14 de dezembro

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Publicado

Músicos que estavam no palco em Icaraí escaparam do desabamento por “um minuto”

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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DJ Mam, Edison Mattos e Jef Rodriguez presenciaram o palco desabar logo após deixarem o local alertados por integrantes da produção do show
palco icaraí
Da esquerda para direita: Jef Rodriguez, DJ Mam e Edison Mattos, momentos antes de abandonarem o palco. Foto: reprodução

Sábado, 18 de novembro. Por volta das 19h15, o DJ Mam subiu ao palco montado na Praia de Icaraí. Ele fora escalado para fazer o show de abertura para a estrela da noite, Marisa Monte. Naquele momento, a previsão meteorológica emitida pela Defesa Civil de Niterói, na sexta-feira (17) e repetida no sábado, começava a se concretizar: “rajada de vento de intensidade forte a partir do período da tarde e previsão de pancada de chuva acompanhada de raios, à noite”.

Leia mais: Niterói vive fim de semana de caos

Man chegou a ver a cantora, mais cedo, após ela fazer sua passagem de som. Depois, não soube mais dela. Sob vento forte e chuva de raios na Baía de Guanabara, ele seguiu o roteiro. E chamou ao palco Edison Mattos, da Sinfônica Ambulante e, em seguida, o rapper Jef Rodriguez. Juntos, executariam “Mambo da Cantareira”, música que a Sinfônica gravou, há tempos, com o DJ Mam, que fala das agruras de se viver em Niterói:

“Só vendo como é que dói

Só vendo mesmo como é que dói

Trabalhar em Madureira,

viajar na Cantareira

E morar em Niterói”

Edson mal ficou dois minutos no palco:

– Bem na hora da nossa música avisaram pra deixar o palco. Saímos em segundos direto pro calçadão, entre raios e trovões, iniciando a tempestade. Quando já estava em segurança, na rua Otávio Carneiro, a chuva já tinha começado a ficar mais forte e o palco caiu, em pouquíssimo tempo, 1 ou 2 min no máximo – contou Edson para o A Seguir.

O palco desmoronou por volta das 20h. Foto: leitor

DJ Mam viu o desmoronamento do local onde estava há menos de um minuto a cerca de 100 metros de distância.

– Vimos o desmoronamento do palco da calçada, imediatamente após sairmos da estrutura e nos olharmos, ainda atônitos.- relatou para o A Seguir nesta segunta-feira (20), ainda abalado pelo susto.

Segundo ele, foram duas mulheres as responsáveis pela retirada das pessoas da estrutura: a diretora de palco Paty Sena e a própria esposa, Érika Nascimento, que também é sua empresária.

Quem alertou o público e evacuou o local, ele não tem ideia. Naquele momento, ele acredita que cerca de 100 pessoas estavam na frente do palco.

Os artistas deixaram o local às 20h. O palco desmoronou, no máximo, dois minutos depois. Marisa Monte se apresentaria às 21h. Por volta das 20h30, a Prefeitura comunicou o adiamento do show – até porque, não havia mais palco para a cantora se apresentar.

No dia seguinte pela manhã, o palco todo retorcido contrastava com os quiosques bravamente intactos e até os banheiros químicos instalados na calçada, de pé. De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, Marisa Monte fez um breve informe sobre o cancelamento do show no seu perfil do Instagram: “Infelizmente, o show de Niterói que aconteceria hoje teve que ser cancelado. Uma hora e meia antes do show um vento forte afetou a estrutura do palco, mas não havia ninguém na área. Felizmente está todo mundo bem. Obrigada pela preocupação. Se cuidem”. A Seguir entrou em contato com a assessoria da cantora, mas não obteve retorno.

A estrutura desmoronada no domingo pela manhã. Foto: leitor

Músico, compositor, cantor, performer, produtor musical, curador, diretor de arte e DJ, o carioca Marco Aurélio Marinho, mais conhecido como DJ Mam, deu a seguinte entrevista para o A Seguir

Quando começou a chuva de raios e vento forte você cogitou interromper o show?

Eu me senti seguro, pois nunca passei por nada similar, já fiz diversos eventos em praia, em grandes palcos. Imagino que a produção sempre irá avisar se for para emitir algum alerta ou para interromper o show e, até mesmo, para evacuar a área, mas confesso, que nunca imaginei esse cenário. Enfim, senti-me protegido, mas, temi os raios e mentalmente, fiz uma rápida oração, que cantei em minha música “Eu cheguei na Mauá”, uma saudação aos orixás, às forças da natureza e à Xangô. Me senti seguro com a estrutura que percebi desde a minha chegada, no que tange à produção do evento e à logística. Parecia seguro e profissional. Desde cedo, havia carros das forças auxiliares na orla. Também entendo que existam para-raios nos prédios da orla e que, se necessário fosse, as autoridades responsáveis nos protegeriam.

 

O público antes da sua saída do palco. Consegue estimar?

Não consigo estimar o público na Praia toda, mas, próximo ao palco, acredito que umas 100 pessoas e, talvez, umas trezentas espalhadas pela praia, chegando… Felizmente, era cedo ainda, tipo umas 20h e estávamos na metade de meu show. A Marisa (Monte) só subiria no palco às 21h, pelo que anunciaram. Na área de convidados havia umas vinte pessoas.

 

Quem o avisou para sair do palco e para onde você foi?

Ouvi os gritos, gestos e leitura labial da diretora de palco, Paty Sena e da minha manager e esposa, Érika Nascimento, que estava nas coxias do palco durante todo o show. Não lembro exatamente qual a ordem… Foi tudo muito rápido…Saímos do palco e imediatamente fomos para a calçada da orla, quando o palco desabou. Depois atravessamos a rua e ficamos embaixo da marquise de um prédio.

 

Quantas pessoas estavam no palco que saíram junto com você?

No momento, chamei o Edison Mattos, da Sinfônica Ambulante, e retornei para chamar o rapper Jef Rodriguez e o nosso cinegrafista, Daniel Pereira. Depois, vi pelo vídeo que uma pessoa da equipe técnica saiu do outro lado do palco.

 

Você viu o palco desmoronar?

Vimos da calçada, imediatamente após sairmos da estrutura e nos olharmos, ainda atônitos.

 

A que distância do palco você estava quando desmoronou?

Acredito que uns 100 metros.

 

Marisa Monte já tinha chegado?

Não sei. Só a vi saindo do camarim após a passagem de som, antes do meu Soundcheck.

 

Você reparou quem orientou o público a deixar o local?

Se você assistir aos vídeos, perceberá que, no palco, fui chamado para trás, onde era a entrada do mesmo. Daí, o pouco tempo que tive foi para olhar no olho de quem estava no palco e retirá-los. Nunca imaginava que o palco desabasse, portanto, do meu ponto de vista, acreditava que o público estava seguro. No público estavam também nossos familiares e amigos.

 

Achou o palco seguro desde o início ou percebeu algo estranho nele?

Achei o palco seguro desde o início.

 

Como se sentiu ao ver o palco desmoronando?

Possivelmente, entrei em estado de choque. Não entendi bem os fatos até ontem. Já chorei algumas vezes e ainda me emociono e agradeço aos Orixás, a Deus e ao Caboclo Araribóia pelas vidas de todos: público, produção, equipe técnica e artistas.

 

Vídeo mostra o momento que DJ Mam sai correndo com Edison Mattos e volta para retirar Jef Rodriguez do palco.

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