COMPARTILHE
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) instaurou inquérito civil para apurar possíveis irregularidades na desapropriação da Estação Cantareira, no Gragoatá, patrimônio cultural da cidade de Niterói. A investigação foi instaurada nesta terça-feira (28/02). A promotoria questiona a legalidade da compra pela Município e o valor desembolsado, mais de R$ 20 milhões.
O destino do imóvel vem gerando polêmica desde o ano passado, quando a Prefeitura apresentou Projeto de Lei autorizando o aumento do gabarito, para a construção, no local, de prédio de até 11 andares. Depois de vários questionamentos, o governo surpreendeu com a decisão de desapropriar a construção para estabelecer ali um centro cultural. O valor da indenização foi de R$ 20,7 milhões.
A Promotoria questiona toda a operação. A estação fazia parte do patrimônio do Consórcio Barcas SA, liderdo pelo empresário Amaury Andrade. A concessão seria transferida para a CCR Barcas, em 2012. Neste processo, o imóvel da estação foi vendido por R$ 2,080 milhões ao empresário, a apesar da avaliação de R$ 8 milhões registrada no documento. Segundo o Ministério público, esta operação foi considerada nula pela Justiça, o que inviabilizaria a transferência e a indenização ao empresário. A investigação também vai apurar a valorização do terreno, de R$ 2 milhões para 20 milhões.
O Ministério público também questiona a realização do negócio, documentada dois dias depois da morte do empresário. Amaury Andrade morreu no dia 27 de dezembro de 2022.
A promotora Renata Scarpa Fernandes Borges requisitou ao Município de Niterói cópia do procedimento administrativo de desapropriação do imóvel da Estação da Cantareira, solicitando que esclareça a razão da liquidação da despesa do imóvel ter sido realizada já com o credor falecido. Também requereu esclarecimentos sobre quais as providências a serem tomadas pelo município diante da situação, especialmente do constante no processo n° 00008389620048190001.
A denúncia foi feita pelo vereador de Niterói Paulo Eduardo Gomes (Psol).
A Prefeitura não comentou o assunto até o fechamento da reportagem.
COMPARTILHE