítimas veio da polícia, que matou 35% menos pessoas em 2023 em relação ao ano anterior. Foram 896 mortos num ano marcado por violentas disputas por território envolvendo tráfico e milícia: o índice não era tão baixo desde 2015, época em que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) ainda estavam no auge.

Em 2022, oito dos 12 meses do ano tiveram mais de cem mortes em confronto com a polícia. No ano passado, foram apenas dois meses (janeiro e março) com o índice acima das cem mortes. Os 461 casos a menos no ano passado, na comparação com 2022, alteraram de maneira significativa a proporção das mortes em ações da polícia no total da letalidade violenta: em 2022, três em cada dez mortes violentas eram causadas por policiais; no ano passado, a relação caiu para duas em cada dez.

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