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Niterói entra para o clube exclusivo dos imóveis de alto luxo

Por Redação
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Cidade tem prédios que concorrem com valores de Ipanema, Leblon e Lagoa
Orla de Icaraí com iluminado de LED. Foto: Lucas Benevides
A qualidade de vida é o melhor argumento de vendas em Niterói. Vista da praia de Icaraí.

Nos próximos dias, a Rua Presidente Backer verá surgir mais um lançamento imobiliário em Icaraí: o Residencial Attrium, um prédio padrão AAA, como se diz no mercado imobiliário, um projeto da Soter de R$ 90 milhões. Será  o primeiro grande lançamento de 2023,  consolidando uma tendência que marcou o ano passado, o crescimento do mercado dos superapartamentos de luxo.

Niterói entra definitivamente no mapa de imóveis de alto luxo, com a oferta de apartamentos que competem com os endereços mais caros do país, como Leblon, no Rio, ou Jardins, em São Paulo. A cidade já tem empreendimentos como o The Edge, no terreno do antigo Clube de Regatas, na praia, perto da Itapuca, com metro quadrado em torno de R$ 15 mil e apartamentos de R$ 13 milhões. Não acontece por acaso: segundo levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, de todos os imóveis vendidos em 2022, 30% eram do segmento de alto e médio padrão.

Veja também: Em Niterói, o desafio de vencer a desigualdade — A Seguir Niterói (aseguirniteroi.com.br)

 

Imagem promocional do residencial The Edge. Ilustração: Soter

O mercado de Luxo

Niterói sempre teve empreendimentos de alto padrão, desde a construção de prédios que marcaram época na cidade, como o edifício Aymara,  o Cala de Volpi  e, mais recentemente, o The One, entre outros, todos na praia de Icaraí. O que acontece de diferente agora é que não se trata mais de lançamentos isolados, esporádicos: o mercado de apartamentos de luxo está aquecido e movimenta a indústria imobiliária. Algumas das construtoras mais importantes do mercado que atuam neste segmento disputam compradores na cidade, como a Soter, a Gafisa e a Tegra, entre outras.

Fundada em Niterói há mais de 55 anos, a incorporadora e construtora Soter Engenharia deve injetar, sozinha, cerca de R$ 200 milhões em seus próximos empreendimentos na cidade, somente no 1º semestre desse ano. Em abril, a construtora lança o Residencial Attrium, num terreno de 900m². Serão 49 unidades, sendo 46 apartamentos de quatro quartos, três coberturas (duas duplex e uma linear). Um projeto diferente, com  lazer no rooftop  e mais itens de sustentabilidade e tecnologia.

-É notório que o cenário está aquecido para o mercado de luxo. Os clientes buscam ambientes espaçosos e confortáveis, com recursos modernos e personalizados -, explica o vice-presidente da Soter Julio Kezem, apostando nos projetos da empresa.

No ano passado, a cidade viu o lançamento de projetos de alto padrão, todo vendidos muito rapidamente. O mais emblemático foi o The Edge, também da Soter. São 144 unidades, em duas torres de 14 andares cada uma, com nove coberturas, apartamentos de três ou quatro suítes e metro quadrado em torno de R$ 15 mil. O Valor Geral de Vendas (VGV), que é a soma do valor de mercado dos apartamentos oferecidos, chega a R$ 550 milhões, o maior da história da cidade e um vvalor que rivaliza com grandes empreendimentos de cidades como Rio e São Paulo.

Mas não foi o único.  O Sense Icaraí, projeto da Gafisa, na esquina das ruas Presidente Backer e Tavares de Macedo, teve fila de visitantes no estande de vendas. São 68 apartamentos de quatro suítes, com áreas de 151 e 178 metros quadrados, sala integrada e varanda gourmet. O lazer inclui espaço gourmet para festas, brinquedoteca e pet place, além de um conjunto de piscinas de variados tipos: com correnteza, deque molhado, solarium, cascatas e por aí vai. Além de unidades residenciais, o empreendimento conta com lojas no térreo.

— O Sense foi pensado para quem valoriza relaxar, é um empreendimento com áreas de lazer que faltavam na região — afirmou o diretor de Incorporação da Gafisa, Frederico Kessler, na época do lançamento.

Ilustração do Sense, na esquina mais concorrida de Niterói: Tavares de Macedo com Presidente Backer. Ilustração: Gavisa.
O Lazuli, na praia da Boa Viagem, foi outro empreendimento com perfil semelhante, parceria da Mônaco Incorporações com a União Realizações, com  119 apartamentos, divididos em três blocos,  que variam de 178 a 393 metros quadrados. O ponto alto do empreendimento são as áreas comuns abertas 24 horas por dia, coworking, sauna, piscina. Num informe publicitário divulgado no ano passado, o CEO da Mônaco Incorporações, Jorge Ferrari, comentava que o público de Niterói sabe que “luxo é mais do que fachadas de mármore e decoração requintada. É ter qualidade de vida e comodidade para as atividades do dia a dia.”

Preço de Lagoa, Ipanema e Leblon

A cidade tem algumas características que estimulam o crescimento deste mercado: a população tem uma renda média elevada; a cidade tem infraestrutura, saneamento, hospitais, escolas, telefonia; o IDH é um dos mais altos do país; e ainda tem a vista e o mar. A qualidade de vida, em Niterói, é o melhor argumento de venda. E a população parece ter decidido investir para ter conforto dentro de casa, como sinaliza o crescimento do mercado de decoração, com mais de 30 lojas, surgidas nos últimos anos, no eixo de São Francisco e da Região Oceânica.

De acordo com O índice FipeZap+, que monitora o mercado imobiliário em todo o país, Niterói aparece na frente de algumas capitais, em décimo-quatro lugar no ranking do valor do metro quadrado: R$ 6.796,  na média. Para efeito de comparação, o valor médio chega a R$ 9.701 no Rio e R$ 9.831 em São Paulo.

O que marca a entrada no mercado de luxo, no entanto, são outros parâmetros, como a existência de ofertas e mercados para prédios de altíssimo luxo. Em São Paulo, por exemplo, existem empreendimentos na Cidade Jardim, um polo que oferece acesso a serviços do grupo Fasano, onde o metro quarado chega a R$ 50 mil reais. São apartamentos que podem ter até 1.300 metros quadrados. Difícil igualar estes valores. Mesmo a faixa de luxo opera bem abaixo deles. O preço médio dos bairros mais caros da capital paulista é de: R$ 15.730, no Itaim; R$ 14.783 em Pinheiros; e R$ 13.599 nos Jardins.

No Rio, os valores também se situam nesta mesma faixa. No Leblon, por exemplo, o endereço mais caro da cidade, é de R$ 21.600. Em Ipanema, R$ 19.127. Na Lagoa, 16.454.

Em Niterói, os R$ 15 mil por metro quadro do The Edge fazem a cidade entrar neste clube dos superapartamentos de luxo.

O tamanho do mercado de Niterói

No ano passado, o mercado imobiliário estimava movimentar cerca de R$ 1 bilhão, em Niterói. Os primeiros lançamentos do ano indicam que 2023 pode ser melhor.

De acordo com os dados da Fipe, o mercado nacional de imóveis teve seu pico de negócios no Brasil em 2011. Mas começou a cair em 2013. A crise se aprofundou, em 2016, com o colapso da economia. Nas estatísticas da construção, a data aparece como o marco da estagnação. Mas não seria o fundo do poço, agravadado pela pandemia em 2019. A quarentena, no entanto, parece ter produzido o efeito de fazer as pessoas olharem mais para a casa e trocar outros investimentos pela moradia. A recuperação começou ainda em 2020. O mercado deixou os índices pré-pandemia para trás e já se aproxima do volume de negócios de 2014. Mas ainda distante dos resultados de 2011.

 

 

 

 

 

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