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Morro do Palácio, em Niterói, vai receber exposição de lambe-lambe

Por Redação
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Lambe-lambe é um pôster de tamanho variado, que é colado em espaços públicos; evento será realizado até domingo (22)
Mural criado na primeira edição da Resistência Artística Cuíca. Foto: Divulgação
Mural criado na primeira edição da Resistência Artística Cuíca. Foto: Divulgação

Uma ação social e artística vai ser realizada no Morro do Palácio, no Ingá, zona sul de Niterói. A comunidade vai sediar, entre os dias 15 e 22 de janeiro, a segunda edição da Resistência Artística Cuíca. Trata-se de uma exposição organizada pela plataforma Lambes Brasil, que visa valorizar a técnica de arte urbana do lambe-lambe.

Ao todo, seis artistas das Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste devem criar trabalhos baseados na vivência com a comunidade local. O idealizador da Lambes Brasil e produtor da Cuíca, Alberto Pereira, destacou a importância de trocar experiências com os moradores do morro.

– Conhecer histórias que compõem e enriquecem o bairro e exercitar a troca é construir um pouco de quem você é neste espaço e levar consigo uma cartografia afetiva desse lugar – observou.

A residência artística também vai oferecer aos artistas acompanhamento crítico e técnico, que devem acontecer no alto do Morro do Palácio, nas salas do Centro Cultural Maquinho. O Maquinho, aliás, é o único prédio projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer que está localizado dentro de uma favela.

MAC também será “ocupado”

Além das exposições ocuparem os muros do Palácio, artistas convidados terão a liberdade para descer e ocupar, também, parte do vão do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) com uma colagem em grande escala. A proposta é levar crianças e convidados pela Cuíca para interagir com a criação de obras em lambe-lambe.

– A ideia é também fazer com que o morador periférico saiba que ele não precisa só ocupar o prédio construído dentro do morro. As moradoras e moradores podem e devem ocupar o equipamento cultural principal da cidade de Niterói. O MAC é de todos – completou Milla Serejo, representante da Lambes Brasil.

Artistas

No projeto, a Lambes Brasil priorizou critérios raciais, regionais e de gênero na escolha dos artistas. O sexteto, portanto, será formado pelos seguintes nomes: Gê Viana, do Maranhão; Beatriz Paiva, do Pará; Álex Igbo, da Bahia; Pietra Canle, do Rio de Janeiro; Rodrigo Zaim, de São Paulo; e Diogo Rustoff, de Goiás.

– Essa diversidade representa o que a gente quer para o futuro. A arte deve ser mais democrática. Para isso, ela precisa ser mais plural e descentralizada – concluiu o produtor do projeto, Tacio Russo.

Lambes Brasil

A Lambes Brasil é uma plataforma de fomento e valorização do lambe-lambe no contexto da Arte Pública Brasileira. Focada em fortalecer o cenário aos artistas e produtores, o objetivo é gerar reconhecimento da técnica e prática artística perante o público, entidades culturais, demais artistas e linguagens artísticas.

Desde 2016, a rede produziu eventos na Argentina, Brasil, Egito, Líbano, além de auxiliar iniciativas independentes em Manaus (AM), Goiânia (GO), Macaíba (RN), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

O que é o Lambe-lambe

Décadas antes dos “selfies” e das fotos digitais, bem antes que qualquer lance cotidiano pudesse ser registrado com um celular, a fotografia, mais especificamente o retrato, era algo que carregava certa formalidade. Inicialmente, elas eram feitas em estúdios. Mas, no início do século 20, por volta de 1915, um novo ofício surgiu, o fotógrafo ambulante, ou “lambe-lambe.”

Munidos de uma câmera-laboratório portátil, os fotógrafos de praça clicavam a foto, a revelavam e entregavam as cópias ao clientes. No processo, eles lambiam a placa de vidro para saber qual era o lado da emulsão ou passavam a língua sobre a chapa para fixá-la. O gesto lhes rendeu o apelido de lambe-lambe.

Em suma, o lambe-lambe é um pôster artístico, de tamanho variado, que é colado em espaços públicos. Podem ser pintados individualmente com tinta látex, spray ou guache.

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