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Não é todo dia que as estrelas da seleção brasileira de futebol feminino batem uma bolinha no seu quintal. Os moradores de Niterói, todavia, sentiram esse gostinho por algumas horas. Marta, Cristiane, Debinha e companhia protagonizaram a oitava edição do “Mano a Mano – Donas do Jogo”, projeto que visa fortalecer o empoderamento feminino por meio do esporte.
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O evento, realizado sob os 30º deste domingo de sol, recebeu cerca de 500 pessoas, que ficaram alocadas numa arquibancada improvisada na areia da praia de Icaraí. Antes mesmo da bola rolar, as jogadoras trataram de dar atenção aos fãs. Sorte para Luiza Ambiel, de 24 anos, que conseguiu uma foto e um autógrafo da Marta, uma das jogadoras mais atenciosas.
– Eu cheguei mais cedo de tão ansiosa que eu estava. Quase não dormi pensando nesse momento. Sempre fui muito fã da Marta, não tenho palavras para descrever o que estou sentindo agora. Jogo futebol por causa dela. Nunca mais vou usar essa camisa, vou enquadrá-la amanhã mesmo – emocionou-se.
A rainha, aliás, não jogou porque ainda se recupera de uma lesão no ligamento do joelho. Por outro lado, ela fez questão deixar seu legado. Além de “estrear” como técnica – comandou os três times do torneio – , também interagiu o tempo todo com os torcedores, com direito a muitas selfies e autógrafos. A craque ainda comentou sobre a importância do programa para o fomento da modalidade no país.
– A gente espera que o futebol feminino seja uma constante na nossa sociedade. Esse projeto é importante para dar oportunidade a todos e explorar o melhor que temos no Brasil. Espero que prestigiam outros anos do “Mano a Mano”, com muita alegria e energia, que é o que a gente precisa para o futebol feminino e nossas mulheres, com empoderamento, inclusão, igualdade e respeito – ilustrou.
Maior artilheira do Brasil nos Jogos Olímpicos, a atacante Cristiane não apenas entrou em campo, como também foi a capitã do time “Brabas do Empoderamento”. Na opinião de Cris, que estava acompanhada de seu filho Bento, de um ano e sete meses, o evento também é importante para aproximar fãs de atletas.
– O importante foi a divulgação desse mini-torneio, as pessoas conseguirem acompanhar. Quem nunca pôde nos ver de perto, hoje teve essa chance. Também é importante para o futebol feminino, porque os meninos, desde que nascem, são acostumados a jogar futebol. Já as meninas sofrem com o preconceito, falta de espaço e oportunidade. A gente participando de um torneio como esse, com vários patrocinadores e canal aberto, incentiva as meninas a praticarem o esporte – relatou.
Em campo reduzido, na modalidade golzinho e partidas de sete minutos, o torneio é disputado no sistema pontos corridos, em que os três times jogam entre si. Os dois melhores colocados após esta fase inicial, disputam a grande final.
As equipes são: Feras do Respeito, chefiadas por Debinha; Rainhas da Igualdade, capitaneadas por Alline Calandrini; e Brabas do Empoderamento, lideradas por Cristiane.
Na primeira partida, as Rainhas da Igualdade, de Alline, chegaram a ficar atrás do placar por três gols de diferença, mas venceram as Feras do Respeito por 5 a 4, com o gol da virada no último segundo. No jogo seguinte, as Feras do Respeito deram a volta por cima e venceram as Brabas do Empoderamento, também de virada, por 3 a 2. Na última partida da primeira fase, as Brabas venceram as Rainhas pelo placar mais elástico, 4 a 1.
A grande final colocou passado e futuro da seleção frente a frente. De um lado, a maior artilheira das Olímpiadas, Cristiane. Do outro, a maior artilheira da era Pia Sundhage, Debinha. No tempo normal, as equipes empataram em 5 a 5, isso após o time de Cris abrir 5 a 2. Na disputa por pênaltis, as Feras do Respeito conquistaram o título. Assim, Debinha, craque do North Carolina Courage (EUA), garantiu o bicampeonato.
– É muito importante, não só estar aqui com a torcida, mas também os valores do evento, esses temas que a gente sempre vem trazendo. Que a torcida que está aqui hoje possa levar isso sempre no coração e dando continuidade no que o “Mano a Mano” passa – concluiu.
Sobre o torneio
A primeira edição do Mano a Mano foi realizada em 2013 e contou com a ilustre presença da lenda jamaicana Usain Bolt, que brilhou na praia de Copacabana naquele ano e, também, nos dois anos seguintes. Em 2016 e 2017, o desafio contou com o velocista norte-americano Justin Gatlin.
Em 2018, a competição mudou e foi para as águas da Lagoa Rodrigo de Freitas, com o duelo entre Isaquias Queiroz e o alemão Sebastian Brendel na canoagem. Desde o ano passado, o futebol feminino é a modalidade do Mano a Mano.
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