23 de novembro

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Negada por Bolsonaro, fome atinge 2,8 milhões de pessoas no Rio de Janeiro

Por Gabriel Mansur
| aseguirniteroi@gmail.com

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Cerca de 10 milhões de cariocas que vivem com insegurança alimentar; Niterói tem 13% da população na fila do Auxílio Brasil
Fome atinge 2,8 milhões de pessoas no Rio. Foto: Pixabay
Fome atinge 2,8 milhões de pessoas no Rio. Foto: Pixabay

Ainda que seja desacreditada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que, sem qualquer embasamento científico, afirmou que “não se vê pessoas pelo Brasil pedindo pão na padaria”, a fome existe, sim, no Brasil. Não só existe, como aumentou durante o governo atual, principalmente após a pandemia da Covid-19.

Um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), divulgado nesta quarta-feira (14), aponta que surgiram 14 milhões de novos famintos de um ano para cá. No total, ainda segundo o levantamento, são 33 milhões de pessoas sem comer regularmente no país.

Leia mais: Niterói tem 13% da população na fila do Auxílio Brasil

Este mesmo indicativo mostra que 57,2% da população do Rio de Janeiro, isto é, cerca de 10 milhões de pessoas, vivem uma rotina de insegurança alimentar, seja ela leve, moderada ou grave.

Desse grupo, 2,8 milhões de cariocas estão na categoria grave; ou seja, passam fome. Na região Sudeste, o estado fica atrás apenas de São Paulo, com 6,8 milhões de pessoas na mesma situação. Esta classe não come por falta de dinheiro para comprar alimento, ou faz apenas uma refeição ao dia, ou fica o dia inteiro sem comer.

Considerando toda a população em insegurança alimentar (leve, moderada ou grave), São Paulo também lidera, com 26 milhões, seguido por Minas Gerais, com 11,2 milhões.

Desde já, a maior proporção de famílias em insegurança alimentar grave está nas regiões Norte e Nordeste do país. Alagoas, que recebeu R$ 484 milhões do orçamento secreto, por exemplo, é o estado em que essa situação é mais frequente, atingindo 36,7% das famílias pesquisadas.

Renda e endividamento

O número é sobretudo ainda mais alarmante em um recorte de rendimento mensal domiciliar per capita. No cenário em que os membros da família ganham, somados, um valor mensal corresponde a um salário mínimo, há uma insegurança alimentar de grave a moderada de 61% no estado do Rio de Janeiro.

– Nesse contexto trágico, as desigualdades se aprofundaram, e a fome volta ao cenário nacional como um problema social de dimensões nacionais, e não mais restrito a grupos historicamente vulneráveis, em regiões específicas.

Os números vão de encontro com a fila de espera do programa Auxílio Brasil, que chegou a 1.568.728 famílias em julho e mais que dobrou em dois meses: o aumento foi de 105%, ou mais 803.930 famílias, em relação ao número registrado em maio.

O Rio é a cidade que tem mais gente à espera do benefício, conforme divulgado pelo jornal O Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação. Os dados são do mês de julho. O Rio é também o estado com mais famílias à espera de ajuda: 251.304 no total.

O que é insegurança alimentar?

Antes de mais nada, o conceito de insegurança alimentar foi dividido pelo estudo em três níveis:

  • Leve: quando há preocupação ou incerteza se vai conseguir alimentos no futuro;
  • Moderada: quando há uma redução concreta da quantidade de alimentos e o padrão saudável de alimentação é rompido por falta de comida;
  • Grave: quando a família sente fome e não come por falta de dinheiro.

A pesquisa

A princípio, as análises abrangeram 504 domicílios no estado do Rio de Janeiro, com suas áreas urbanas e rurais. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022.

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