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‘Não é o ouro. Eu queria mesmo era a vitória delas sobre elas mesmas’, diz Andrea Grael

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Mãe de Martine comemora o bicampeonato e diz que a maior recompensa é a superação das adversidades
Martine Grael e Kahena Kunze celebram o bicameponato nas Olimpíadas Foto- Reprodução: Instagram Confederação Brasileira de Vela
Martine Grael e Kahena Kunze celebram o bicameponato nas Olimpíadas Foto: Reprodução/ Instagram Confederação Brasileira de Vela

Não se fala em outra coisa a não ser o bicampeonato olímpico conquistado na madrugada desta terça (3) por Martine Grael e Kahena Kunze. A dupla fez história ao ser a primeira a levar o segundo ouro olímpico seguido pela classe 49er FX da vela. A conquista coroa os anos de treinamento e dedicação. Do outro lado do mundo, há 12 horas de fuso, Andrea Grael, mãe de Martine e mulher do também bicampeão olímpico Torben Grael celebra a trajetória da filha, que teve que lidar com algumas adversidades, além do peso do favoritismo. Em depoimento ao A Seguir: Niterói, Andrea fala da dificuldade e das condições adversas ao longo do campeonato e diz que a dupla soube driblar os desafios apresentados com muita competência.

– A competição começou de forma muito difícil e elas tiveram várias adversidades durante todo o percurso. Mas elas souberam dar uma cavalgada por cima. Quando você começa uma competição não muito bem colocada, é difícil conseguir fazer essa retomada em um ambiente tão tenso e com tanta pressão. Elas tiveram uma atuação muito firme. Foi muito bacana acompanhar a trajetória de toda a competição da Martine e da Kahena – destacou.

Andrea ressalta que, após o ciclo das Olimpíadas do Rio 2016, Martine e Kahena tiveram um intervalo sem velejar juntas. Só após a volta ao mundo, Martine retomou a campanha olímpica ao lado de sua dupla. Não foi fácil. Foram horas de dedicação para voltar a forma física depois da temporada longe da vela, para assim, reconquistar o domínio do barco.

– É legal vê-las chegando devagarzinho de outros campeonatos e o desempenho delas, principalmente nesta reta final. Sem contar a adversidade da pandemia da Covid, que fez um bloqueio nos treinamento. Elas ficaram sem poder realizar treinos mais eficazes na Europa, enquanto as adversárias tiveram um pouco mais de facilidade com a questão do local de treino. Mas depois as patrocinadoras conseguiram com que elas fossem e elas foram tirando suco do que conseguiam. E era bem complicado porque marcavam a competição e cinco dias antes demarcavam por causa de bloqueios e medidas de lockdown. Foi bem difícil driblar toda a crise da Covid – explicou.

Andrea classifica o acompanhamento da trajetória da dupla como uma ‘escalada de emoções’, e diz que foi interessante de observar como elas lidaram com cada situação apresentada, cada surpresa ou obstáculo que surgia ao longo do caminho.

– Foi muito tenso. A quebra de planejamento provoca um nervosismo natural. A maneira com que elas chegaram lá e desempenharam, a pequenos passos, o que elas sabem fazer foi muito bacana de assistir. Não é o ouro. O que eu queria mesmo era a vitória delas sobre elas mesmas. Essa para mim é a maior recompensa que tenho como mãe. Foi um orgulho enorme e eu estou muito emocionada! – completou.

Antes da medal race, regata decisiva do pódio olímpico da vela, que possui pontuação dobrada, Andrea falou com o A Seguir: Niterói que preferia não criar expectativas quanto ao bicampeonato da filha. Ela disse que só torcia para que Martine fizesse o que estivesse ao alcance da melhor forma. “Se vier resultado, ótimo! Se não vier, só desejo que fique satisfeita com o desempenho nas condições apresentadas”, resumiu.

Andrea se virou nos 30 para acompanhar a trajetória da filha e da dupla Kahena nas Olimpíadas. Ela teve que driblar não só o horário inconveniente, como também teve de lutar para conseguir assistir a algumas transmissões, que não passavam em TV a cabo. No terceira dia de regatas, ela assistiu à competição por uma transmissão de Zoom, através de uma amiga da Martine, que mora nos Estados Unidos. No total, foram 12 regatas, realizadas em cinco dias de competição, além da medal race.

– Ela filmou a regata que estava sendo transmitida e assistimos pelo Zoom. Montamos um grupo de “amigas da vela”, criado pela técnica da Martine e da Kahena, Martha Rocha, e assistimos todas juntas. Foi bem legal. Os comentários eram divertidos e os toques das pessoas eram bons, precisos – comentou.

Foto: Reprodução Instagram Confederação Brasileira de Vela

Além do bi olímpico conquistado nesta madrugada em Tóquio, Martine e Kahena têm duas pratas nos Mundiais de 2017 e 2019. Ganharam também o treino olímpico de 2020 em Tóquio. Em 2014, Martine foi eleita pela Federação Internacional de Vela a melhor velejadora do mundo.

Ao canal “Sportv”, o bicampeão olímpico Torben Grael, pai de Martine, também ressaltou os desafios que a dupla teve que superar ao longo do campeonato.

– Foi uma Olimpíada que não foi tudo suave, nem tudo correu bem. Elas tiveram aquela primeira regata, na qual tiveram problema e ficaram em 15º. Depois bateram na boia na largada e tiveram uma penalidade. Em outro dia, tomaram uma penalidade na largada de novo. Foi difícil. Mas elas foram remando e conseguiram chegar às últimas regatas na liderança e foi realmente especial. Elas são muito boas com pressão e mostraram mais uma vez isso hoje – destacou.

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