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Faz tempo a maltratada Avenida Amaral Peixoto não via tanta gente, jovens e de todas idades, e tão animados. O I Festival do Choro levou para o lugar um público que não costuma passar por ali nos fins de semana e, por alguns momentos, fez esquecer o abandono desta parte da cidade. O domingo (23), dia de São Jorge, teve ainda a procissão do “santo guerreiro” e produziu este efeito de reavivar o Centro de Niterói, com música e fé.
Movimento na igreja de São Jorge foi intenso durante todo o dia.
Foi um domingo diferente de todos, animado, logo cedo, pela chegada da Orquestra Ambulante, ao palco montado para o encontro da música. A intenção dos organizadores era fazer ali a maior roda de Choro do país, um feito para o livro dos recordes. Mais de 200 chorões e instrumentistas tocaram na Avenida Amaral Peixoto, com a participação especial de Armandinho Macêdo, Ronaldo do Bandolim, Mônica Mac, Paulinha Diniz, Sérgio Chiavazzoli e Bruno Barreto.
O público correspondeu e tomou assento para acompanhar a aula de Choro que inaugurou o evento e depois as apresentações no palco que ocupava boa parte da avenida. Gente cantando, dançando ou apenas curtindo a música e a cidade. Mais tarde, a procissão de São Jorge também passaria pelo Centro, como que para agradecer o dia especial.
O abandono do Centro é visível nos prédios pichados, escritórios e apartamentos fechados, fios expostos e todos os sinais de deterioração. A precariedade daquela que foi a principal avenida e símbolo comercial da cidade sugere perigo com a fiação exposta numa rede de energia provisório que entra pela porta dos prédios sem nenhum duto ou proteção. A realização do festival, embora tenha levado um público diferente para o lugar, não escondia a ocupação dos moradores de rua, em abrigos precários.
A Orquestra Ambulante levou sua alegria para o Centro de Niterói.
Mas, por alguns momentos, o Centro pareceu reviver com o I Festival do Choro e a alegria de quem acompanhou o evento. “Muito bom ter música no Centro, é um espaço importante da cidade e voltar aqui para ver a roda de choro e a Orquestra Ambulante me faz lembrar de um tempo que a Amaral Peixoto era o coração da vida da cidade”, disse Marcela Barbosa, animada com o evento.
Fernando Brandão, músico e presidente da Fundação de Arte de Niterói, comentou sobre a importância desse momento para a cidade: “hoje é muito importante, não só porque ele se estabelece no Dia Nacional do Choro e no aniversário de Pixinguinha, mas também porque é fruto da promoção do encontro de músicos de todo o Brasil. Pra gente, é muito importante enaltecer esse ritmo tão genuíno e que tem uma identificação tão grande com a nossa cidade”.
A grande roda de Choro animou o Centro de Niterói. Foto: Prefeitura/Alle Gomes
Outra moradora que curtiu o evento foi Margarida Santos. Vestida de vermelho, tinha acabado de sair da Igreja de São Jorge, que teve movimento intenso o dia todo, até a procissão, no final da tarde.
O dia de São Jorge repetiu a romaria dos últimos anos, com uma multidão acompanhando as missas, rezadas num palco diante da igreja, enquanto os fiéis faziam fila para entrar na capela e pedir proteção ao santo. Na rua, foram montadas barracas de comida e muita gente vendia imagens e camisas com a imagem de São Jorge.
Um dia especial para o Centro de Niterói.
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