COMPARTILHE
A pergunta está no samba de Noel: “com que roupa eu vou?” E pode ser aplicada aos dias de hoje, diante do calor infernal que assola a cidade e nos obriga a “mudar a conduta e ir para a luta”. Como enfrentar o termômetro na casa dos 40 graus e o sol na cabeça? Já que nem todo mundo vai poder “montar escritório na praia”.
O A Seguir Niterói fez um levantamento, com médicos, gente que trabalha nas ruas e “ratos de praia”, de todos os recursos para sobreviver à temporada de verão que o aquecimento global promete tornar dura e longa. Na lista, tem de tudo: roupa, chapéu ou boné, protetor solar, garrafa d’água, ventilador portátil, lencinho umedecido e até o mapeamento de sombras e locais com refrigeração.
A roupa ficou mais fácil de escolher com a decisão da prefeitura de Niterói de liberar o uso de bermudas para motoristas de ônibus, vans e táxis e nas repartições públicas. Não vale para todo mundo, mas é uma indicação forte para as empresas serem mais flexíveis. Muitas já aderiram à prática, há empresas e escolas que aceitam a roupa de verão, mas não deve se esperar a liberação em toda parte. Difícil imaginar um juiz de toga e bermudão no tribunal.
Além disso, a liberação não é uma licença para exageros, é bom evitar bermudas floridas de surfe, nem todo mundo vai entender que é roupa de trabalho fora da Liga de Surf. Da mesma forma, a liberação da bermuda não significa que sandálias e camisetas também serão aceitas. No geral, a indicação é usar roupas leves.
O chapéu não é muito popular no Brasil, ainda que seja comum em boa parte da América latina. O presidente Lula tem usado por causa da cirurgia que fez na cabeça. Protege mais e é mais fresco que o boné, que deixa a nuca descoberta. Nos lugares abertos e em trânsito é uma boa proteção. Não há que se ter vergonha do recurso, vale tudo para escapar dos raios ultra violeta e dos raios que não são os que partam, mas os que racham. Vale até o Keffiyeh, aquele turbante que os beduínos árabes usam para se proteger do sol no deserto.
Chapéu, boné, sombrinhas não descartam o protetor solar. Os médicos são unânimes na indicação. Você numa estará a salvo do sol.
O arsenal contra o calor é grande, dá para encher a bolsa. A garrafa d’agua é o primeiro artefato necessário para a sobrevivência: água fresca – e sempre renovada – em garrafa que conserve tato quanto possível a temperatura. Para quem gosta de uma abordagem diferenciada, gourmet, existem também produtos nas farmácias para borrifar água em spray, e lenços umedecidos, que começam a aumentar o preço do verão. Como no Brasil o comércio informal é sempre atento às oportunidades, há opções mais baratas. Os camelôs oferecem leques e ventiladores portáteis.
Mas nem toda a tecnologia dos tecidos UV pode fazer frente à vivência do brasileiro na adversidade. Uma dica recorrente nas consultas feitas pelo A Seguir aos especialistas em sobrevivência no forno do verão a mais recorrente é: conheça os seus percursos, identifique pontos de sombra e bancos e lojas que oferecem ambientes refrigerados.
É comum ver pela cidade a fila que se forma, por exemplo, ao longo da sombra de um poste, com duas, três, quatros pessoas alinhadas de acordo com a posição do sol – e da sombra. Também tem sido recorrente ver a entrada de lojas cheias, não de clientes, nesta época de poucas vendas, mas dos moradores que buscam o ar refrigerado. Nos bancos, nem os serviços online e aplicativos conseguem diminuir o público nas agências. Se tiver um ponto de táxi por perto, então…
Neste tempos tecnológicos, seria bom um “GPS da sombra”, um aplicativo que indicasse os abrigos mais perto de você. Talvez não tenha surgido pelo risco de ser tão perigoso quanto o Waze, que pode te mandar para regiões conflagradas pelo tráfico e pela milícia. Imagine o perigo de disputar uma sombra num ponto de ônibus destes sem cobertura ao meio dia?
COMPARTILHE