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Moradores culpam ‘fake news’ por atraso da imunização em São Gonçalo

Por Amanda Ares
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Município tenta ampliar a cobertura da vacina diante da desinformação; líderes comunitário cobram da Prefeitura ações mais efetivas
Moradores culpam 'fake news' por atraso da imunização em São Gonçalo
Prefeitura de São Gonçalo. Foto: Divulgação

São Gonçalo está próxima de vacinar metade da população com duas doses da vacina contra a Covid, porém o avanço na imunização tem sido lento na cidade. No começo de outubro, 41,5% da população havia completado o esquema vacinal, ou seja, tomado duas doses ou dose única da vacina. Quase um mês depois, até esta quinta-feira (28), a cidade ainda não conseguiu alcançar metade da população com duas doses (49,27%). Ou seja, em outubro, a vacinação na cidade avançou menos de 10%, mesmo tendo vacina no posto.

Questionada sobre possíveis motivos para a demora no ritmo da imunização, a Prefeitura alegou que a vacinação na cidade não está atrasada, e afirmou que seus índices estão acima das médias estadual e nacional. Dados oficiais do Ministério da Saúde, no entanto, mostram que o estado do Rio de Janeiro vacinou com duas doses, até o momento, 50,15% da população; já nacionalmente, 55% dos brasileiros receberam a 2ª dose ou dose única, um pouco mais que o município.

O A Seguir: Niterói perguntou se há alguma campanha anti-vacina de forma não oficial na cidade, que pudesse estar provocando a diminuição na procura, mas a Prefeitura também negou. Mas há quem discorde.

O vereador Romário Régis (PCdoB), que desde o início do mandato cobra do Executivo formas de facilitar o acesso à vacina na cidade, faz elogios e críticas à campanha de imunização de São Gonçalo. Ele afirma que sente falta de ações de comunicação mais próximas dos moradores:

– A Prefeitura deveria investir em comunicação de massas. A internet é uma ferramenta importante, mas atinge as pessoas que já acessam veículos de informação digital. Gostaria de ver carros de som, faixas e ações em bairros para atingir os mais pobres.

Ele também afirma que mesmo o programa de vacinação volante, ao qual faz elogios, já não recebe a mesma atenção há algum tempo:

– A última divulgação de datas tem muitas semanas. Infelizmente, o município não está investindo em busca ativa de pessoas que não se vacinaram e isso seria fundamental para a cidade aumentar a cobertura vacinal.

Maria (nome fictício) atua no Centro Comunitário do Jardim Catarina, bairro mais populoso da cidade. Ela diz que faz falta uma campanha de comunicação consistente, que derrube mentiras que vêm se espalhando sobre a vacina, especialmente entre os moradores mais idosos, muitos deles seus vizinhos:

– Aqui no bairro, a maioria das pessoas que não estão se vacinando é por falta de informação adequada, por falta de um serviço [de comunicação] adequado do governo. Principalmente as pessoas mais idosas, que resistem mais a tomar a vacina. A maioria é de igrejas onde as lideranças religiosas vêm induzindo a não tomar a vacina, falando inverdades.

O CCJC foi parceiro do projeto Jovens Comunicadores de combate à desinformação na Pandemia, idealizado pela Bem TV. Segundo Maria, 30 jovens moradores do Jardim Catarina participaram do curso de capacitação e produziram informações sobre a Covid-19 e as vacinas. O projeto atuou de junho a outubro de 2020, e o conteúdo informativo chegou a centenas de moradores do bairro via aplicativo de mensagens. Maria diz que ações como essa foram importantes para informar, mas que a Prefeitura poderia se empenhar também na comunicação para combater informações falsas sobre a vacina.

Sobre a vacinação volante, ela diz que não soube da passagem do carro no bairro. O Polo Sanitário Jorge Teixeira de Lima, que abrange o Jardim Catarina, oferece a vacina contra a Covid.

A Secretaria de Saúde de São Gonçalo negou que haja “qualquer tipo de resistência na cidade” contrária à aplicação da vacina contra a covid, e que delega aos agentes de saúde do Programa de Saúde da Família a responsabilidade da “conscientização dos moradores” durante as visitas de rotina, não havendo qualquer plano de comunicação pensado para desmentir fake news. Informou também que a vacinação itinerante já foi finalizada.

Romário Régis diz sentir pela população mais pobre de São Gonçalo, que poderia se beneficiar de uma campanha com informações mais responsáveis sobre a vacina, sua importância e segurança:

– Esses sim, os que são impactados pela desigualdade social, precisam receber essas informações. Temos que superar a pandemia e a desinformação.

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